Análise: Tiny Tina's Wonderlands é acerto crítico para Borderlands
Game combina tiroteio frenético, mecânicas de RPG e clima de fantasia medieval
Tiny Tina's Wonderlands é o melhor jogo da Gearbox desde Borderlands 2. Os fãs da série de 'looter-shooter' podem embarcar sem medo de ser feliz nessa nova aventura, que abraça com força os elementos de RPG e fantasia que a produtora experimentou no excelente Assault on Dragon Keep.
Assim como naquela aventura, uma expansão de Borderlands 2, os jogadores são levados para uma sessão de RPG de mesa mestrada pela carismática Tiny Tina, interpretada pela premiada Ashley Bursh, acompanhada de nomes de peso, como os atores Andy Samberg e Will Arnett.
O jogo é Bunker & Badasses, a versão de Dungeons & Dragons jogada no mundo insano e violento de Pandora, onde Tina cresceu. Toda a aventura se passa na mesa de jogo e na imaginação dos personagens, com direito a conversas paralelas e salgadinhos caindo no mapa, como em um verdadeiro RPG de mesa.
Experiência conhecida
Muitas das mecânicas principais seguem as mesmas que os fãs de Borderlands conhecem: é um jogo de tiro em primeira pessoa, com fases bem abertas para explorar, combates frenéticos e muito, mas muito 'loot' mesmo: o tempo todo o game despeja itens e armas diferentes sobre os jogadores. Escolher as melhores e que funcionam com o seu estilo e situação é parte fundamental da brincadeira.
Também é um jogo com muitas mecânicas de RPG, em que o personagem evolui e ganha novas habilidades especiais que fazem muita diferença na partida. E por fim, é um jogo de tiro cooperativo, em que até quatro jogadores podem se aventurar juntos pelas Terras Maravilhindas, detonando esqueletos, trolls, dragões e outros monstros que aparecerem pela frente.
Até aí, é só Borderlands com uma nova roupagem. Mas é nas diferenças em relação aos jogos anteriores que Wonderlands se destaca.
Novos ingredientes fazem a diferença
Logo de cara, o jogador não tem personagens pré-definidos para escolher. Ele é o "Noob", ou "Principiante" na versão brasileira, e está jogando B&B pela primeira vez. É preciso construir um personagem do zero, escolher sua classe, distribuir pontos de atributos e personalizar cada detalhe da aparência, algo novo para a série.
As classes disponíveis são inspiradas nas categorias típicas de Dungeons & Dragons,mas com aquele 'gostinho' de Borderlands: o Brr-ucutu é um bárbaro fortão, o Garraforte vem acompanhado de um dragãozinho, o Necronata usa magia sombria e fantasmas, o Mago-Atirador dispara projéteis comas duas mãos, o Facadamante é um assassino furtivo e o Protetor do Esporo é uma espécie de druida auxiliado por um cogumelo guerreiro.
Entre uma área de missão e outra, o jogo tem um grande mapa de campanha em que a perspectiva muda. Os personagens são vistos de cima ao se deslocar por essa área, como em um Final Fantasy, Zelda ou outro game de RPG das antigas. Passar pela grama alta pode ativar um encontro aleatório, que leva a ação de volta para o ponto de vista em primeira pessoa.
As (muitas) armas seguem o padrão estabelecido em Borderlands, com vários tipos de armamento e marcas com características específicas, danos elementais e por aí vai, mas ganharam uma aparência mais "medieval" em alguns casos, lembrando bestas mágicas ou com animações de fantasia na hora de recarregar, por exemplo. As granadas foram substituidas por magias disparadas com varinhas, em uma mudança que não é apenas estética: as magias podem provocar efeitos de área consideráveis, como abrir rachaduras no chão ou outros efeitos mirabolantes.
Agora é possível equipar diferentes armas corpo-a-corpo, como espadas e machados. O combate de perto funciona. Não é a melhor coisa do mundo, mas é uma opção viável e não um último recurso para o jogador desesperado e sem munição, como era nos Borderlands anteriores.
A melhor mudança de Tiny Tina's Wonderlands em comparação com os jogos anteriores, porém, fica para o tom da narrativa. O game é engraçado e cheio de piadas, mas não tem tantas referências sendo jogadas na sua cara como em Assault on Dragon Keep, nem o volume estridente e exagerado constante de Borderlands 3. É notável o cuidado em criar uma boa história, divertida e ao mesmo tempo envolvente, com boas referências aos RPGs de mesa e aos jogos de fantasia em geral, sem cansar a atenção do jogador, muito pelo contrário.
Considerações
Tiny Tina's Wonderlands mostra que a Gearbox ainda consegue trazer novidades para sua fórmula consagrada de tiro e RPG, principalmente ao se permitir fugir das escolhas óbvias dessa receita e trabalhar melhor tanto a narrativa quanto as possibilidades de personalização disponíveis para os jogadores.
Wonderlands é um jogo indispensável para quem é fã de Borderlands e de Dungeons & Dragons, mas também funciona perfeitamente para quem só conhece por cima ambas as franquias. Enquanto o inevitável Borderlands 4 não vem, não seria má ideia a Gearbox passar um bom tempo expandindo este universo paralelo.
Tiny Tina's Wonderlands está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.
*Esta análise foi feita na versão PC do jogo, com uma cópia de Tiny Tina's Wonderlands gentilmente cedida pela Gearbox.