Sábado, 15 de junho de 2002, 00h27
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Luiza Dantas/CZN
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Antônio Fagundes não sabe dizer não a Benedito Ruy Barbosa. Para ele, todo convite do autor de Esperança é sempre irrecusável. Não por acaso, os dois já fizeram Renascer, O Rei do Gado e Terra Nostra. Desta vez, Fagundes até pensou em declinar do convite, mas mudou de idéia quando Benedito sugeriu uma "participação afetiva" de 17 capítulos. "Confesso que ando cansado, mas não podia ficar de fora. Adoro o trabalho do Rui", assume. Na próxima novela das oito, Fagundes interpreta Giuliano, um fazendeiro italiano que não aceita o casamento da filha Maria, personagem de Priscila Fantin, com um reles escultor, o Toni de Reynaldo Gianecchini. Do tipo frio e calculista, Giuliano faz lembrar o Félix Guerreiro de Porto dos Milagres. "Não me preocupo por fazer vilões em novelas consecutivas. Mesmo se fizesse 15 vilões consecutivos, faria 15 vilões diferentes", gaba-se. Melhor do que fazer uma participação de 17 capítulos em Esperança só mesmo gravar as primeiras cenas da novela na Itália. Fagundes passou um mês na pequena Civita de Bagnoregio, a 105 km de Roma. Mesmo longe de casa, ele foi abordado em teatros e restaurantes por fãs ávidos por uma foto ou um autógrafo. Afinal, o ator está no ar na tevê italiana graças à reprise de Terra Nostra pelo canal Mediaset. "Nas ruas, todos me chamavam de Gumercindo. É incrível a força daquele personagem", espanta-se. O pessoal do Casseta & Planeta, Urgente! já começou a insinuar que Esperança e Terra Nostra são a mesma novela. Você acha que a brincadeira procede? Acho que sim. Todas as histórias são sempre muito parecidas. A peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, por exemplo, foi inspirada num caso verídico que aconteceu em Verona, na Itália. O Hamlet, por sua vez, numa outra peça. Enfim, só existem umas 20 ou 30 situações dramáticas que a gente vem desenvolvendo desde os primórdios do teatro. Por que você nunca recusa um convite do Benedito Ruy Barbosa? O que as novelas dele têm de tão especial? O universo do Benedito é muito rico. Eu não diria que as novelas dele são melhores ou piores do que as de ninguém. Cada autor tem seu universo e explora ele da melhor maneira possível. Mas o Benedito tem o hábito de inserir personagens num contexto histórico, político e social muito forte. Por mais tolo que pareça, o personagem acaba se tornando importante. E o público acaba conhecendo um pouco mais de suas raízes, através das sagas que ele narra. Além de entreter, o Benedito gosta de informar também. O que o Giuliano tem a acrescentar numa galeria de mais de 50 personagens? Antes de tudo, o Giuliano é um autêntico fascista. Um homem frio, calculista e dominador, que vai interferir decisivamente no início da trama ao proibir o amor da filha pelo Toni. Escolher personagens é que nem escolher livros. Eu gosto de ler bons livros. Os personagens podem ser bons, maus, feios, galãs, não importa. Se for um bom personagem, eu vou quero fazer. E o que caracteriza um bom personagem? É o conflito que ele tem a desenvolver na história... Qual a lembrança mais forte que você vai guardar desses 30 dias na Itália? Tudo lá na Itália foi maravilhoso. Até mesmo os intervalos foram bons porque aproveitei a folga para beber aqueles vinhos maravilhosos! Trouxe bons vinhos na bagagem, como o Brunello de Montalcino, por exemplo, que eu adoro. Trouxe também algumas "lembrancinhas" que comprei em Orvieto, Todi e Assis. Só não comprei mais coisa porque a Fernanda Montenegro e a Eva Wilma não deixaram. Elas compraram quase tudo... O que você pretende fazer depois das gravações da novela? Confesso a você que ando meio cansado. Cansado não, ando exausto mesmo. Desde Rainha da Sucata, de Sílvio de Abreu, venho emendando uma novela na outra. Isso sem falar nas minhas atividades paralelas. Nesses nove anos, fiz cinco peças e seis filmes. Por isso mesmo, quero descansar, dar mais atenção à minha vida afetiva e, se tudo der certo, estrear uma peça de minha autoria. » Confira o especial de Esperança
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André Bernardo TV Press
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