Recolher cerca de 30 sacos de lixo por dia faz parte da rotina de Alina Aparecida Raimundo, 40, que integra a equipe de aproximadamente 60 pessoas que garantem a limpeza do prédio da Bienal, no parque do Ibirapuera, durante o São Paulo Fashion Week.

Toda essa trabalheira e um insosso uniforme preto não impedem, porém, que Alina dê seu toque pessoal ao look que exibe todos os dias.

Na sexta-feira, ela usava um batom de cor vinho nos lábios, um par de brincos estilo hippie e uma faixa preta na cabeça - que, aliás, é hit entre os convidados da semana de moda.

"Passo batom toda hora", disse ela, que adora brincos e já fez vários furos na orelha. "Hoje só tenho dois furos", os outros fecharam. Esses brincos eu comprei numa loja de conveniência lá perto de casa, em Interlagos. Eles custaram três reais".

Alina prefere trabalhar com o uniforme que a empresa lhe dá em vez de usar suas próprias roupas. Assim, ela adotou numa boa a camisa preta com detalhe de algodão rendado na gola. Ela tem duas delas e, nestes dias de frio, veste também uma camiseta de manga comprida por baixo, para esquentar o corpo.

"Eu acho o uniforme melhor. Fica mais organizado e é mais limpo", diz.

Ela e sua amiga da turma da limpeza, Valquíria Santos, 25, trabalham no turno das 7h às 17h. Mesmo com quase todos os desfiles da semana de moda agendados para o período da tarde ou noite, elas conseguem dar uma espiadinha nas coleções acompanhando os desfiles por um dos telões instalados no prédio.

Se elas gostam das produções? Bem, essa é outra história...

"As roupas são meio esquisitas, né?", opina Valquíria. "E algumas modelos são tão magrinhas que é um pecado".

"É que as bichinhas passam fome. Elas ficam sem comer para desfilar", explica a amiga Alina.

"Eu, hein? Prefiro é ganhar meu dinheiro de barriga cheia", ponderou Valquíria.

Reuters

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