Another Code: Recollection é prato cheio para fãs de point-and-click e novelas visuais
Coletânea chega ao Nintendo Switch em 19 de janeiro
A sétima geração foi especial para a Nintendo. A empresa japonesa teve dois de seus consoles mais bem-sucedidos, o Nintendo DS, lançado em 2004, e o Wii, lançado dois anos depois. Neles, a Nintendo estimulou o desenvolvimento de jogos com temas e abordagens diferentes e originais, que fugissem um pouco do padrão da época.
E esse contexto permitiu o nascimento dos dois títulos de Another Code, Trace Memory e Another Code R, que agora estão reunidos em Another Code: Recollection.
Memórias do passado
O primeiro dos games desta coletânea foi lançado em 2005, ainda durante a primeira leva de jogos do Nintendo DS. Diferente de outras produtoras, que preferiram usar os recursos únicos do portátil em compilações de minijogos, a pequena e desconhecida Cing apostou no point-and-click, mais famoso em jogos de PC e pouco usado em consoles. Assim, ela lançou Another Code: Memories — rebatizado como Trace Memory na América do Norte
Tal qual vários outros títulos do gênero, os Another Code se desenvolvem lentamente, com muitos diálogos e informações sobre tramas secundárias e personagens que às vezes nem estão presentes nos games.
Como o primeiro Another Code foi desenvolvido originalmente para um portátil, sua narrativa é mais curta e direta. Porém a sequência, Another Code: R, lançado originalmente para o Nintendo Wii em 2009, é bem mais longa, e por vezes até tediosa. Ambos têm a memória como tema central (o "Recollection" do título significa "recordação" ou "memória", em tradução livre), e flashbacks em belas ilustrações são abundantes nos dois.
Agora, o público do Nintendo Switch poderá seguir a história de Ashley Robins, uma adolescente que busca pistas de seu pai na ilha Blood Edward e depois embarca em uma jornada sobre o passado de sua mãe. Aqui logo fica claro o capricho do remake, que não apenas bem adaptou todos os quebra-cabeças, que antes utilizavam a tela de toque e o microfone do Nintendo DS, assim como o Wiimote do Wii, para os joy-cons do Nintendo Switch, como deu uma grande expressividade aos personagens, antes limitados pelas plataformas originais e agora refeitos em cel shading.
O remake também apresenta extensa dublagem em inglês e japonês, assim o jogador mais do que nunca tem condição de se envolver com os mistérios e dramas presentes nas tramas dos dois games que fazem parte do remake. Infelizmente, não há sequer legendas em português, detalhe que pode afastar alguns jogadores.
Ainda no quesito envolvimento, o remake apresenta duas opções que habilitam um guia e uma janela com dicas e até mesmo resolução dos quebra-cabeças. Dessa forma, o jogador pode escolher encarar Another Code: Recollection tanto da forma tradicional, isto é, descobrindo os caminhos e as charadas por conta própria, ou então deixando as histórias se desenrolarem como se fossem romances interativos, tendo a responsabilidade de apenas levar Ashley aos locais onde a trama avança e testemunhar suas vivências.
Diferente de outras coletâneas, Another Code: Recollection trata os dois jogos como se fossem dois capítulos de uma única e longa campanha. Assim, o jogador precisa primeiro vencer Another Code: Memories para em seguida ter acesso a Another Code: R. Ele é a grande novidade do remake, pois Another Code: R não foi lançado no mercado norte-americano na época, ficando restrito ao Japão e à Europa.
Considerações
Another Code: Recollection traz de volta dois excelentes jogos de uma época em que a Nintendo e suas desenvolvedoras mais próximas lançaram vários títulos experimentais, embalados agora em um remake com bons gráficos, controles bem implementados e um valor de produção bom o suficiente para que Ashley e seu universo possam se expressar plenamente.
Another Code é um prato cheio para fãs de point-and-click e novelas visuais, porém são games que exigirão bastante leitura, um pouco de paciência em passagens mais lentas e a ciência de que suas narrativas não se desenrolam como em títulos de ação e aventura mais tradicionais.
Nota: 8