Bleach Rebirth of Souls é o jogo que os fãs mereciam há muito tempo
Após anos de espera, Bleach retorna aos consoles e PC
Já se passaram exatos 14 anos desde que Bleach recebeu seu último jogo original para consoles: o exclusivo de PlayStation 3, Bleach: Soul Resurrección. Embora a franquia tenha ganhado um jogo gacha para celulares, que posteriormente foi portado para consoles, não era o que muitos fãs esperavam.
Durante esse longo período, Bleach não apenas ficou sem novos jogos dedicados para consoles, mas também só começou a receber uma adaptação do arco final do anime em 2022. O maior temor dos fãs ao, finalmente, ver um novo anúncio da saga, é que ele acabe sendo apenas mais um “clone” da franquia Naruto: Ultimate Ninja Storm. É a árdua tarefa de Bleach: Rebirth of Souls: não ser apenas mais um jogo genérico de anime.
Ceifeiros de almas
O modo história pode não ser exatamente o que muitos esperavam, especialmente após tantos anos de espera, mas ainda assim se mostra bastante competente, e bem explicativo para quem não conhece bem a trama. A narrativa é apresentada em uma linha do tempo que separa cada arco, começando pelo arco do substituto, quando Ichigo recebe os poderes de Ceifeiro concedidos por Rukia e inicia sua jornada caçando os Hollows. Cada fase conta com longas cutscenes que parecem ter sido tiradas diretamente do anime, algumas chegando a durar tanto que lembram um episódio completo.
Além das cenas longas que retratam a história principal, algumas fases apresentam sequências em um estilo mais estilizado, remetendo ao mangá, mas de forma colorida. Essas cenas são usadas principalmente para aprofundar a história de personagens secundários, como Kon, Orihime e Chad. Outro modo dedicado a esses personagens secundários no jogo é chamado de “história secreta”, que consiste em missões desbloqueadas ao cumprir determinados objetivos extras durante a campanha principal.
A cada fase, enfrentamos Hollows, que apresentam um bom nível de desafio devido ao combate. No entanto, o jogo não se resume apenas a isso. Em algumas fases, também controlamos outros personagens além de Ichigo, como Uryu, Kenpachi, Yoruichi e muitos outros. Além dos Hollows, os fãs do anime podem esperar batalhas memoráveis contra inimigos icônicos, como Ulquiorra e Aizen.
O que pode ser considerado uma decepção é o ponto onde o jogo encerra sua história. Como começamos no arco do Substituto, era esperado que a narrativa avançasse pelo menos até o início da Guerra Sangrenta dos Mil Anos. No entanto, o jogo cobre apenas até o arco dos Arrancar. Embora esse seja um dos arcos mais populares da franquia, o jogo poderia ter ido além.
Recheado de conteúdo
Para quem concluir o modo história e se perguntar o que fazer depois, o jogo oferece vários outros modos. Além dos tradicionais modos de treinamento e tutorial, há também um guia de batalha que ensina apenas o básico dos comandos.
Há também um modo Versus, que pode ser jogado contra a CPU ou outro jogador no mesmo console. O elenco é composto por 32 personagens, além de um secreto. Um detalhe interessante nesse modo é que certas combinações de personagens ativam interações únicas no início das lutas. Por exemplo, ao colocar Rukia contra seu irmão Byakuya ou Soi Fon contra Yoruichi, os personagens trocam diálogos especiais antes do combate.
Há também um modo semelhante ao arcade, chamado "Missões", que é dividido em três níveis de dificuldade. Ao derrotar todos os adversários nesse modo, o jogador é recompensado com Pontos de Alma, que podem ser gastos na loja do Urahara para adquirir itens cosméticos para o perfil. Além disso, é possível obter Cristais de Alma e Talismãs Espirituais, que aumentam os atributos dos personagens, ambos também disponíveis para compra na loja.
O modo online, por sua vez, é bastante decepcionante, oferecendo apenas dois tipos de partidas: livre e salas personalizadas. A ausência de crossplay e de um modo ranqueado faz falta, especialmente para os jogadores que gostam de desafios competitivos. Essa foi uma grande oportunidade perdida por parte da desenvolvedora.
Combate com regras
Em Bleach Rebirth of Souls, o combate foge do padrão, mesmo sendo um tradicional jogo de luta em arena 3D. Os comandos de golpes básicos seguem a lógica de Pedra, Papel e Tesoura, além dos botões de bloqueio e ruptura. O comando de ruptura permite quebrar a defesa do oponente, mas, caso você seja atingido por esse golpe, sofrerá o mesmo efeito.
Outro detalhe interessante são os meios de deslocamento durante as lutas, com destaque para as Manobras de Hohou, que permitem teletransportar o personagem para perto do adversário ou até mesmo para as costas dele para obter vantagem. Cada personagem também possui uma barra chamada Poder Espiritual, que serve para usar golpes mais poderosos na luta. Esses golpes são chamados Técnicas de Pressão Espiritual, e cada personagem possui técnicas distintas.
O que diferencia Rebirth of Souls de outros do gênero é a barra de vida, chamada Konpaku, que só é reduzida quando usamos a técnica Kikon. Essa técnica pode ser ativada a qualquer momento durante a luta, mas para que tenha um efeito real nos Konpakus, deve ser utilizada quando a interface exibe um dos dois avisos: Soul Breaker, que aparece quando a barra de partículas espirituais do adversário é reduzida, e Now or Never, indicando o momento ideal para agir e poder ganhar a luta quando todos Konpakus são zerados.
Cada personagem possui uma barra intitulada Espírito de Luta. Quando essa barra é preenchida, os jogadores podem ativar a habilidade de Despertar. Dependendo do personagem, esse despertar pode liberar o poder Bankai, Shikai ou Resurrección. Com essa habilidade ativada, os Kikon passam a reduzir ainda mais os Konpakus, funcionando como uma espécie de segunda chance para quem estiver perto de perder a partida.
O combate acaba perdendo um pouco da sua magia devido à resolução exibida na tela, que é baixa demais. Os gráficos e menus são bem bonitos e estilizados, por exemplo, sendo um dos mais charmosos que já vi em títulos de anime. Os Bankais, Kikons e as frases do narrador surgindo na tela são visuais impressionantes, mas, em alguns momentos, a resolução parece cair abaixo de 720p, mesmo jogando em um PlayStation 5, o que compromete o resultado e a experiência.
Considerações
Bleach Rebirth of Souls entrega um combate diferenciado e cheio de personalidade, resgatando a essência da franquia de forma competente. Há bons modos de jogo, visuais estilizados e mecânicas estratégicas que fogem do padrão dos títulos de luta em arena. No entanto, a ausência de conteúdo do arco final, as limitações do modo online e os problemas de resolução na parte técnica podem frustrar os fãs mais exigentes. Ainda assim, para aqueles que esperavam por qualquer coisa de Bleach nos consoles há mais de uma década, há algo divertido e que vale a pena aqui.
Bleach Rebirth of Souls está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Bandai Namco.