Uma impressionante campanha publicitária culminou nesta segunda-feira com o lançamento do livro de memórias da ex-primeira dama dos Estados Unidos Hillary Clinton, que atraiu uma multidão de ávidos leitores em busca de um autógrafo.Centenas de pessoas formaram uma longa fila desde o começo da manhã e alguns chegaram a passar a noite na rua, nas proximidades da livraria Barnes&Noble, na esquina da rua 48 com a Quinta Avenida, em Nova York, para conseguir um exemplar autografado de Living History, que teve tiragem de um milhão de exemplares.
A sessão de autógrafos, que começou às 10h de Brasília em meio a um rigoros esquema de segurança, atraiu a atenção de muitos nova-iorquinos, mas também de um bom punhado de turistas desorientados que, ao ver a concentração de público, decidiram se juntar à multidão na esperança de levar-se um livro com uma dedicatória da ex-primeira-dama.
No entanto, só 250 felizardos que tinham um bracelete vermelho no punho, que ganharam ao comprar o livro, puderam se aproximar da popular Hillary, entre um enxame de fotógrafos e câmeras de televisão. "Acho que há outras razões, fora as questões pessoais, para comprar o livro. Ela me interessa como mulher e como senadora", declarou à EFE o nova-iorquino Paul, que votou em Hillary Clinton em 2000 e que ficou duas horas na fila, dentro da livraria.
"Quero voltar à Jamaica e mostrar que estive em Nova York e fiz parte desta multidão", explicou John, que apesar da avançada idade agüentava com paciência e bom humor a longa espera.
A campanha de entrevistas e outros atos previstos nos próximos meses, dentro e fora dos Estados Unidos, promete converter o livro em um autêntico "best seller", o que certamente fará com que a editora Simon&++Schuster consider bem investidos os 8 milhões de dólares de adiantamento que pagou à autora.
A exclusiva que tinham reservada para alguns semanários e cadeias de TV ficou ofuscada, na semana passada, no entanto, quando o vazamento de alguns fragmentos do livro colocou nas páginas de toda a imprensa americana os detalhes mais picantes sobre as disputas do casal Clinton.
"Quis torcer seu pescoço", "Por que me mentiu?" ou "A agonia de Hillary", foram algumas das manchetes escolhidos pelos jornais nova-iorquinos para promover, dia 4 de junho, o relato de HiIllary quando soube da boca de seu marido de suas relações com a estagiária Monica Lewinsky.
Conhecer esses e outros fatos durante os oito anos na Casa Branca através do próprio relato de Hillary, é o principal atrativo para alguns nova-iorquinos que hoje aguardavam seu autógrafo.
"Quero ler sua própria história. Com se sentiu mal, conhecer os fatos e também ter a oportunidade de conhecê-la", explicou Suzanne, uma jovem negra, que comentava como deve ser difícil ser uma figura pública como HiIllary e preservar seus dramas pessoais longe do interesse do público.
Os nova-iorquinos estão divididos sobre os motivos que levaram a senadora democrata a escrever o livro e a oferecer em público sua versão de aspectos pessoais que muitos cidadãos prefeririam abordar e resolver na intimidade.
Uma pesquisa recente do Instituto de Opinião Pública do Colégio Universitário Marista estimou que 33 por cento dos nova-iorquinos achavam que a verdadeira motivação era o dinheiro.
Mas 28 por cento disseram acreditar que HiIllary prepara o terreno para um futura candidatura presidencial e 27 por cento consideraram que só tentou contar sua própria versão dos fatos.
Perguntados se desejariam ver no futuro a senadora na luta para voltar à Casa Branca, 58 por cento dos entrevistados em Nova York responderam de forma negativa, enquanto que 35 por cento não se opuserm à idéia.
Conseguirá HiIllary com seu livro de memórias mudar a opinião dos nova-iorquinos e de outros americanos? O tempo dirá.