Sábado, 28 de setembro de 2002, 10h58
Ana Maria Moretzsohn é direta. Adora escrever novelas das seis e quer distância de temas engajados. Apesar de já ter colaborado com Aguinaldo Silva em alguns sucessos como Tieta, Pedra Sobre Pedra e Fera Ferida, não tem vontade de escrever sozinha no horário das oito. As duas últimas produções de Ana foram novelas das seis, Esplendor e Estrela-Guia, e ela parece feliz com a fama de ser especialista no horário. "Conheço o público das seis", gaba-se. Não passa pela sua cabeça escrever para o horário das oito?
Não. Eu me daria melhor em minisséries. O que fiz nas oito com o Aguinaldo era atípico, pois pendia mais para a comédia. Histórias mais sérias e engajadas não sei fazer. É complicado para mim. Gosto mesmo é de novela das seis. Conheço bem o público do horário. Sei do que eles gostam.
E do que é?
É um horário com aposentados em casa, mulheres que não trabalham, avós, crianças, jovens... Um dos melhores elogios que recebi foi de uma senhora de 70 anos que me escreveu dizendo que minha novela era pura e que podia assisti-la com os netos. Há pessoas que se importam com isso. É importante passar bons valores e os personagens terem boas vivências. Neste horário, vilões são vilões. Também é preciso um toque de conto de fada, um certo escapismo. Porque tudo está tão ruim que o espectador pensa: "Deixa eu acreditar que pode existir amor à primeira vista..."
Por que você decidiu incluir Portugal na trama?
Estive em Portugal nas férias e percebi que as novelas portuguesas estavam fazendo sucesso e as brasileiras perdendo espaço. Cheguei à conclusão que botar um português na novela não adiantava nada. Portugal sempre teve público para nossas novelas e pensei em investir nisso. Mas queria envolver realmente Portugal na história. Foi então que pensei no vinho e no português que vem para o Brasil e abre um botequim na Lapa...
A Letícia estava escalada para Coração de Estudante. Você pediu para ela fazer Sabor da Paixão?
Quando disse para Denise que queria a Letícia, ela me lembrou que a atriz já estava escalada para Coração. Mas eu queria ela, porque precisava da gaiatice da Letícia. Minha protagonista não é uma heroína certinha. Então, mandei um e-mail para as pessoas que resolvem escalação na emissora e escrevi: "A Letícia vai entrar para fazer o terceiro papel feminino em Coração, que já tem duas tremendas atrizes, Helena Ranaldi e Adriana Esteves. Estou precisando de uma protagonista". Eles a liberaram na hora. Ela só entraria no capítulo 50 e não prejudicou. Não consegui o Rodrigo Santoro, que pensamos para protagonista. Mas o Luigi se encaixou bem. No entanto, consegui o Floriano Peixoto, que é meu "pé-de-coelho".
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Rodrigo Teixeira / TV Press
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