Análise: Dying Light 2 é o maior jogo de zumbi do ano
Aventura pós apocalíptica tem história clichê, mas compensa com mundo aberto e exploração
Após uma série de adiamentos, Dying Light 2 Stay Human está pronto e chega nesta semana para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S. O game se passa 20 anos depois do primeiro, que foi bem recebido e conquistou uma comunidade fiel ao longo dos anos, desde seu lançamento em 2015.
O primeiro Dying Light conseguiu concretizar as promessas de Dead Island, investida anterior da Techland no ramo dos jogos de zumbi. A nova aventura promete expandir esse universo com um sistema de escolhas e um mundo que muda de acordo com as decisões do jogador, mas preservando os pilares que tornam a franquia tão especial: o sistema de parkour e o ciclo de dia e noite.
Nas ruínas da civilização
O jogo da produtora é ambientado em um mundo pós-apocalíptico em que um vírus se espalhou e dizimou a nossa civilização. Nessa nova aventura, as pessoas que sobraram são todas infectadas e tomam inibidores para impedir a mutação. Você controla uma delas, o Peregrino Aiden. Ele viaja até a cidade de Villedor, uma antiga metrópole agora dividida entre diferentes tribos. O cenário tem um estilo mais europeu, diferente da Harran do jogo original, que lembrava uma grande cidade africana.
Aiden quer encontrar Mia, sua irmã desaparecida. Conforme ele explica e o jogo mostra em flashbacks frequentes, os dois foram cobaias em um laboratório secreto com ligações com os eventos que provocaram o fim do mundo. A semelhança com Resident Evil e as maquinações da Umbrella não é pequena. A história principal pode não ser das mais originais, mas funciona para manter o jogador nos trilhos, conhecendo os habitantes de Villedor e cumprindo missões para eles. Também traz algumas das melhores sequências de exploração, perseguição e uso das habilidades de parkour do protagonista.
Fora da história principal, você é livre para explorar a cidade como quiser e decidir qual lado vai apoiar na hora de distribuir recursos como energia elétrica, água, comunicações… e isso tem um impacto bem legal e visível no jogo.
Precisa escolher um lado?
De um lado, estão os Sobreviventes,que são pessoas comuns tentando levar a vida nessa nova realidade, catando sucata nas ruínas da cidade, vendendo cristais e comida. São camponeses, artesãos e comerciantes, agrupados em acampamentos e pequenas cidades como o Bazar, que você encontra logo no começo da aventura. Ajudá-los rende melhores meios de locomoção e outras facilidades para explorar a cidade. Eles instalam tirolesas, elevadores e fazem o seu deslocamento mais fácil.
Do outro lado, estão os Pacificadores, que zelam pela segurança e funcionam como uma força policial. Eles são bem mais organizados em uma hierarquia militar. Quando você ajuda os Pacificadores, eles instalam armadilhas e armas nas ruas, melhorando as defesas contra os infectados.
O jogo te dá motivos para gostar de ambos os lados e também para não gostar. Aiden se sente manipulado pelas duas facções em muitos momentos do jogo. Como os dois grupos tem interesses conflitantes e ideologias distintas (mas que poderiam muito bem trabalhar juntos), vai do jogador escolher que lado apoiar em cada momento. Uma coisa boa é que não faltam personagens interessantes para dar cara para essas ideias.
Você pode entender melhor o que cada um pensa ao se relacionar com as pessoas. A chefe de segurança do Bazar pode te convencer dos planos dela para o futuro da cidade e ao mesmo tempo, você vai acabar admirando a coragem e lealdade do comandante dos Pacificadores. Quem apoiar? Você decide.
Essas escolhas acontecem com frequência ao capturar um recurso estratégico como uma caixa d'água ou estação de energia, por exemplo. Decidir qual lado vai controlar esse novo local rende vantagens diferentes. Dá para ficar em cima do muro a história toda, ajudando cada hora um deles e ninguém vai virar a cara para Aiden por isso. Mas as melhores vantagens virão mais rápido se você tomar partido.
Outra facção, os Renegados, estão lá para servirem de inimigo em comum. Eles são bandidos desequilibrados, sádicos violentos e canibais, não adianta conversar muito com essa turma que anda pelas ruas com máscaras de hóquei praticando crimes sinistros.
Exploração e combate
Um dos maiores diferenciais do Dying Light 2 é o seu sistema de parkour. Você corre, pula, rola no chão, pula entre um prédio e outro livremente. É muito legal encontrar atalhos e alcançar áreas que parecem impossíveis conforme aprende novos movimentos e fica mais forte. Há também um parapente, que permite alcançar alturas maiores e explorar a cidade de uma maneira diferente.
Esse sistema também se aplica no combate, que quase sempre é corpo a corpo, usando armas improvisadas sinistras. Aiden precisa de artesãos para adquirir novas armas e melhorias para seus equipamentos, trocando os itens que coleta pelo caminho com esses comerciantes. As lutas com infectados e com bandidos humanos são viscerais, com muito sangue e membros decepados. Elas podem ficar meio repetitivas depois de um tempo, mas os novos golpes aprendidos ao evoluir e o uso de armas de longa distância, como arcos e bestas, equilibram um pouco isso.
A noite é escura e cheia de horrores
Assim como no primeiro Dying Light, há um ciclo de dia e noite, uma das principais características da franquia. Quando está claro, os zumbis mais fortes ficam escondidos e entrar em seus ninhos. Nessas horas, você vai encontrar criaturas mais lentas nas ruas, porém não vai ser nada fácil atravessar o interior dos prédios ou invadir os túneis do metrô. Qualquer barulho pode despertar uma horda de mortos-vivos muito maior do que se você entrasse lá durante a noite, quando as criaturas saem para caçar.
De noite, andar por aí livremente fica mais difícil, mas é o melhor horário para explorar lugares que guardam recursos valiosos. O jogo oferece muitos motivos para sair durante a noite ao invés de simplesmente deitar e dormir até o dia seguinte. Algumas missões só podem ser completadas nesse horário e há um bônus de experiência generoso para quem sobrevive até o amanhecer.
Espere encontrar vários tipos diferentes de zumbis, desde aqueles que ficam vagando lentamente pela rua até outros mais acelerados e violentos, uivadores que chamam a horda para caçar você pelos telhados e uns brucutus poderosos que quebram tudo pelo caminho. Uns dos mais irritantes são os cuspidores, que atiram umas melecas ácidas. Os infectados voláteis estão de volta e há algumas coisas piores que se escondem nas profundezas de Villedor.
Considerações
Dying Light 2 tem uma cidade enorme para explorar e uma história que se não é original, pelo menos é envolvente o bastante para manter você interessado do começo ao fim. Você pode terminar a campanha principal em umas 20 e poucas horas, mas certamente vai levar mais tempo do que isso: não faltam missões secundárias, pedidos de ajuda de pessoas que você encontra pelo caminho, lugares com recursos valiosos que precisam ser tomados e desafios de parkour, além de outros segredos que só os mais corajosos vão conseguir encontrar. Está tudo dublado e legendado em português, o que é sempre bem vindo e ajuda na imersão dos jogadores.
É uma aventura das boas e sim, com todo o suporte que a Techland promete dar depois do lançamento, tem tudo para ser o maior jogo de zumbi deste e dos próximos anos. Dying Light 2 Stay Human está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.
*A análise foi feita no Xbox Series X, com uma cópia do game gentilmente cedida pela Techland.