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Silvio Luiz diz estar frustado por não narrar a Copa

Domingo, 02 de junho de 2002, 12h35

(Foto: Luiza Dantas/
Carta Z Notícias)

Se tivesse nascido jogador de futebol, Silvio Luiz seria daqueles que "joga nas onze". Versátil, ele já fez de tudo na tevê: apresentou, dirigiu, comentou... "Já pintei até parede de cenário!", acrescenta, bem-humorado. Mas foi como narrador esportivo e, principalmente, autor de bordões inesquecíveis, como "Pelas barbas do profeta!" e "Pelo amor dos meus filhinhos!", que Silvio Luiz ficou famoso.

  • Saiba tudo sobre a Copa no Especial Mundial 2002

    Atualmente, ele empresta sua verve irônica a dois programas: o Apito Final, que comanda ao lado de Luciano do Valle, e o Dois na Bola, que apresenta na Band Sports. "Pela primeira vez, vou assistir à Copa do Mundo como simples torcedor. Essa exclusividade da Globo é a coisa mais burra que existe!", vocifera.

    Desde que estreou na tevê em 1952, Silvio Luiz já cobriu nove Copas do Mundo: três como repórter e seis como narrador. Este ano, ele não vai poder desempenhar nem uma função nem outra. Afinal, a Globo adquiriu, sozinha, os direitos de transmissão dos jogos da Copa. Silvio viveu situação parecida em 1982, quando a Globo transmitiu a Copa da Espanha com exclusividade. Sem outra alternativa, o então locutor da Rádio Record recomendou aos ouvintes: "Abaixe o volume de sua tevê e acompanhe a Copa pelo rádio". A estratégia deu certo e a emissora triplicou a audiência. "Este não só foi um dos momentos marcantes da minha carreira, como da história da tevê brasileira. Só não faço isso de novo porque a Rádio Bandeirantes já tem o seu narrador", observa.

    O que representa para um locutor de futebol não poder narrar uma Copa do Mundo?
    É uma frustração danada. Para qualquer profissional esportivo, aliás, essa exclusividade é muito frustrante. A Globo quer comer o bolo sozinha. No final das contas, todo mundo sai perdendo. Perde quem trabalha nisso porque não pode exercer a profissão. E perde quem torce pela seleção brasileira, que vai ficar sem ter outra opção de cobertura na tevê.

    Você gosta do estilo de narração do Galvão Bueno?
    O Galvão Bueno é um cara bacana, amigo dos amigos. Toda vez que a gente se encontra é uma festa e, lógico, ele sempre fala muito mais do que eu. Quanto ao estilo, cada um tem o seu...

    Semana passada, a Band tornou a apresentar o Apito Final. O que você achou da idéia?
    O Apito Final foi um dos programas que mais contribuiu para eu ganhar exposição na mídia. Mas achei a decisão da Band errada. No domingo à noite, vamos ser mais um programa de debates esportivos. A sugestão de o programa ser exibido às segundas-feiras, às dez da noite, por exemplo, não foi aceita pela direção artística da Band. Já o Dois na Bola, da Band Sports, não vai tratar apenas de assuntos esportivos. Vamos analisar os jogos, discutir os melhores momentos, mas vamos repercutir também outras notícias... O programa vai ser dividido em 80% de esportes e 20% de assuntos gerais.

    Qual foi o momento mais emocionante que você já viveu numa Copa do Mundo?
    A minha vida é cheia de lances emocionantes. Uma lembrança forte que eu guardo da Copa do Mundo do México, em 1986, foi quando o Brasil perdeu a partida para a França na cobrança dos pênaltis. Outro momento inesquecível foi quando li a planilha com a escalação dos jogadores e não vi o nome do Ronaldinho na final da Copa do Mundo de 1998, nos Estados Unidos. Eles não estava nem no banco. Foram dois momentos frustrantes, mas igualmente emocionantes...

    Às vésperas de mais uma Copa, você acaba de ser homenageado pelo jornalista Wagner William com a publicação da biografia "Olho no Lance". O que ela representa para a sua carreira?
    É sempre muito difícil você ter o seu trabalho reconhecido por quem quer que seja. Foi muito emocionante ver a minha trajetória retratada num livro. O William falou com muita gente. No final das contas, ele teve de jogar umas 50 páginas fora senão o livro ia ficar muito grande e muito caro. Nem lembro mais o tanto de histórias que ele pôs no lixo. Palavras, o vento leva. Já esse livro vai ficar para a vida toda...

    André Bernardo/ TV Press

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