Ronaldo Fraga diz que é hora de repensar a moda
Segunda, 28 de janeiro de 2002, 16h37
O estilista mineiro Ronaldo Fraga acredita que o mundo ficou, sim, dividido entre antes e depois dos ataques de 11 de setembro aos Estados Unidos. Por isso, ele acha que a moda será colocada em xeque. "Agora é hora de dar sentido às coisas, de se perguntar por que eu preciso desta ou daquela roupa....Acredito que as propostas serão inúmeras e que existe um momento para se repensar moda", disse Fraga em entrevista. "Caíram as torres, mas o mundo já vinha mudando. Muitas coleções já estavam sendo produzidas (no Brasil) e acho que cada estilista vai interpretar os acontecimentos a seu modo", afirmou. Apesar do choque gerado pela tragédia nos EUA, ele aposta que a crise do luxo, da qual tem se falado em mercados internacionais de moda, seja uma consequência da crise econômica global. "O luxo faz sentido. A moda do pós-(Segunda) Guerra foi das mais luxuosas, porque dava às pessoas a ilusão de estar devolvendo a elas tudo aquilo que a humanidade parecia ter perdido", contou o estilista, acrescentando que a próxima temporada deverá ser, acima de tudo, elegante. O desfile de Fraga no São Paulo Fashion Week acontecerá na sexta-feira, último dia da semana de moda paulistana, mas ele preferiu manter em segredo a coleção outono-inverno que apresentará. Originalidade é Tudo Ronaldo Fraga diz ainda que, para continuar crescendo, a moda brasileira precisa se popularizar, apostar no design genuíno e abrir espaço para novos estilistas se desenvolverem. "Temos grandes estilistas que durante muito tempo tudo o que fizeram foi copiar o que se fazia lá fora... Acho que é hora de se criar individualidade num mundo onde o genuíno sempre foi a cópia." Fraga deverá inaugurar sua primeira loja em São Paulo em março e diz que, antes de exportar suas criações, quer se estabelecer no Brasil. "Como posso pensar em desfilar na Islândia, se ainda preciso criar a estrutura da minha marca", indagou, afirmando que recebe vários convites para se apresentar no exterior, mas não se deixa "angustiar" por isso. "Tem de ser um caminho natural".
Reuters
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