Domingo, 02 de junho de 2002, 01h20
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Luiza Dantas/CZN
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Márcia Goldschimidt é de uma firmeza indisfarçável. Bastam alguns minutos de conversa para se ter a certeza de que a apresentadora do Hora da Verdade é dona de uma boa oratória. Enquanto comemora um ano na Band no próximo 4 de junho, Márcia vangloria-se por ter resolvido aproximadamente mil casos de pessoas que passaram pelo Hora da Verdade neste período. Entre eles, separação de casais, problemas de saúde e desemprego. Com uma média de 6 pontos no Ibope e picos de mais de 10 pontos, o Hora da Verdade é uma das maiores audiências da Band. A apresentadora, no entanto, refuta a idéia de que consegue ibope de forma sensacionalista. Para ela, seu programa só existe porque o governo não consegue resolver a questão social no país e, com isso, abre uma brecha para a população expor suas mazelas em produções como o Hora da Verdade. "Eu me considero uma defensora pública e me orgulho muito disso", frisa a apresentadora paulistana de 39 anos. Márcia comemora o fato de ter triplicado a audiência do horário de seu programa na Band. Segundo a emissora, a apresentadora teria elevado em 130% o Ibope entre as 16:30 h e 18 h. Mas Márcia garante que é bem mais do que isso. Quando estreou na Band, ela herdou uma audiência que não passava de 2 pontos e hoje consegue, pelo menos, três vezes este número. Independentemente de índices, o certo é que a apresentadora consegue se livrar de eventuais pressões da emissora em relação ao Hora da Verdade, já que é um dos maiores ibopes da casa. "Isso me dá autonomia e liberdade de ação. Não tive problemas com a Band até agora", afirma Márcia. Na verdade, a emissora segurou o passe da apresentadora quando ela recebeu proposta para se transferir para a Record, dizem, pelo triplo do que recebe na Band. "Também acabo de ser sondada pela Rede TV!. Mas, como tenho liberdade na Band, não vou mudar", analisa. Com contrato com a Band até 2004, a apresentadora vai estrear no segundo semestre um programa semanal, provavelmente no final de semana. Márcia garante que a produção vai ter um formato totalmente diferente de tudo que ela fez na tevê até hoje. O novo programa, inclusive, foi um dos motivos que levou a apresentadora a continuar na Band. "Mas é surpresa", faz mistério. Márcia garante que achou ótimo o novo programa só estrear no segundo semestre porque está tendo trabalho de sobra com a produção do "Hora da Verdade". A apresentadora lembra que a sua atividade não se resume em apresentar a produção durante quase duas horas ao vivo em frente às câmaras. Para ela, dar continuidade aos casos nos bastidores é parte desgastante de sua atividade. "Corro nos bastidores para solucionar as pendengas. O programa é como uma empresa", diz. Frente a frente com pessoas que se dizem possuídas pelo demônio, que querem doar os filhos ou tratar de problemas de ninfomania, Márcia garante que apenas um tipo de convidado está receosa de levar ao programa: crianças. Desde que mostrou o drama do garoto Raphael, em 2001, que tinha grave problema dermatológico - sua pele parecia uma escama -, ela vem deixando de receber crianças. Márcia lembra que foi "malhada" pela mídia devido a este caso. "Recebo muitos pedidos de ajuda a crianças, mas fiquei com um pé atrás. O que não entendo é que, quando resolvi o problema de saúde do Raphael, a mídia não tocou no assunto", reclama a apresentadora, que jura que nenhum convidado recebe cachê para ir ao programa. Para se acalmar da adrenalina de apresentar o Hora da Verdade diariamente, Márcia leva pelo menos duas horas. A apresentadora garante que até tenta não se envolver com os problemas dos convidados, mas que é praticamente impossível. Se não bastasse, Márcia lembra que por onde passa escuta da população casos que poderiam ser levados ao programa e que é difícil se ver livre deste tipo de abordagem. "É tipo médico quando vai à festa de criança. Não tem como escapar", compara, com bom-humor, a apresentadora. Andanças televisivas Márcia Goldschmidt se tornou conhecida em junho de 1997. A apresentadora concorreu com mais de 700 candidatas e ganhou a vaga para comandar uma nova produção no SBT, baseada no americano Ricky Lake Show. Batizada de Márcia, a produção exibia casos de desavenças entre pessoas que, na maioria das vezes, saíam no tapa diante das câmaras. A apresentadora ficou dois anos com a atração no ar e chegou a conquistar média de 22 pontos de audiência. Mas a paulistana entrou para a tevê devido ao passado de agenciadora de casamentos, que começou quando ela foi morar na França no início dos anos 80. Em 1990, ela voltou ao Brasil, onde fundou a Happy End, que chegou a promover, como ela mesma diz, mil "aproximações" por ano. Em uma entrevista a Rosana Herman sobre a agência, a repórter notou a desenvoltura de Márcia e aconselhou que ela trabalhasse na tevê. Poucos meses depois, Márcia estreava na Rede Mulher com o programa Happy End. "O passado de agenciadora me ajudou a conhecer o lado afetivo das pessoas", acredita. Ainda em 99, Márcia apresentou o Programa Livre, no SBT, entre setembro e dezembro. Em janeiro de 2000, ao lado de outros quatro apresentadores, dividiu o comando do Fantasia. Em junho daquele ano, se desligou do SBT. Em 2001, Márcia mudou de emissora e foi apresentar o Mulheres, que a TV Gazeta já exibia há 20 anos. Na época, a apresentadora conseguiu média de 5 pontos de audiência com um programa feminino que nada tinha a ver com dramas pessoais. "É a prova de que posso comandar atrações variadas", ressalta. Márcia recorda que chegou a ser sondada duas vezes pela Globo, quando ainda trabalhava no SBT, e que resolveu não aceitar o convite por achar que seu estilo não se encaixaria na emissora. Hoje, ela pensa diferente. "O importante é ter seu próprio estilo", afirma. Instantâneas # Márcia nasceu em 24 de julho de 1962, em São Paulo. Até os 22 anos, ela morou nos bairros do Ipiranga e da Aclimação. # Em 1997, Márcia se desligou da agência Happy End. # Atualmente solteira, Márcia passou por dois casamentos. O primeiro com Cyril Goldschmitd, de quem usa o sobrenome, e o segundo com Didier Magmien. # Assim como foi para a França aos 22 anos, a apresentadora jura que pensa em deixar o país novamente. "Estou muito decepcionada com a situação no país. Dá vontade de ir embora pela segunda vez", confessa. # Antes da estrear no SBT, Márcia passou por um teste inusitado. Quando Serginho Groisman sofreu grave crise renal, o diretor do Programa Livre chamou Márcia para acalmar a platéia e conversar com o público.
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Rodrigo Teixeira TV Press
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