Análise: Stray é mais que simulador de gato
Novo jogo da Annapurna traz um mundo distópico com boa história
No final de julho, a Annapurna Interactive, produtora indie bem conhecida por seus jogos mais artísticos, lançou Stray para PC, PlayStation 4 e PlayStation 5. Com um enredo que parece saído de uma obra mais sombria da Pixar, o game nos coloca na pele de um gatinho que caiu em um mundo de autômatos e contará com a ajuda de um drone para tentar sair do local com vida.
Mesmo com apenas uma semana de lançamento, Stray já caiu nos braços do público, que trabalha diariamente na produção de memes e até mods do chamado "simulador de gato". Entretanto, apesar das brincadeiras nas redes, o novo jogo da Annapurna vai muito além de ser um sim e traz uma história realmente intrigante.
Um gato num mundo cyberpunk
Stray não precisa de muito para conquistar pela fofura em seus minutos iniciais, onde o gatinho principal pode se deitar ou brincar com os outros felinos do seu grupo. A ambientação também vislumbra, uma vez que os animais começam a passear por um mundo que lembra bastante The Last of Us, com a flora dominando o que antes era a civilização. Contudo, logo o gatinho escorrega e cai, literalmente, para um mundo totalmente diferente do seu.
Em uma espécie de favela cyberpunk, logo descobrimos que aquele local onde o felino se encontra, é composto por diversos autômatos que tratam o mundo lá em cima como uma lenda antiga. O curioso de Stray é que estas máquinas possuem hábitos parecido com os dos humanos. Aliás, você vai descobrindo mais e mais daquele mundo através do drone B12, que consegue se comunicar com os autômatos, além de traduzir tudo daquele local peculiar.
Assassin's Creed de gatos
Particularmente, Stray me pareceu mais um Assassin's Creed de gatos do que um simulador de felino. Isso porque boa parte da jogabilidade gira em torno de descobrir o que é escalável ou não e, a partir daí, descobrir pedaços da história daquela cidade subterrânea. Claro que a parte de combate não é nada como o jogo da Ubisoft.
Além das escaladas, Stray se sustenta em seus puzzles, que podem ser resolvidos com a ajuda do B12, que, literalmente, com o toque de um botão, te indica os próximos passos a seguir. Entretanto, para quem gosta da exploração, conversar com os habitantes locais, bem como traduzir placas, textos e afins, é uma forma mais rica de alcançar seus objetivos.
Nem tudo são flores
Apesar da Annapurna ser um estúdio bastante conhecido, principalmente no nicho independente, ela ainda é uma produtora de jogos indie. Ou seja, a barreira financeira é algo praticamente inerente à projetos deste tipo. E, em Stray, este fator pesa um pouco para limitar o potencial deste gatinho tão carismático.
O primeiro ponto em que esta limitação incomoda é na parte de escalada. Em alguns pontos, é frustrante não conseguir escalar ambientes que parecem claramente escaláveis para o que já vimos aquele felino fazer. Além disso, o próprio mundo e história desenvolvidos pelo estúdio no enredo de Stray, clama para que a exploração do game fosse maior.
Contudo, é óbvio que isso não transforma a experiência do jogo em algo negativo. Longe disso. Stray é o tipo de jogo que te incentiva a continuar com cada parte da história que se revela. O fato dele estar disponível para assinantes PS Plus Extra torna este game necessário para quem tem acesso ao serviço.
Apesar das piadas, memes e mods, Stray é bem mais que um simulador de gato e, particularmente, construiu um mundo que merece mais conteúdo.
Stray está disponível para PC, PS4 e PS5. O jogo está incluso no catálogo PlayStation Plus Extra.