Análise: Diablo II Resurrected traz clássico de volta
RPG de ação da Blizzard é tão bom hoje quanto 20 anos atrás
Diablo II Resurrected é mais do que uma remasterização de um sucesso do passado: o game produzido pela Blizzard e pela Vicarious Visions é uma recriação de um jogo que existe na memória dos fãs e que não no mundo real. É difícil olhar para o game e pensar que ele não era exatamente assim 20 anos atrás.
Quando foi lançado originalmente no ano 2000, Diablo II foi um fenômeno, daqueles que marcam a história dos games para sempre, definindo o que se espera de jogos do seu gênero e criando lembranças incríveis na memória de quem jogou naquela época.
De volta ao inferno
Clássico instantâneo, o RPG da Blizzard conta a história do retorno de Diablo, o Senhor do Terror, ao mundo de Santuário, liderando um grande exército de monstros, mortos-vivos e demônios. Vários heróis atendem ao chamado para deter esta ameaça: um bárbaro, um paladino, uma feiticeira, uma amazona e um necromante, seguidos por um druida e uma assassina, introduzidos na expansão Lords of Destruction.
No controle de um destes heróis, o jogador viaja pelas paisagens sombrias de Santuário, atravessando pântanos, florestas, desertos e muitas masmorras para derrotar as hordas infernais. No caminho, ganha experiência e coleta itens cada vez melhores, tornando-se mais forte e capaz de enfrentar inimigos mais perigosos para obter itens melhores, em um ciclo perfeito e viciante.
A versão Resurrected dá mais do que um verniz novo neste clássico, embora rode com o mesmo motor por baixo dos gráficos em alta resolução - ao ponto que, no PC, é possível usar um 'save' de 20 anos atrás e continuar de onde parou no jogo original.
Os gráficos rodam em até 4K, com muitos detalhes incríveis que não eram visíveis ou sequer existiam no jogo original, desde os estilhados dos ossos de esqueletos abatidos pelos golpes do jogador, as moedas voando de um inimigo caído, reflexos em poças d'água, efeitos de iluminação das magias e assim por diante.
É possível comparar o jogo atual com o original durante a partida e ver o quanto o time por trás de Resurrected trabalhou nesta produção. Ao mesmo tempo, é divertido notar como para quem jogou aquele Diablo II no passado tinha exatamente o jogo atual na lembrança.
Qualidade de vida
Embora os produtores tenham mantido muitos elementos originais, como o inventário limitado que exige certo malabarismo do jogador, para preservar a experiência clássica, há uma série de melhorias de qualidade de vida, todas bem vindas. Desde um botão para "auto-organizar" o inventário até os baús compartilhados entre os personagens do jogador e a opção de comparar os atributos dos itens, não faltam pequenos ajustes que modernizam a experiência aqui e ali.
Muito disso se deve ao fato de Diablo II Resurrected estar disponível também para consoles, coisa que não aconteceu no lançamento original. O jogo funciona muito bem com um joystick, o que é impressionante para um título planejado apenas para teclado e mouse. Diferente de Diablo III, não há coop local - o que faz sentido, pela natureza mais intimista do jogo, que envolve muitas pausas para fuçar em menus e inventários.
Se há uma oportunidade perdida em Diablo II Resurrected, na minha opinião, é a ausência de crossplay entre todas as plataformas. É um recurso cada vez mais comum nos melhores jogos multiplayer e que já é esperado pelos jogadores nos dias de hoje. É possível jogar com amigos nos consoles da mesma família (PS4 e PS5, Xbox One e Xbox Series X/S), mas não com amigos no PC ou no Switch.
Ao menos há a opção de progressão cruzada, que funciona muito bem. Caso o jogador tenha uma cópia de Diablo II Resurrected em mais de uma plataforma, seus personagens online estarão disponíveis em todas elas.
Considerações
Diablo II Resurrected é uma obra de arte da Blizzard e da Vicarious Visions, estúdio que entende do riscado na hora de produzir remakes e remasterizações (são os caras por trás dos remasters de Crash Bandicoot e Tony Hawk Pro Skater). O jogo parece capturar a memória que os fãs de longa data tinham do Diablo II original e oferecer ao jogador. O "filtro da nostalgia" raras vezes foi tão bem aplicado.
Para aventureiros de primeira viagem, é um jogo viciante e cheio de segredos, capaz de prender o interesse por centenas de horas - suas mecânicas envelheceram pouco nos últimos 20 anos. E, caso você seja um desses fãs e não se importe em jogar com pessoas em mais plataformas, pode aumentar a nota acima em um ponto.
*A análise foi feita no Xbox Series X, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Blizzard.