Mario Queiroz faz coleção para jovens em trânsito
Segunda, 28 de janeiro de 2002, 17h39
Cabelos longos e desgrenhados, roupa com cara de usada e tons sóbrios como marrom, cinza e preto trouxeram um espírito mochileiro-universitário para o desfile do carioca Mario Queiroz, que abriu a maratona de moda na São Paulo Fashion Week nesta segunda-feira. Garotos com cara de intelectuais rebeldes "prontos para o próximo protesto antiglobalização" usaram jaquetas e calças de couro em tons marrom manchadas por lavagens que lhe conferiam um ar moderninho. O estilista também conseguiu aplicar um "efeito de ácido" sobre tradicionais calças de príncipe de Gales e abusou de blusas de moleton na cor cinza, que ganhavam detalhes como a aplicação de estampas de palavras manuscritas. O corte das calças masculinas continua reto, ajustado ao corpo e sem pregas, mas, na proposta de Queiroz, o volume das blusas e malha subiu um pouco, parando na altura da cintura. As jaquetas de veludo também apareceram mais encolhidas e encorpadas, entre as quais uma de couro marrom bem acinturada com ombreiras e gola elevada que resultou num esquisito look anos 80 bem à la Montana. Bolsas, mochilas e sacolas de viagem em couro marrom acompanhavam alguns looks, dando a idéia de transitoriedade que ele quis conferir à coleção. O tom informal também ficou marcado pelos costumes, no qual o blazer desestruturado geralmente tinha tecido de padrão diferente ao das calças e textura molenga. Nos pés, apareceram minicoturnos e sapatos de couro lavado com bico quadrado, porém arredondado nas pontas em marrom e preto. O amarelo, o vermelho e o mostarda apareceram nas malhas e em algumas peças para pontuar uma coleção bastante sóbria. Os tricôs tinham cara retrô e ajudavam a compor o look estudante "não estou nem aí", com golas mal arrumadas e jeito largado. De fácil compreensão, a moda de Mario Queiroz não apresenta grandes vôos criativos, mas é altamente vendável, usável e atual para homens jovens que gostam se estar atualizados na moda, mas com discrição e informalidade.
Reuters
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