171: GTA brasileiro completa 6 anos em produção
Com equipe reduzida, game se propõe a trazer uma experiência genuinamente brasileira aos gênero de mundo aberto
Um jogo de mundo aberto a-la GTA que se passa nas quebradas do Brasil. Com direito a carros populares, personagens falando gírias em português, casas tipicamente brasileiras, feiras de rua. Parece fanfic, mas é justamente o que o jogo 171 se propõe a fazer.
A ideia teve origem em 2010, e em passos lentos o desenvolvimento do game vai tomando forma. Atualmente em versão pré-alpha, o projeto independente é tocado por uma equipe de apenas 7 integrantes e alguns freelas esporádicos. O projeto é ambicioso: Além do mundo aberto com gráficos elaborados de alta qualidade, o game se propõe a ter um modo história e até mesmo interiores exploráveis.
Como a equipe é bastante reduzida, o desenvolvimento de 171 sofreu diversos percalços ao longo do caminho. “A ideia do jogo realmente existe há um certo tempo, porém ao contrário do que muitos pensam, foi em 2015 que o projeto começou praticamente. Decidimos reiniciar completamente o trabalho em um novo motor gráfico.” Conta a equipe Betagames Group, responsável pelo projeto. Em entrevista ao GameON, os desenvolvedores relatam as dificuldades e expectativas para 171, que atualmente encontra-se em pré-alpha. Confira o papo abaixo:
A idéia do game é ser um GTA brasileiro, ou há elementos exclusivos que destacam 171?
Nossa proposta com o jogo é criar uma nova IP. Pode parecer curioso, mas uma das poucas vantagens em ser uma equipe Indie é ter uma maior liberdade em tentar novas ideias com uma barreira de validação baixa se comparado a estúdios, já que o público de estúdios indies como o nosso costuma acompanhar o trajeto dos games sendo desenvolvidos. Isso acaba sendo o maior termômetro para validações de novas ideias antes mesmos delas atingirem um estágio avançado. Com base nesse termômetro, nosso maior diferencial está nos interiores, que poderão ser explorados pelo jogador. Tal recurso não é muito utilizado pela indústria, pois o foco deles geralmente está mais na parte exterior onde podem criar mapas enormes que podem ser construídos rapidamente. Vemos com olhos diferentes interiores exploráveis e estamos tentando aplicar algumas ideias para torná-los parte do jogo de fato ao invés de criar apenas mais um ambiente explorável. Não almejamos um mapa gigantesco e sempre fomos claros quanto a isso, nossa ideia é criar um mapa pequeno e denso.
Como está o andamento do jogo? Ele está em desenvolvimento há muito tempo, mas ainda não chegou à versão beta. Há alguma previsão de lançamento?
O desenvolvimento do jogo está decorrendo como o previsto. É claro que, como em qualquer projeto, há imprevistos ou reanálises que constatam que aplicar mais tempo em certas áreas pode ser o melhor a se fazer para o jogo. Adquirimos experiência ao longo do tempo para lidar com eventuais situações e manter o desenvolvimento do jogo direcionado e firme. A ideia do jogo realmente existe há um certo tempo, porém ao contrário do que muitos pensam, foi em 2015 que o projeto começou praticamente. Decidimos reiniciar completamente o trabalho em um novo motor gráfico(Unreal Engine 4), onde nossa equipe precisou de um tempo para aprender a trabalhar com as ferramentas. Em 2019, através de nossa campanha bem-sucedida de arrecadação, onseguimos recursos que nos proporcionaram capacidade para agilizar o desenvolvimento de forma mais objetiva no projeto, e também a aquisição de ferramentas importantes para desenvolver o game com qualidade. Desde então, temos alcançado progressos significativos que podem ser observados em nossas redes sociais, assim como o lançamento da versão Pré-Alpha em 2020 e a publicação da Alpha que acontecerá dentro de pouco tempo.
Além da campanha no Catarse, quais outras formas de financiamento vocês conseguiram para o game?
Além da campanha de financiamento coletivo do Catarse, tivemos também o Patreon, mas infelizmente não conseguimos recursos suficientes através dele para tracionar o projeto. Entretanto, ele foi muito importante para identificarmos pontos que poderíamos melhorar para tentar novamente, já que recursos em qualquer desenvolvimento com muita demanda é algo essencial. Com isso, ao tentarmos iniciar com o Catarse, obtivemos êxito. Até agora, fizemos duas campanhas. A primeira, finalizada no começo de 2019, onde conseguimos arrecadar uma quantia total de R$68.839, onde R$34.212 foram destinados para o desenvolvimento da versão Pré-Alpha do jogo, e os outros R$34.627 foram destinados para taxas da plataforma, confecção das recompensas, licenciamentos e nossa presença na BGS de 2019. E a segunda, finalizada em maio de 2020, onde arrecadamos uma quantia de R$195.208, onde R$146.406 estão sendo destinados para dar continuidade ao desenvolvimento do jogo, incluindo a versão Alpha que estaremos publicando como acesso antecipado dentro das próximas semanas, além dos R$48.802 restantes que foram destinados para taxas de plataforma e confecção das recompensas.
O jogo terá um modo de história?
Sim! Apesar de não falarmos muito sobre a história do 171, o jogo terá uma campanha. Por enquanto, temos uma trama base para a história do jogo e ideias de como podemos evoluir. Nossa estratégia é primeiro desenvolver toda a parte técnica do jogo, incluindo todas as mecânicas de gameplay e cenário para depois construir a trama do jogo em cima do que criamos, assim podemos criar uma campanha que esteja 100% conectada com o jogo, podendo utilizar de todas as mecânicas e elementos do mapa presentes, criando uma história mais imersiva e divertida para o jogador.
Quantas pessoas trabalham na equipe?
Atualmente somos 7 integrantes, sendo 4 deles envolvidos com a parte 3D do jogo, quando há necessidade contratamos alguns trabalhos terceirizados (freelancers) também para suprir a demanda.
Quais as dificuldades de se desenvolver um game independente no Brasil?
Acreditamos que dificuldades existem em qualquer país. É claro que no Brasil há algumas barreiras consideráveis, como altas taxas para empresas que estão iniciando, mas desconsiderando essa parte no nosso caso acreditamos que a maior dificuldade é aliar e equilibrar três pontos que são chaves em qualquer projeto: qualidade, tempo e recursos, ou seja, conseguir entregar um jogo com uma qualidade acima do esperado, com poucos recursos em um bom tempo. Tendo em vista a complexidade para se desenvolver um jogo de mundo aberto com uma infinidade de elementos igual o 171, acreditamos que estamos tendo ótimos retornos.
Para acompanhar as novidades sobre o desenvolvimento do game 171, fique ligado no site oficial do projeto. Por enquanto, a versão Alpha ainda não foi lançada.