Confira o especial da novela KubanacanAdriana Esteves não estava escalada para entrar em Kubanacan. Tampouco pensava em fazer novela tão cedo, depois que terminou Coração de Estudante, em meados do ano passado. Mas atendeu prontamente ao chamado de Carlos Lombardi para a próxima novela das sete, que estréia dia 5. Na verdade, a atriz aguardava uma oportunidade para agradecer ao autor, que escreveu para ela a Babalu, de Quatro Por Quatro, em 94, mas não contou com Adriana no elenco. O papel da suburbana espevitada acabou nas mãos de Letícia Spiller, que despontou com o trabalho. Agora a situação é inversa. Lola tinha sido dedicada a Letícia Sabatella, que a recusou. "Às vezes, as boas coisas acontecem de última hora. E fico feliz de, tantos anos depois, poder retribuir à generosidade do Lombardi", derrete-se Adriana.
Em Kubanacan, a atriz interpreta Lola, uma heroína avançada para os padrões de uma mulher dos anos 50. Filha da mandona Dodô, de Nair Bello, a jovem apaixona-se por Enrico, um boa-praça interpretado por Vladimir Brichta. Na trama ambientada numa fictícia ilha tropical do mar do Caribe, a moça acaba revelando-se uma cantora de talento. Daí, passa a se dividir entre o trabalho de dona-de-casa, durante o dia, e as apresentações na noite do Grande Hotel Cassino. "Nunca cantei bem e fiquei preocupada no começo. Mas gravo em estúdio, tenho um preparador musical e uma equipe inteira me ajudando. Desse jeito, até que não estou fazendo feio", admira-se a atriz de 33 anos.
O par romântico com o ator Vladimir Brichta, pelo menos, não é novidade. Em Coração de Estudante, Adriana encarnou a geniosa Amelinha, que vivia às turras com o apaixonado peão Nélio, de Vladimir. Mas, no final, acabou se rendendo aos encantos do rapaz. Desta vez, porém, sua personagem não espera o "happy-end" e se casa logo com Enrico - sem imaginar que ele leva uma vida dupla e trabalha como gigolô na noite kubanaquense. Além disso, Enrico não esqueceu a ex-namorada Marisol, de Danielle Winits, e é cobiçado secretamente por Rubi, a irmã de Lola vivida por Carolina Ferraz. "Acho o máximo sermos irmãs na novela porque eu e a Carolina somos muito parecidas. Temos o mesmo gênio...", revela Adriana - que, a exemplo colega, é conhecida pelo temperamento forte.
Adriana foi lançada como atriz em 89, num concurso do Domingão do Faustão para revelar novos talentos e, no mesmo ano, estreava em Top Model, de Antônio Calmon. Destacou-se em Meu Bem, Meu Mal, em 90, e faturou a primeira protagonista, a Marina da novela Pedra Sobre Pedra, de Aguinaldo Silva, em 92 . Em 93, porém, Adriana enfrentou uma saraivada de críticas por sua performance em Renascer, como a insossa Mariana da novela de Benedito Ruy Barbosa. Então com 23 anos, a atriz quase desistiu da carreira. Tanto que recusou o papel de Babalu em Quatro Por Quatro. Mas deu a volta por cima e retornou na minissérie Decadência, em 95. Daí por diante, fez papéis bem-sucedidos, como a rebelde Lúcia Helena de A Indomada, em 97, a oportunista Sandrinha de Torre de Babel, em 98, e a feminista Catarina de O Cravo e a Rosa, em 2000. "Acho que amadureci e aprendi a conduzir a minha vida", pondera a atriz.
Em 12 anos de carreira, Adriana nunca freqüentou cursos de interpretação. Tampouco costuma fazer laboratório para compor suas personagens. "Mas respeito ao máximo o que o autor escreve", argumenta. No caso de uma novela escrita por Lombardi, a maior dificuldade é o humor ágil, de piadas curtas e frases interrompidas. A atriz até experimentou um pouco do "estilo lombardiano" quando o autor supervisionou o trabalho de Emanuel Jacobina em Coração de Estudante. Mas reconhece que ainda está pegando o jeito. "Em um mês já estarei no pique. Os atores que sempre trabalham com ele tiram isso de letra", acredita a atriz, que desdobra-se entre as gravações da novela, a temporada carioca da peça Only You e as atenções ao filho Pedro, de três anos, fruto da união com o ator Marco Ricca.
