Apesar do arrepiante frio do inverno, a temperatura promete subir às alturas a partir desta quarta-feira no prédio da Bienal, em São Paulo, com a "invasão" de cerca de 10.000 pessoas ansiosas por conferir, até a próxima terça-feira (3), as coleções de verão de 28 designers e grifes nacionais, ver tops famosas, fazer negócios e, obviamente, badalar, que ninguém é de ferro. Esta 11a. temporada do São Paulo Fashion Week (ex-Morumbi Fashion) cristaliza o quinto ano consecutivo da definição de um calendário próprio para as principais grifes nacionais, que mostram suas coleções duas vezes ao ano, uma no inverno, outra no verão.
``A engrenagem foi montada e começa a dar os primeiros resultados'', disse recentemente à Reuters o produtor Paulo Borges, idealizador de um evento que hoje ocupa 18.000 metros quadrados de área, emprega 2.700 pessoas e custa nada menos que 4,5 milhões de reais.
Os resultados dessa ação ficaram aparentes com a força que o assunto ganhou na mídia e no crescente interesse dos olheiros e compradores internacionais sobre as criações dos estilistas brasileiros. Aos poucos, eles passaram a vender, ainda que timidamente, suas peças em algumas lojas de departamentos diferenciadas da Europa e dos Estados Unidos.
Outros, como a Forum, miraram mais longe, e abriram ou pretendem abrir suas próprias lojas no mercado norte-americano em breve aproveitando o bom momento da moda nacional.
Mas não é só isso. Os tradicionais fabricantes de jeans, como Zoomp e M.Officer, conseguiram imprimir sua marca nas peças de estilo em cima da passarela e, ao mesmo tempo, passaram a exportar calças que, juntamente com os biquínis, são consideradas as de melhor modelagem do planeta.
Na outra ponta da engrenagem, a indústria têxtil se modernizou e conseguiu se tornar mais competitiva. Faturou nada menos que 22 bilhões no ano passado e pretende investir outros 12 bilhões nos próximos oito anos. Para 2004, o Fashion Week tem a pretensão de passar a apresentar nada menos que 55 desfiles a cada temporada.
GISELE, TOPS e JOGO DE CENA
Neste evento, que começa por primeira vez com os desfiles de moda masculina, todos os fatores apontam para um frisson iminente: a top Gisele Bundchen confirmou que vem desfilar para a Cia. Marítima.
Todas as outras tops brasileiras que importam, como Anna Rickman, Mariana Weickert, Caroline Ribeiro, Talytha, Shirley Mallmann, Ana Claudia Michels, Fernanda Tavares e Raica, também estarão por lá.
Entre os estilistas, há novidades na moda masculina e feminina, com a inclusão dos quase desconhecidos Mário Queiroz e André Lima, respectivamente.
Na moda jovem, sai a Zapping e entra a Cavalera, de Igor Cavalera, do grupo Sepultura, e do deputado do PSDB Alberto Hiar, conhecido como Turco Loco. Quem assina a coleção, inspirada no universo infantil dos parques de diversão, é a jovem designer Thaís Losso.
Outro destaque nessa linha é Marcelo Sommer, que desta vez voltou às origens dispensando modelos e chamando seus amigos moderninhos para mostrar uma coleção inspirada no house music e no estilo barroco.
Fora isso, há o sempre aguardado desfile de Alexandre Herchcovitch, reconhecido aqui e no exterior como o legítimo representante da criação brasileira, além do estilo bastante pessoal contemporâneo da G, de Glória Coelho, a imaginação de Reinaldo Lourenço, o humor de Ronaldo Fraga e a ousadia colorida de Fause Haten.
Também há o exercício teatral de Lino Villaventura, o jeito sempre sexy da Forum e as viagens performáticas de Carlos Miele da M.Officer -- que pulou da Bahia de Carlinhos Brown para a música dos índios captada por Marlui Miranda. Para fechar a maratona de desfiles, aparecem as badaladíssimas coleções de moda praia da Rosa Chá, Cia. Marítima, Blue Man e Rygy, que devem povoar a maior parte dos corpinhos endinheirados da costa brasileira no próximo verão.