Análise: Souldiers é metroidvania com bom nível de desafio
Jogo de estreia da Retro Forge traz game com estilo pixelado e marca bom começo do estúdio
Souldiers é o jogo de estreia do estúdio Retro Forge Games e apresenta uma aventura medieval, com toques de cultura nórdica, em um estilo metroidvania clássico. O jogo, que chega na próxima quinta-feira (2), traz uma estética retrô, com gráficos pixelados que lembram jogos noventistas em 16-bit. Souldiers foi comparado com Hollow Knight em parte da divulgação, mas será que é tudo isso mesmo?
A verdade é que, na minha humilde opinião, poucos gêneros permitem um espaço tão bom para desenvolvedores independentes quanto o metroidvania. Isso porque, trabalhar em um ambiente 2D pode facilitar o desenvolvimento, além de permitir, em tese, uma progressão mais executável e pé no chão, uma vez que metroidvanias, por definição, trabalham com uma evolução natural de habilidades.
Não é Hollow Knight... E tá tudo bem!
Parafraseando a juventude do Twitter: Souldiers não é Hollow Knight e tá tudo bem! Na opinião do que vos fala, o jogo do Team Cherry é o melhor metroidvania dos últimos anos e um dos melhores de todos os tempos. Logo, Souldiers não ser tão bom quanto Hollow Knight, não é demérito algum. Contudo, a expectativa, neste caso vendida pelo estúdio, me fez demorar a entrar no jogo.
Entretanto, após a quebra ruim de expectativas e a adaptação com o game inédito, Souldiers passou a ser uma aventura bem divertida. A história nos mostra um grupo de soldados importantes de um reino, que ficam presos em um limbo, onde não estão mortos nem vivos. A missão do seu personagem é guiar aquela tropa de volta para o reino de Zarga, para que eles possam defender o local.
Durante a jornada, como um bom metroidvania, você irá evoluir seus poderes, aprender novas habilidades e conhecer personagens que irão te pedir favores. Assim, Souldiers se transforma em um jogo rico, que sabe aproveitar seu mundo e história que, sim, não são nada inovadores, mas cumprem seu propósito e divertem.
Gameplay diverte e tem bom nível de variedade
Talvez uma das maiores diferenciações de Souldiers em relação a outros metroidvanias seja o fato de que o jogador pode escolher uma classe logo no início do jogo. Você pode escolher entre três guerreiros, um que utiliza espada e escudo e foca no dano físico, outro de arco e flecha, para dano a distância e, por último, um feiticeiro, que causa dano mágico.
O detalhe é que essa escolha não irá alterar efeitos e status, mas sim os golpes e árvore de habilidades. Assim, Souldiers ganha uma variedade que é bem divertida. Além disso, o jogo também tem uma progressão de história, como dito acima, que concede novos poderes, que também é bem trabalhada. Aliás, um dos recursos de Souldiers são orbes que dão poderes elementais. Neste momento, o jogo da Retro Forges lembrou muito mais Mega Man X do que Hollow Knight. Isso porque, de acordo com a orbe equipada, a cor da sua armadura muda para casar com o poder escolhido.
Por fim, na exploração de dungeons e ambientes, extremamente importante para qualquer metroidvania, Souldiers começa com força, mas fraqueja com o passar da história, que, ironicamente, melhora. Entretanto, uma qualidade é constante no game: as batalhas de chefe sempre são desafiadoras e recompensadoras.
Nem tudo são flores
Apesar das dungeons caírem de nível depois da metade do game, o principal defeito de Souldiers é no desempenho. Jogado em um Xbox Series S, a versão que tive acesso apresentou muitos travamentos, principalmente após realização de saves. Aliás, em algum destes casos, o travamento não se encerrou e fui obrigado a finalizar o game e isso aconteceu mais vezes do que deveria.
Além disso, por ter recebido uma versão otimizada para a nova geração, a expectativa é que as telas de carregamento sejam mais rápidas. Não é o caso e isso frustra e irrita a jogatina. No geral, consigo perceber que este defeito é mais pessoal e fruto do costume que venho criando de jogar em consoles da última geração. Entretanto, por se tratar de um jogo que é sim difícil, é normal que seu personagem morra diversas vezes. Então imagine, morrer e retornar em qualquer jogo já é frustrante por si só. Logo, ter que encarar telas de carregamento de 6 segundos ou mais após cada tentativa só piora a situação.
No frigir dos ovos
Souldiers é uma boa pedida para qualquer fã de jogos indies e, principalmente, de metroidvanias. Não se iludam de que ele reinventa a roda ou que está no nível de Hollow Knight, como algumas peças publicitárias deram a entender. Entretanto, o jogo de estreia da Pure Forge Games é um belo cartão de visitas e diverte bastante.
Caso o estúdio consiga resolver os problemas de otimização, que claramente atrapalham muito a experiência, Souldiers tem tudo para se transformar em um dos achados indies de 2022.
O jogo foi analisado em um Xbox Series S, com uma cópia gentilmente cedida pela Pure Forge Games