Análise: Blasphemous II é metroidvania imperdível
Sequência do jogo de 2019 atualiza gameplay de forma primorosa e é bom desafio para fãs do gênero
Blasphemous II é um dos lançamentos indies mais aguardados de 2023 por ser a continuação de um jogo de sucesso do gênero metroidvania.Como sequência, o game desenvolvido pela The Game Kitchen faz muito bem o dever de casa ao expandir e melhorar diversos aspectos de Blasphemous, lançado em 2019.
Nesta sequência, vamos mais uma vez controlar o Penitente, que foi desperto não em Cvstodia, e sim em uma terra distante e sem nome. Com uma mitologia extensa para quem quiser explorar, Blasphemous II brilha em sua gameplay punitiva e que obriga o jogador a evoluir para continuar seguindo na história.
Blasphemous II bebe em fontes poderosas
A narrativa de Blasphemous II, em termos gerais, coloca o Penitente em uma missão para impedir o nascimento de outro Milagre, uma pessoa que colocará o mundo em desequilíbrio. Para isso, o jogador deverá eliminar os guardiões das diversas Irmandades daquele novo mundo e, no final, enfrentar o Pai de Todos os Penitentes.
Ainda que a missão principal da narrativa seja explicada de forma clara, nenhuma outro detalhe daquele universo vai ser entregue de mão beijada assim. Neste sentido, Blasphemous II começa a demonstrar uma de suas claras inspirações: Hollow Knight. O jogo de 2017 da Team Cherry nos apresenta um mundo rico e com uma lore extensa, que só é descoberta mediante muita exploração. O mesmo acontece com Blasphemous II.
No primeiro jogo isso já acontecia, mas em uma escala menor. Aqui, existem muito mais NPCs que o jogador deverá descobrir as funções na marra. O mesmo vale para as missões secundárias, que com exceção de uma ou outra, fazem com que o jogador seja obrigado a explorar o grande mapa para entender o que é necessário fazer.
E se isso vai agradar ou desagradar, depende de quem está jogando. E digo isso sem juízo de valores sobre gostos. Afinal de contas, não é todo mundo que tem o tempo e a paciência para descobrir por horas a fio para que serve um NPC e qual a história por trás dele.
Evolução primorosa de gameplay
Na prática, o núcleo da gameplay de Blasphemous II é a mesma que a do jogo anterior. Em um game com gráficos pixelados e lotado de desafios plataforma, você tem que eliminar várias criaturas monstruosas em um combate bem hack'n slash. Essa lógica ainda se mantém, mas é expandida primorosamente.
No jogo original, existiam fatores RPGs na gameplay e no trabalho do seu personagem, mas a sequência adiciona diversas novidades. A começar pelas armas, que aqui são três, onde cada uma muda drasticamente o estilo de jogo, além de influenciar também na exploração do mapa, uma vez que cada uma abre passagens de formas diferentes.
Sarmiento e Centella são duas espadas que proporcionam ataques mais rápidos, mas que causam menos dano. Veredicto é uma malha com uma pesada bola de ferro que causa bom dano, mas é lenta. Por fim, Ruego Al Alba é o meio termo, nem tão rápida, nem tão lenta e com dano mediano. E se tratando de um jogo que tem nos combates de chefe um grande desafio, necessariamente você vai precisar variar as armas que usa de acordo com os inimigos que enfrenta.
Além disso, cada uma delas possui uma árvore de habilidades própria. Mas isso não é a única coisa que pode ser trabalhada em termos de build. Enquanto no primeiro game, o Penitente possuía apenas um slot de magia, ou oração, aqui são dois, com o segundo sendo um feitiço mais poderoso, chamado Cântico. Outra adição foram os espaços de Benesses, que, para quem jogou Hollow Knight, basicamente funcionam como os Amuletos, concedendo bônus específicos e tendo espaços limitados para serem encaixados.
Quando levamos isso pra prática, o jogo escala no quesito recompensa. Blasphemous II é consideravelmente mais desafiador que o seu antecessor, mas te entrega muito mais recursos para enfrentar os chefes e ambientes que são explorados. Ou seja, ao tomarmos uma surra de um chefe, sempre existe a possibilidade de mudar uma build para melhorar nossas chances e, quando isso funciona, a recompensa é grande.
Design primoroso, mas performance a desejar
Se o primeiro Blasphemous já impressionou com seu design gótico em belos gráficos pixelados, na sequência, isso é elevado a uma escala de qualidade ainda maior. Por aqui, ainda estão presentes a mistura de cutscenes animadas, que também são maravilhosas, onde cada frame poderia ser facilmente impresso e transformado em um belo quadro.
Entretanto, minha experiência pessoal com o game, em termos de performance, foi bastante negativa. Não me entendam mal, ao receber jogos com antecedência, é normal que encontremos alguns bugs. E foi esse o caso com Blasphemous II, o problema é que, ainda que tenha passado por poucos problemas técnicos, estes aconteceram nos piores momentos possíveis.
Para exemplificar, em duas batalhas de chefe diferente, encontrei bugs após vencer os inimigos que me obrigaram a fechar o jogo e, consequentemente, ter que passar pelo desafio mais uma vez. É extremamente frustrante sofrer para vencer um chefe e, logo em seguida, o jogo travar de uma forma que te obriga a passar por todo aquele sofrimento mais uma vez.
Mas, justiça seja feita, com patches de atualização que consertem estes problemas, Blasphemous II é um jogo que tem tudo para ser o destaque indie de 2023. Para fãs de metroidvania - e Hollow Knight -, o game é uma pedida obrigatória.
Blasphemous II chega em 24 de agosto para PS5, Switch e Xbox Series X/S.
*Esta análise foi feita no PS5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Team 17.