Análise: Trek to Yomi é um jogo bonito, mas repetitivo
A jornada de Hiroki pelo mundos dos mortos encontra poesia estética, mas decepciona no combate e exploração
Trek to Yomi é uma forte homenagem ao lendário diretor japonês Akira Kurosawa (1910 - 1998). Inspirado em obras como Os Sete Samurais (1954) e Sanjuro (1962), o jogo publicado pela Devolver Digital não esconde suas inspirações e funciona bem como uma aventura cinematográfica pelo Japão feudal e pelos mitos japoneses.
Seja em mangás como Lobo Solitário, nos próprios filmes de Kurosawa ou em jogos como Ghost of Tsushima, a temática oriental encanta fãs em todo o mundo. São muitas as grandes obras que carregam aspectos dessa cultura, e Trek to Yomi chega para tentar compor esse catálogo - mesmo que não acrescente nada de muito novo.
História de samurai
O curto jogo de Leonardo Menchiari e Flying Wild Hog conta a história de Hiroki, um jovem samurai que perde seu mestre e jura proteger sua vida de qualquer ameaça futura. Porém, poucos anos depois, o protagonista acaba confrontando a morte ao tentar proteger sua vila do mesmo destino que outrora o assombrou.
Hiroki então é enviado ao Yomi, o mundo dos mortos xintoísta, onde parte em busca de uma chance de vingar seus amigos e sua amada Alko. Para isso, ele precisa evoluir como um samurai e passar por provações no limiar entre a vida e a morte.
A narrativa é simples, concede algumas escolhas ao jogador e funciona bem quando combinada à estética de Trek to Yomi, mas não é raro sentir que estamos sendo apenas empurrados por cenários que mais parecem belos sets de gravação de filmes clássicos. E se por um lado o jogo se destaca pelos seus belíssimos gráficos e enquadramentos, por outro ele peca no combate e na exploração.
Exploração e combate
Totalmente linear, a exploração de Trek to Yomi é restritiva e dá a oportunidade apenas de procurar alguns itens colecionáveis, melhorias e armadilhas por alguns cantos pouco escondidos. O grande problema é que muitas vezes o jogo não permite que Hiroki volte e explore áreas que deixou para trás e, com o tempo, deixa a sensação de obrigação no que diz respeito a verificar todas as pequenas entradas. É realmente frustrante não poder voltar pelo cenário para tentar encontrar novos segredos, ainda mais quando não é tão simples diferenciar qual direção dá sequência à história.
Já o combate mistura elementos de aparo, esquiva e cambalhotas, mas é pouco dinâmico e cansativo - a proposta é boa, mas falha na execução. Os inimigos não reagem de forma satisfatória aos avanços de Hiroki, falta tato nas resposta dos controles e o fato de que todos os combates acontecem em cenários 2D não funciona contra diversos inimigos, que ou fazem fila para atacar o protagonista ou atacam um de cada lado. Existe um certo apelo ao código de honra dos samurais em dar ênfase aos combates um contra um, mas é pouco empolgante.
Os combos também não funcionam muito bem e exigem certo tempo para adaptação. Além disso, as combinações mais básicas têm pouquíssimas diferenças entre si, e parecem apenas existir para cumprir um requisito. Junte isso a controles pouco intuitivos - pressionar para trás não faz Hiroki se virar, por exemplo - e viva algumas situações decepcionantes.
Considerações
Se por um lado o apelo gráfico de Trek to Yomi encanta e a narrativa se mantém interessante, mesmo que simples, por outro as limitações de exploração e o combate desanimador desequilibram a balança. Ainda assim, vale a experiência, principalmente para os fãs da temática: é um jogo curto e que beira à perfeição estética - mas não espere muito mais.
Trek to Yomi está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S. O jogo está incluso no catálogo do Game Pass.
*Esta análise foi feita no Xbox Series S.