DeathSprint 66 tem boas ideias, mas carece de conteúdo
Corridas mortais e velozes não são o suficiente
O mercado para jogos multiplayer está mais competitivo do que nunca e não há nenhuma chance de um novato sobreviver se não tiver ideias inovadoras na sua proposta, como vimos recentemente com Concord. Essa é a parte mais difícil e onde DeathSprint 66, novo jogo da Sumo Digital, brilha.
No entanto, a boa ideia é apenas o primeiro passo e falta rechear o produto final com conteúdo de qualidade, o que, infelizmente, não é o caso aqui.
Velocidade sobre pernas
DeathSprint 66 é um jogo de corrida arcade, nos moldes dos jogos de Kart com personagens famosos que jogamos desde o Super Nintendo, no entanto, a proposta aqui é bem mais violenta, digamos assim.
No lugar de carrinhos com personagens fofos, o jogador está na pele de um corredor futurista em um traje quase robótico, percorrendo o percurso com as próprias pernas ao deslizar por rampas e corrimões em altíssima velocidade. Em vez de fases coloridas com obstáculos engraçadinhos, os corredores aqui arriscam a vida contra armadilhas a laser mortais e usam diversas ferramentas para matar os adversários e chegar na frente.
Os gráficos adotam um estilo bem realista e a ambientação é em um futuro cyberpunk repleto de neon e sangue. Embora a proposta possa parecer exagerada, funciona muito bem e visualmente o jogo convence, especialmente em altíssima velocidade, quando flashes do neon se misturam com os pilotos e formam quase uma dança de cores e sangue pela.
O grande diferencial aqui é o gameplay com os corredores usando as próprias pernas para alcançar velocidades incríveis. Todas as fases são repletas e rampas e o chão permite que se deslize após acelerar até certo ponto. Essas deslizadas, ou derrapadas, funcionam como nos jogos de Kart que você já conhece, e permitem fazer as curvas mais fechadas sem sair da pista para uma morte horrível em espinhos ou choque.
Nosso personagem também tem uma série de movimentos que dão uma pegada bem autoral ao gameplay. É permitido pular em altas velocidades e se agarrar em corrimões, por exemplo. Enquanto se percorre esses corrimões, dá para deslocar o corpo para a esquerda ou direita, evitando obstáculos e coletando energia ou power ups.
A energia aqui é chamada de hype, pelo delírio da plateia doente e sedenta por um espetáculo de morte mesmo. Ao atingir certa quantidade de hype, é possível impulsionar o corredor e aumentar muito a velocidade.
As corridas rolam com até oito jogadores e a tela fica bem tumultuada em vários momentos. Um tenta atrapalhar o outro e é preciso muita atenção para não cair em um obstáculo ou levar um dos power ups inimigos. A variedade destes power ups vai de escudos magnéticos que sugam energia até anéis de espinho que trituram os inimigos. Visualmente essa parte não me agradou muito. Feitos de uma espécie de energia, esses power ups não tem animações tão legais e poluem demais a tela, dificultando o entendimento do que está rolando.
Pouco conteúdo
Se o gameplay é legal e correr contra os adversários bem divertido, o conteúdo afunda toda a proposta, uma vez que fornece pouquíssimo a se fazer no momento.
Na prática há apenas três modos de jogo. O primeiro é o multiplayer, onde é possível correr contra outros jogadores. O segundo é um para se jogar sozinho e tentar fazer desafios nos mapas disponíveis no lançamento, como bater tempos ou completar voltas sem morrer. E por fim o modo de treino, para correr livremente pelas pistas ou treinar contra uma IA. E é só.
No modo multiplayer não há playlists de fases para escolher, modos torneio ou qualquer coisa mais interessante. É dar play e já procurar um jogo sem muita variação. No início é divertido, mas logo o cansaço bate.
Já no modo para se jogar sozinho não há nenhuma campanha e os desafios são pouco convidativos, especialmente por serem bem repetitivos. O modo de treino pouco adiciona ao todo também.
No entanto, o que mais decepciona é a progressão. Sendo um jogo multiplayer, é esperado um foco grande nesta parte do conteúdo. A única modificação que posso fazer no meu corredor é nas cores do traje, com paletas liberadas à medida em que se vai jogando. Não há opções de roupas ou armaduras diferentes e legais, sequer há uma loja com mais coisas para comprar com qualquer tipo de moeda que seja. Isso acaba agregando na parte do cansaço e diminui muito a vontade de retornar.
Considerações
DeathSprint 66 é um jogo divertido e com personalidade, mas carece demais de conteúdo para justificar o investimento do jogador. Os modos de jogo são simples e escassos e a progressão, tanto cosmética quanto de habilidades, praticamente inexiste. É torcer para que sobreviva até os desenvolvedores lançarem mais coisas, mas a chance de ser tarde demais é grande.
Atualmente Deathsprint 66 encontra-se disponível para PC.
Esta análise foi feita com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Secret Mode.