Alone in the Dark: Relembre o clássico de 1992 que inspirou o remake
Jogo virou referência no gênero de terror de sobrevivência; confira algumas curiosidades
Alone in the Dark, série que se destacou na década de 1990 como como precursora do horror de sobrevivência, finalmente ganhará um novo jogo em 20 de março. O título é desenvolvido pela Pieces Interactive e publicado pela THQ Nordic.
O jogo é na verdade um remake do Alone in the Dark original de 1992, que foi lançado para PC pelo estúdio francês Infogrames, que no começo dos anos 2000, após algumas reviravoltas que inclui aquisições e vendas de marcas, passou a se chamar Atari, a qual ainda está na ativa.
Após alguns anos de perrengue e dívidas, a Atari vendeu algumas de suas propriedades intelectuais nos anos seguintes, sendo que em 2019 a THQ Nordic comprou os direitos de Alone in the Dark, e agora está lançando o novo game com uma nova abordagem, mas sem esquecer os elementos clássicos do terror de sobrevivência.
E para celebrar esse lançamento, nada melhor do que relembrar algumas curiosidades sobre o desenvolvimento do game original. Confira!
Terror 3D
Alone in the Dark foi projetado por Frédérick Raynal, um programador francês que trabalhava para a Infogrames e já tinha experiência em desenvolver games para sistemas de computador como o ZX81 e Amstrad CPC na década de 1980.
Raynal tinha um grande interesse por animação 3D e também era fã de obras de terror, em especial nos mitos de Cthulhu do escritor H.P. Lovecraft e no trabalho de diretores como Dario Argento e George Romero, conhecidos por seus filmes de terror.
Essas influências serviram de inspiração para Raynal começar a criar em 1991 o projeto do que viria a ser Alone in the Dark. No entanto, antes disso, ele teve que convencer a Infogrames que o seu conceito de jogo de terror renderizado em animação 3D era viável, já que o estúdio não acreditava que poderia ser um sucesso comercial.
A companhia, inicialmente, rejeitou a ideia e colocou Raynal para trabalhar em outros projetos, mas ele estava decidido a seguir em frente, e secretamente começou a desenvolver uma demo para apresentar ao estúdio.
Em setembro de 1991, Raynal e sua pequena equipe apresentaram uma primeira prova de conceito de seu jogo de terror à empresa. Na época, a demo continha apenas algumas áreas e conceitos simples, mas foi o suficiente para convencer os executivos do potencial de sucesso do jogo, que foi então oficialmente aprovado.
Mansão em 1920
Durante a fase de desenvolvimento, o jogo passou por vários títulos provisórios, incluindo: In the Dark, Screams in the Dark, The Old Dark House, The Thing in the House e The Evil Fear. O nome Alone in the Dark acabou sendo escolhido, com a palavra "Alone", ou "Sozinho" em tradução livre, sendo adicionada para "reforçar a natureza trágica" do jogo.
Para ajudar a desenvolver a história do jogo, a Infogrames contratou Hubert Chardot, roteirista que já havia feito alguns trabalhos para o estúdio cinematográfico 20th Century Fox. Segundo relatos, Chardot escreveu o enredo do jogo em apenas três tardes e também escreveu a maior parte dos diálogos do jogo.
Embora o projeto fosse anunciado como um jogo "inspirado no trabalho de H. P. Lovecraft", Raynal admitiu que os trabalhos de Argento e Romero tiveram influências mais fortes e que Lovecraft foi usado simplesmente para proporcionar "ambiente, dar raízes ao mistério e acrescentar algumas criaturas ao bestiário".
Devido às limitações técnicas da época, Raynal sabia que "alguns polígonos" não eram suficientemente assustadores por si só, e por isso inseriu vários textos que pudessem transmitir os detalhes da narrativa sombria.
Já estava decidido que o jogo seria ambientado em uma mansão antiga, e a década de 1920 foi escolhida pela facilidade de projetar ambientes e armas, evitando assim referências modernas que eram mais difíceis de se fazer.
Nascia um clássico
O jogo foi lançado em 1992 com um Raynal insatisfeito com quase todos os aspectos na parte técnica, que apresentava vários bugs e falhas, e ele temia que isso afastasse os jogadores. Além disso, o game designer sofreu outra decepção quando, pouco antes do lançamento, a Infrogrames solicitou que substituísse a linha dos créditos "Jogo criado por Frédérick Raynal" por "Jogo criado por Infogrames". Segundo revelou em entrevistas, essa falta de reconhecimento foi um dos grandes traumas em sua vida.
Apesar de suas várias falhas, Alone in the Dark foi bem recebido pela crítica e público, conquistando elogios por suas inovações e pela atmosfera assustadora única que o jogo proporcionava. Ambientado no ano de 1924, o jogador deve investigar o aparente suicídio de Jeremy Hartwood, um notável artista e proprietário da Mansão Derceto, um local que tem a reputação de ser mal-assombrado por um poder maligno.
O jogador escolhe assumir o papel de Edward Carnby, um detetive particular, ou de Emily Hartwood, sobrinha de Jeremy que também está interessada em investigar a morte suspeita do tio. Após entrar na casa, as portas se fecham trancando os personagens lá dentro, e que agora devem explorar o lugar lutando contra várias criaturas e resolvendo quebra-cabeças.
Durante as investigações e por meio de documentos encontrados, o jogador descobre que a casa foi construída por um pirata ocultista chamado Ezechiel Pregzt e que abaixo dela há cavernas onde eram realizados rituais sombrios. Pregzt foi morto, mas seu espírito sobreviveu em uma velha árvore, que agora assombra o local com horrores sobrenaturais.
Ao finalizar a aventura, o jogador pode se deparar com dois finais: um onde tudo termina bem para os protagonistas, e outro onde nada dá certo e o mal é liberado para o mundo em geral.
E assim nasceu esse clássico, que teve várias sequências e adaptações para diferentes plataformas. O primeiro jogo da série é considerado um marco na história dos videogames, especialmente para o gênero de terror de sobrevivência, estabelecendo muitas características usadas até hoje e servindo de inspiração para outras franquias de sucesso como Resident Evil e Silent Hill.
O novo Alone in the Dark chega para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S em 20 de março de 2024.