Desde que iniciou seu trabalho em Mulheres Apaixonadas, Pitty Webo ouviu do autor Manoel Carlos que sua personagem seria uma das vilãs da trama. Apaixonada por Fred, vivido por Pedro Furtado, Marcinha se uniria ao violento Marcos, personagem de Dan Stulbach, contra o romance do recluso rapaz com Raquel, a professora de Educação Física interpretada por Helena Ranaldi.Até agora, no entanto, a atriz só teve oportunidades de mostrar a doçura da personagem, que é boa amiga, excelente filha e estudante dedicada. "Tenho trabalhado com a possibilidade da vilania, mas de um modo sutil, em função da personalidade dela", revela a atriz.
As pequenas doses de maldade que a atriz e o público já descobriram em Marcinha só ficam claras mesmo diante de sua revolta contra Raquel. É por aí, aliás, que Pitty justifica a amizade dela com a "espírito de porco" Paulinha, vivida por Ana Roberta Gualda. "As duas ficam tramando o tempo inteiro. Têm uma certa maldade, mas, na maioria das vezes, é a Paulinha quem coloca as coisas na cabeça dela", avalia a atriz.
Mesmo assim, Pitty acredita que Marcinha vá realmente se revelar maquiavélica na segunda metade da trama. E não teme as dificuldades de transformar uma personagem que até agora conta com a plena simpatia do público em uma obstinada megera, que passa por cima de qualquer um para conseguir o que quer. "Todo mundo que é bonzinho demais gera desconfiança. O público vai acreditar quando ela começar a fazer de tudo para ter o Fred", aposta, animada com a possibilidade de crescimento da personagem.
Aos 22 anos e com uma carreira de mais de dez no teatro, Pitty já tinha sido convidada para alguns testes na tevê. Mas as constantes viagens em turnês pelo Brasil não a deixavam sequer pensar no assunto. Apesar de estar adorando a experiência com as câmaras, a atriz não se arrepende do tempo longe das novelas. Até porque hoje se julga muito mais capaz de realizar um bom trabalho. "As pessoas me elogiam por só ter vindo fazer tevê depois de anos de experiência no teatro", vangloria-se.
De fato, no currículo de Pitty constam dezenas de espetáculos teatrais, entre eles o aclamado Confissões de Adolescente, de Maria Mariana. Além disso, ela atuou como produtora de Os Melhores Anos de Nossas Vidas, de Domingos de Oliveira, e ganhou um prêmio Maria Clara Machado de melhor atriz, pela protagonista de As Aventuras de Tom Sawyer, de 2001.
Mesmo com tanta experiência, a ida para a tevê foi uma verdadeira estréia para Pitty. Ela confessa que, no começo, tinha uma pequena dificuldade para conter os gestos, sempre muito expansivos nos palcos. "Sempre trabalhei muito com expressão corporal. Mas agora já entrei na brincadeira. Está até gostoso fazer menor", reconhece.
As outras diferenças a atriz tirou de letra. Entre elas, o assédio do público nas ruas e as gravações sem hora para terminar. "Trabalho manhã, tarde e noite, mas não sinto o cansaço, porque estou muito feliz", assegura.
Batizada Silvana, a atriz sempre foi Pitty para familiares e amigos. Tanto que nem se lembra o porquê do apelido, que acabou adotando como nome artístico, ao lado do sobrenome do avô materno, Webo. "E escrevo o Pitty sempre com uma estrelinha no pingo do i, para dar sorte", destaca.
Quem vê tanto detalhismo e dedicação à carreira artística não imagina que tudo tenha começado por acaso. Foi para tentar vencer a timidez que Pitty começou a freqüentar aulas de teatro. Em pouco tempo, no entanto, tomou gosto pela coisa e passou a emendar um curso no outro, sempre com o apoio dos pais, mas por iniciativa própria.
Hoje, a profissão é um de seus maiores orgulhos, mas a timidez melhorou pouca coisa. Não à toa, a atriz aponta esta como uma das principais diferenças entre ela e Marcinha. "Jamais seria capaz de insistir tanto com um rapaz como ela faz com o Pedro", reconhece, com seu habitual jeito de moleca.
