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Armored Core VI é jogo de ação desafiador e cativante

Com Fires of Rubicon, FromSofware deixa fórmula "Souls" de lado e retorna para sua clássica série de mechas

23 ago 2023 - 12h00
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Armored Core VI Fires of Rubicon chega em 25 de agosto para PC e concoles PlayStation e Xbox
Armored Core VI Fires of Rubicon chega em 25 de agosto para PC e concoles PlayStation e Xbox
Foto: Reprodução / FromSoftware

Armored Core VI tinha duas das missões mais ingratas do ano. A primeira delas, ser o primeiro lançamento da FromSoftware após o primoroso Elden Ring; a segunda, dar vida nova a uma franquia que não recebia novidades há mais de uma década e, considerada de nicho, que agora tem os olhos do mundo voltados para si graças aos sucessos recentes da desenvolvedora.

E impressiona ver como Fires of Rubicon as cumpre bem.

Ação dinâmica e primorosa

Armored Core VI é dono de um primor técnico dificilmente visto. É um jogo extremamente dinâmico, rápido e fluido, que consegue mostrar uma infinidade de informações em tela sem fazer com o que jogador se sinta perdido ou sobrecarregado. Pelo contrário: com um pouco de experiência e atenção aos sinalizadores do jogo, é fácil ter ciência de tudo o que está acontecendo, tanto com o Armored Core como em volta, no campo de batalha.

E essa experiência, aqui, vem de uma forma um pouco diferente. Esqueça a fórmula RPG que, com exceção de Sekiro: Shadows Die Twice, domina os jogos da desenvolvedora desde Demon Souls. Armored Core VI é puro treinamento e aprendizado, o que premia aqueles mais dedicados. E dominar um AC não é tarefa simples: a movimentação multidirecional combinada com acesso imediato à quatro armas e outros comandos rápidos pode assustar aqueles que nunca tiveram contato com a franquia — como eu nunca havia tido — e resulta em uma curva de aprendizado árdua, mas gratificante como poucas.

Alguns fatores contribuem para o aprendizado. O primeiro deles é a duração das missões iniciais, que são curtas e funcionam como um extenso tutorial. O segundo, é que a área de treinamento é realmente útil, principalmente para se aprender as nuances da montagem de um AC da forma mais personalizada e ideal possível. E por último, é possível colocar todo esse aprendizado em prática contra outros ACs, previamente montados, em um ranque de classificação que dá recompensas importartes.

Personalização faz toda a diferença

Personalização  que é a palavra-chave do jogo e vai muito além de escolher cores, adesivos e até os níveis de desgaste aparente dos mechas. Cada tipo de peça resulta em uma jogabilidade completamente diferente — em um grau que, particularmente, nunca vi em nenhum outro jogo —, o que pode ser sentido especialmente nas pernas do mecha. É possível, por exemplo, montar Armored Cores que saltam mais alto e são extremamente leves e ágeis no ar; ou um capaz de carregar mais armas e peças pesadas e manter a estabilidade — ou até mesmo pairar no ar — enquanto voa, mas sem muita agilidade; ou ainda um semelhante a um tanque de guerra, que brilha em combates terrestres e tem resistência e poder de destruição devastadores.

E indo além da parte física dos ACs, é preciso ficar sempre atento a fatores como fornecimento de energia, propulsores, FCSs, que são chips que determinam o alcance e a velocidade da trava de mira do mecha, e atualizações OST, que liberam habilidades e recursos como a possibilidade de usar armas de mão nos ombros, dar chutes e equipar escudos de energia que podem ser ativados em momentos críticos.

Tudo importa na hora da montagem, e aprender as nuances de personalização vai muito além de apenas gosto pessoal. Algumas situações do jogo praticamente obrigam o jogador a explorar montagens diferentes, principalmente as batalhas contra chefes — algo que a FromSoftware sabe fazer tão bem e que aqui não é diferente: espere por mechas resistentes, armados de formas quase injustas e rápidos o suficiente para enganar os olhos. E nisso, também, mora uma das grandes graças do jogo. 

Aprender, se adaptar, repetir. Conforme se ganha experiência, se torna orgânico — por mais que essa palavra não pareça funcionar bem em um jogo sobre mechas — entender como certas variações podem funcionar melhor contra determinados oponentes. E ver novas ideias funcionando na prática, resultando em vitórias apertadas que antes pareciam impossíveis, é incrivelmente prazeroso. 

Não é um "Dark Souls de robôs"

Além disso, o jogo não pune o jogador da mesma forma que os Souls: em Armored Core VI, a morte significa apenas voltar no último checkpoint — e ainda dá a chance de fazer algumas mudanças, desde que se tenha as peças necessárias para elas. 

Inclusive, conseguir as peças não é difícil. Embora algumas sejam encontradas em pontos não tão evidentes das missões ou após eliminar determinados inimigos, a maioria está disponível na loja do jogo, que disponibiliza novidades conforme se avança pela narrativa. Outro fator interessante é que o preço de compra e venda delas é o mesmo, o que abre a possibilidade para infinitos testes e estudos. Após algum tempo, será natural ter um estoque com boas opções, o que facilitará alterações constantes dependendo do perigo que se enfrenta.

O primor técnico de Armored Core VI se estende aos gráficos e trilha sonora. No modo desempenho, é um jogo belíssimo no PlayStation 5; enquanto no modo qualidade, não há quedas de desempenho, mesmo nos momentos mais explosivos ou cheios de reflexos. Já a trilha sonora, algo em que a FromSoftware costuma se destacar, é impecável, e confere o tom certo a cada momento de ação ou drama. As dublagens também são boas, mesmo que nunca exista um rosto por trás das vozes.

O que traz à tona um “defeito” de Armored Core VI: a narrativa. As missões rápidas, embora funcionem inicialmente bem como tutorial, acabam prejudicando um pouco o andamento da narrativa. Demora um pouco para ficar claro qual é o verdadeiro papel do 621 e de todas as outras “vozes” na trama de Rubicon e perceber que o protagonista vai muito além de um mero mercenário. Além disso, passar mais tempo na garagem do que em campo de batalha pode se tornar cansativo — embora tenha seu charme.

No entanto, após o segundo capítulo a história mostra bons sinais de evolução e, finalmente, desperta mais interesse. Embora as missões continuem sendo relativamente rápidas e a história seja toda contada entre uma missão e outra, através de chamadas via rádio, a imersão de Armored Core VI mora realmente na ação, o que torna as escolha narrativas entendíveis — e seria difícil acompanhar tudo enquanto enfrenta inúmeros inimigos ou chefes.

Considerações

Armored Core VI Fires of Rubicon - Nota: 9
Armored Core VI Fires of Rubicon - Nota: 9
Foto: Reprodução / Game On

Armored Core VI Fires of Rubicon chega como um dos melhores e mais divertidos jogos do ano e funciona tanto para novatos quanto para veteranos. Tecnicamente impecável, é um jogo que exige do jogador na mesma proporção em que o recompensa. Jogabilidade, personalização, gráficos e trilha sonora se destacam frente à narrativa em um jogo que parece entender seu propósito e o cumpre com perfeição.

Ainda há o fator multiplayer, que deve dar carga extra de diversão além da história e promete ser fonte de bons e explosivos duelos. Vale destacar que o jogo não está dublado em português brasileiro, mas está totalmente legendado. 

Armored Core VI Fires of Rubicon chega em 25 de agosto para PC e consoles PlayStation e Xbox.

Esta análise foi feita em um PlayStation 5 com uma cópia gentilmente cedida pela Bandai Namco.

Fonte: Game On
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