Análise: Detective Pikachu Returns é simples, mas diverte
Jogo arranca boas risadas dos fãs de Pokémon, mas não é exigente nas resoluções das investigações
O que você pensaria ao ver um ratinho amarelo viciado em café como detetive de um caso importante? Se esse pequeno ser não fosse um dos personagens mais populares da cultura pop, provavelmente pensaria que o caso está perdido. Mas desde o jogo de Nintendo 3DS, lançado em 2016 e um dos muitos sucessos do portátil, Detective Pikachu tem seus "flashes de genialidade" e vem dando conta da tarefa — tanto que sua astúcia lhe rendeu até um bom filme, lançado dois anos após o primeiro jogo.
Agora, o Pokémon está de volta em Detective Pikachu Returns, um jogo cuja proposta parece ser arrancar boas risadas dos fãs da franquia de monstrinhos de bolso. E que faz isso muito bem.
De volta a Ryme City
Detective Pikachu Returns é um retorno também à cidade de Ryme City. Palco do primeiro jogo, a cidade está repleta de mistérios interconectados, desde incidentes com Pokémon até o desaparecimento do antigo parceiro de Pikachu, Harry Goodman — acontecimento que dá o tom à narrativa desde o primeiro jogo.
A cidade é o centro da aventura de Tim Goodman, um jovem que consegue compreender o que Pikachu fala — o que gera várias situações engraçadas, uma vez que Tim precisa disfarçar essa "habilidade" na frente de outras pessoas — e usa das astúcias do Pokémon para conduzir algumas investigações pela cidade.
A relação humano-Pokémon é bastante explorada durante todo o jogo e serve até para aproximar ficção de realidade: é fácil imaginar como seria um mundo habitado também por Pokémon. Esqueça as batalhas que marcam a franquia há quase 30 anos, Detective Pikachu Returns, assim como seu antecessor, é um jogo totalmente voltado para interações e para uma narrativa divertida.
Objection
A narrativa é conduzida através de investigações e quebra-cabeças, necessários para desvendar os vários mistérios da cidade. É preciso conversar com testemunhas, humanas ou Pokémon, colher depoimentos e identificar alguns itens espalhados pelo cenários para montar o caso. Além disso, é possível tirar proveito das habilidades de outros Pokémon, como o olfato aguçado de um carismático Growlithe, para chegar em soluções concretas.
Por ser voltado a um público infantil, o jogo é bastante simples. Pikachu pode ser consultado a qualquer momento para algumas dicas extras se o jogador se sentir perdido. Isso torna as investigações ainda mais fáceis do que já são. O grande problema do jogo é parecer óbvio demais e forçar essa obviedade por tanto tempo: em muitos casos, é fácil descobrir a resposta para um caso logo no início de um capítulo, mas é preciso passar por todas as etapas de solução, o que pode demorar, para concluí-lo.
Ainda assim, a simplicidade das investigações não compromete a experiência. A interação entre os dois protagonistas diverte e a narrativa consegue manter o jogador curioso.
Um outro problema é a ausência de dublagem e legendas em português brasileiro. Detective Pikachu Returns tem áudio em inglês e japonês e legendas em diversos idiomas, mas novamente o Brasil foi esquecido — o que é uma pena, ainda mais se considerarmos que o público-alvo do jogo pode ter dificuldades justamente por isso.
Considerações
Charmoso e divertido, Detective Pikachu Returns é um bom jogo para os fãs de Pokémon. O jogo tem várias referências ao universo da franquia, e a interação entre Tim e Pikachu consegue arrancar boas risadas, mesmo com piadas bobas — sempre as melhores, certo?
Embora o jogo seja prejudicado pelos casos fáceis demais — nenhum deles é digno de um Sherlock Holmes — e pela ausência de legendas em português brasileiro, a experiência cumpre bem seu papel.
Detective Pikachu Returns será lançado em 6 de outubro, exclusivamente no Nintendo Switch.
*Esta análise foi feita com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Nintendo.