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Black Myth: Wukong é prato cheio para quem curte RPGs de ação

Inspirado na mitologia chinesa, jogo se consagra como um dos mais divertidos do ano

16 ago 2024 - 11h00
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Black Myth: Wukong coloca o jogador na pele do Predestinado
Black Myth: Wukong coloca o jogador na pele do Predestinado
Foto: Divulgação / Game Science

Devo dizer que os fãs de RPGs de ação estão muito bem servidos nos últimos anos, com lançamentos de peso como o fantástico Elden Ring e sua recente expansão Shadow of the Erdtree, o ótimo Stellar Blade, o surpreendente Lies of P, entre outros, e agora temos a chegada de mais um nome na lista - Black Myth: Wukong.

Chamado por alguns jogadores de “jogo do macaco”, Wukong conta a história do Predestinado, nome dado ao protagonista, baseando-se em “Jornada para o Oeste”, uma das principais obras literárias da China, e utiliza de forma abrangente heróis e criaturas da mitologia chinesa

Como Predestinado, os jogadores precisam explorar um reino vasto, repleto de segredos, perigos e aliados que o ajudarão em sua aventura.

Sem me adentrar em spoilers, a história é contada por meio de cutscenes e diálogos de personagens que se desenrolam ao longo do game, havendo também um sistema de Retratos com mais informações sobre os personagens do jogo, dando uma maior abrangência ao mundo de Black Myth: Wukong.

Gráficos de nova geração

Pouco tempo após começar a jogar, a primeira coisa que notei foram os belíssimos visuais oferecidos. Cenários deslumbrantes, texturas de alta qualidade, a geometria dos objetos, e muito mais tendem a agradar boa parte dos jogadores que esperam por um nível gráfico mais elevado, fornecido com o uso da Unreal Engine 5.

Por falar nisso, no PC, onde tive a oportunidade de jogar, fico feliz em dizer que os sombreadores (ou shaders, no nome em inglês), que costumam dar problema em jogos com Unreal Engine no computador, caso a otimização não esteja boa, são pré-carregados na primeira vez que você roda o jogo. O processo leva alguns minutos, tempo este que varia de acordo com o quão rápido é seu processador, garantindo uma experiência majoritariamente sem engasgadas.

Digo isso porque, em uma ou outra ocasião, passei sim por aquelas famosas travadas causadas por sombreadores carregando em tempo real. No entanto, foram poucos os momentos em que isso ocorreu, ou seja, na esmagadora maioria do tempo, tive uma experiência suave, livre desse tipo de transtorno.

Ainda falando da parte técnica de Wukong no PC, existem várias opções de customização para que você possa adequar o jogo para rodar de acordo com as configurações de sua máquina.

Quem quiser fazer uso do Full Ray Tracing, que aumenta a qualidade das sombras e reflexos, conforme descrito na opção disso no jogo, precisará de uma placa de vídeo que tenha suporte ao recurso de Gerador de Quadros, especialmente se jogar com essa e outras opções gráficas na qualidade máxima, classificada como “trechos cinematográficos”.

No entanto, quem for jogar no “ultra” ou abaixo disso, sem Full Ray Tracing, conseguirá desempenho satisfatório usando apenas as ferramentas tradicionais de upscaling, incluindo DLSS, FSR e XeSS, já que todas estão presentes no jogo.

Ao longo do tempo que passei jogando com a configuração gráfica máxima, incluindo Full Ray Tracing, com DLSS e Gerador de Quadros ativados, obtive 60 fps ou mais na maior parte do tempo em 1440p usando uma GeForce RTX 4070, processador Ryzen 5 7600, SSD NVMe M2 Gen 4, 2x16GB DDR5 5200Mhz e Windows 11, com algumas poucas ocasiões ficando abaixo disso. Deixando as configurações no “ultra” em vez de “cinematográficos” e diminuindo a qualidade do Ray Tracing, o desempenho passava a ficar sempre acima de 60 fps.

Vale lembrar que a performance pode estar até melhor quando o jogo for lançado no dia 20 de agosto, já que a tendência é de que ele continue sendo atualizado até lá.

Para os que curtem tirar fotografias, há um modo foto à disposição, permitindo registrar todos os seus momentos com o Predestinado.

Mas e no PlayStation 5? Infelizmente não tive acesso a essa versão do jogo. Na verdade, só saberemos o estado real dela no lançamento, já que apenas cópias de análise no PC foram distribuídas à imprensa de forma antecipada.

Gráficos de Black Myth: Wukong chamam a atenção
Gráficos de Black Myth: Wukong chamam a atenção
Foto: Divulgação / Game Science

Combates que remetem a jogos badalados

Após as primeiras horas jogando Black Myth: Wukong, percebe-se que sua jogabilidade lembra mais a que está presente em títulos como God of War, da Sony Santa Monica, e Devil May Cry, da Capcom, embora haja sim elementos soulslike.

Ao derrotar inimigos ou quebrar certos objetos no cenário, o Predestinado ganha algo chamado Volição, que sobe o nível dele e também serve como moeda de troca para comprar itens nos Santuários, os quais funcionam como pontos de descanso e de viagem rápida entre os muitos locais no game.

Sempre que o personagem sobe de nível ou encontra algum local de Meditação escondido, lhe é concedido um ponto de Faísca, utilizado para que ele obtenha novos Fundamentos, Técnicas de Bastão/Postura, Magias e outros poderes e habilidades.

Falando sobre o combate de artes marciais com o bastão, existem três posturas à disposição. Inicialmente temos a Postura Esmagadora, que foi aquela com a qual passei 90% do tempo. Há também a Postura do Pilar e a Postura Ofensiva.

Todas elas mudam um pouco a forma como a jogabilidade se comporta, essencialmente lhe dando novas maneiras de dar cabo dos oponentes normais e chefes, que são numerosos e bastante variados. A Esmagadora é a mais versátil, a do Pilar foca numa abordagem mais evasiva e a Ofensiva troca mobilidade por força.

Jogabilidade é um dos pontos altos do game
Jogabilidade é um dos pontos altos do game
Foto: Divulgação / Game Science

As batalhas envolvem essencialmente travar sua mira no inimigo e atacá-lo inicialmente usando golpes normais, com combos que são feitos de forma automática, apertando o mesmo botão até finalizar o combo, além, é claro, de desviar das investidas dos adversários. Em adição a isso, há um ataque forte que pode ser utilizado segurando o botão dele para carregar seu medidor específico, que também é preenchido aos poucos por meio de ataques convencionais. Esse tipo de ataque, caso você tenha como executar, pode ser feito em conjunto com o ataque normal para criar combos mais avassaladores, além de ser uma ótima forma de iniciar um combate.

Sobre os desvios dos golpes dos inimigos, nela há uma mecânica de “desvio perfeito” que cria uma “sombra” do Predestinado quando executada corretamente, que serve para se posicionar de forma vantajosa na luta para golpear o oponente.

Certos inimigos possuem ataques com Fogo, Gelo, Trovão ou Veneno. O fogo pode ser apagado rolando repetidamente, o que achei muito bem sacado por parte dos desenvolvedores. O frio deixa o personagem gradativamente mais lento até congelá-lo totalmente, sendo necessário apertar o botão de desviar várias vezes para estilhaçar o gelo e voltar a se mexer. Já no caso do trovão, ficar afetado por ele aumenta por alguns segundos o dano recebido, enquanto que o veneno vai reduzindo gradativamente a vida do personagem, até o efeito passar ou ele tomar um antídoto.

À medida que o Predestinado vai evoluindo, é possível realizar combinações entre os tipos de ataques à disposição para obter vantagem nas lutas, já que quanto mais você bater nos oponentes, incluindo chefes, mais desequilibrados eles ficam, com golpes mais fortes podendo fazer com que eles desabem no chão, deixando-os abertos a ataques diretos. Efeitos elementais também podem ser infringidos neles.

Além desses tipos de investidas, existem magias que você vai aprendendo ao longo da aventura. A primeira delas permite paralisar temporariamente o oponente. Há também uma que cria clones do Predestinado e até mesmo outra na qual um círculo de fogo é feito no chão, que protege o personagem e aumenta seus poderes curativos. Todas elas exigem Mana para serem usadas, recuperada principalmente ao descansar no Santuário.

Uma das magias cria clones do Predestinado, que o ajudam nos combates
Uma das magias cria clones do Predestinado, que o ajudam nos combates
Foto: Divulgação / Game Science

Nas habilidades especiais, no entanto, as mais legais envolvem os Espíritos e Transformações. Para obter os espíritos, você precisa derrotar versões mais poderosas de certos inimigos e daí capturar a alma deles, algo que o jogo não demora muito para te ensinar. Equipar um espírito lhe concede um benefício (e às vezes malefício) em algum atributo ou característica e permite realizar um dos ataques especiais deste espírito, que pode fazer a diferença em situações de aperto.

Vale ressaltar também que, caso esqueça de capturar algum espírito, ele estará te esperando no Santuário, no menu dele relacionado a isso.

As Transformações são ainda mais interessantes, pois com elas você se transforma em um determinado oponente e consegue usar suas habilidades por um curto espaço de tempo. Isso, inclusive, lhe concede uma barra de vida adicional do inimigo no qual você se transformou. É uma habilidade incrível e que muda a dinâmica da jogabilidade, sendo muito útil nos combates mais desafiadores do game, especialmente após obter as melhores transformações.

É importante dizer também que praticamente tudo que você faz no jogo consome vigor. Quando você fica sem isso, a intensidade das suas ações diminui, embora você ainda consiga realizá-las. O ideal nesse momento é esperar alguns segundos para que seu vigor se restabeleça, para daí sim voltar à ação.

Além disso, caso esteja insatisfeito com seu personagem, você pode resetar suas Faíscas e redistribuí-las novamente para melhorar aspectos diferentes. 

Black Myth: Wukong também conta com Tônicos Mortais que você pode criar e que lhe concedem vantagens temporárias, feitos com recursos encontrados pelo jogo, e os Tônicos Especiais, que são feitos por meio de um NPC específico e lhe dão melhorias permanentes nos atributos, além de Pílulas que aumentam sua vida, mana ou vigor. Suas receitas encontram-se escondidas e precisam ser encontradas para serem utilizadas.

Você também pode criar novos bastões mais poderosos e armaduras mais resistentes. O próprio jogo vai liberando isso aos poucos à medida que você avança e derrota os chefes, tanto opcionais quanto obrigatórios, restando a você apenas encontrar os materiais necessários para criar os armamentos. As armaduras, aliás, se usadas em conjuntos de peças da mesma coleção, oferecem benefícios adicionais.

Jogador pode criar armas e armaduras mais poderosas ao longo da jornada
Jogador pode criar armas e armaduras mais poderosas ao longo da jornada
Foto: Divulgação / Game Science

Desafio está presente, especialmente nos chefes

Em Black Myth: Wukong, há momentos onde são necessárias algumas tentativas, em especial nos chefes, até conseguir obter sucesso. É fundamental lembrar-se de usar tudo aquilo que o jogo lhe oferece para sobreviver. Se não fizer isso, vai passar nervoso.

Alguns chefes também possuem certos pontos fracos que, se explorados, fazem lutas que pareciam ser quase impossíveis em alguns momentos, ficarem descomplicadas.

Colocando de forma mais clara, Wukong é mais difícil que God of War ou Devil May Cry, jogos com os quais, conforme disse parágrafos acima, ele se assemelha mais na jogabilidade, só que muito mais fácil do que os soulslike da FromSoftware, de onde também buscou inspiração.

Falando um pouco mais dos aspectos que se assemelham aos presentes em títulos como Dark Souls, temos coisas como os Santuários, já mencionados, e o Porongo (Frasco de Estus desse jogo) que você usa para se curar e que pode ser melhorado com itens específicos e infusões, e até mesmo trocado por Porongos mais eficazes.

O Porongo, aliás, pode ser preenchido não apenas descansando nos Santuários, mas também sugando com ele as almas que você encontrar pelo caminho, o que acaba sendo uma mão na roda muitas vezes. Tais almas são pequenas chamas verdes flutuantes presentes pelo jogo todo e que também concedem Volições. Há também as azuis, que são dos Espíritos citados anteriormente, as quais enchem o Porongo por completo.

Para deixar a experiência um pouco menos excruciante, não há penalidades ao morrer. Isso significa que você pode ficar tentando passar por determinados desafios quantas vezes quiser, pois suas Volições e experiência obtidas se manterão contigo independentemente do que aconteça. Ao ser derrotado, você renasce no último Santuário que visitou, mantendo tudo que conseguiu até sua morte.

Entretanto, é importante ressaltar que sempre que você utilizar a viagem rápida, descansar ou perecer, todos os inimigos comuns renascem.

Black Myth: Wukong é repleto de chefes para o jogador enfrentar
Black Myth: Wukong é repleto de chefes para o jogador enfrentar
Foto: Divulgação / Game Science

Regiões lineares e semiabertas

Black Myth: Wukong é dividido em capítulos, com o primeiro sendo bastante linear e direto. No entanto, assim que você chega no capítulo dois, a situação muda, com a inclusão de locais um pouco mais abertos, fornecendo uma margem maior para exploração.

Em um dado momento, numa parte mais avançada da jornada, eu cheguei em uma região tão vasta que acabei me perdendo, mas eventualmente consegui me localizar e descobrir onde ir para continuar a história e onde seguir para trilhar um caminho opcional. Por falar nisso, há até mesmo regiões inteiras dentro dos capítulos que são secretas, sendo necessário fuçar muito em determinados casos para achá-las.

Em vários lugares do game, há personagens com os quais você se depara e que apresentam missões que você pode completar para ganhar recompensas. Nesse caso, isso foi feito da mesma forma que acontece nos jogos da FromSoftware, com você tendo de prestar atenção nos diálogos deles para ver o que eles querem, não havendo marcações lhe indicando onde ir para concluir essas missões. Você é que tem de se virar e descobrir.

Um aspecto importante é que, ao completar um capítulo, você ainda pode voltar aos locais dele, mesmo estando na região onde ocorre o capítulo seguinte, desde que tenha liberado os pontos de viagem rápida nos Santuários. Isso permite completar objetivos opcionais que você deixou de lado ou não encontrou.

Jogo começa linear, mas depois se expande para regiões semiabertas, com atalhos e muitos locais para serem explorados
Jogo começa linear, mas depois se expande para regiões semiabertas, com atalhos e muitos locais para serem explorados
Foto: Divulgação / Game Science

Localização incompleta e outros aspectos que podiam ser melhores

Algo que me deixou perplexo é que, mesmo hoje, dia 16 de agosto, no momento em que essa análise estava sendo publicada, faltando quatro dias para o lançamento do jogo, há diversos textos em Black Myth: Wukong que continuam sem tradução. Jogando em português, há textos em inglês e até mesmo em chinês, seja nos nomes e descrições de determinados itens, no menu para ouvir as ótimas músicas do game ou, principalmente, no sistema de Retratos para se aprofundar mais na história.

A expectativa é de que a localização esteja totalmente pronta a tempo do lançamento na próxima terça-feira (20), ou pelo menos assim espera-se.

Outra coisa que me incomodou é que senti falta de algum tipo de habilidade recorrente que permitisse acertar alvos à distância, pois alguns inimigos te atacam de muito longe com arcos e flechas ou magias e você não tem uma forma eficaz para combater isso, além de usar a habilidade do bastão que permite bloquear as flechas. Devido a isso, é necessário chegar perto deste tipo de inimigo para derrotá-lo, o que nem sempre é prático.

Há muitos locais escondidos em Black Myth: Wukong
Há muitos locais escondidos em Black Myth: Wukong
Foto: Divulgação / Game Science

Além disso, embora o game lhe forneça três tipos de postura de ataque, não existe um motivo aparente para usar as outras duas além daquela com a qual você começa o jogo. Não há determinados inimigos que morrem apenas para um tipo de postura. Acredito que faltou um pouco mais de afinco nesse aspecto da jogabilidade. 

Nos cenários mais abertos da aventura, senti a ausência de mais indicativos visuais que permitissem ao jogador se localizar com maior exatidão, já que há lugares que, embora sejam distintos, têm estéticas visuais semelhantes, o que às vezes confunde aquele “mapa” que você monta na sua cabeça enquanto explora.

Considerações

Black Myth: Wukong - Nota 8,5
Black Myth: Wukong - Nota 8,5
Foto: Divulgação / Game On

Após seis anos em desenvolvimento, a espera por Black Myth: Wukong valeu a pena. Com belíssimos gráficos, ótima jogabilidade, bastante exploração e uma vasta quantidade de inimigos e chefes, o jogo tem muito mais acertos do que erros, sendo tranquilamente um dos títulos obrigatórios de 2024, podendo ser colocado ao lado de outros nomes de peso do gênero de RPGs de ação. 

Black Myth: Wukong chega em 20 de agosto para PC e PlayStation 5. A versão de Xbox Series X|S será disponibilizada posteriormente.

Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Game Science.

Fonte: Game On
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