Dragon Ball: Sparking! Zero marca renascimento de Budokai Tenkaichi
Jogo resgata a sensação das batalhas dos títulos de sucesso lançados para PlayStation 2 e Wii
Após muitos anos de espera, finalmente temos um novo lançamento na série Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi, na forma de Dragon Ball: Sparking! Zero, que chega não apenas com visuais de nova geração, mas também com uma jogabilidade frenética e quase 200 personagens para os jogadores escolherem.
Depois de testar o novo título na gamescom latam por menos tempo do que eu gostaria, finalmente pude aproveitar o jogo completo com calma nos últimos dias, tendo ficado satisfeito com o resultado.
Gráficos turbinados
Algo que chama a atenção logo de cara são os visuais, alimentados pelo motor gráfico Unreal Engine 5 e que deixam Dragon Ball com uma das melhores apresentações gráficas até hoje nos games da série. Isso começa logo nos menus, que contam com interações entre os personagens do anime, enquanto Goku voa e se teletransporta de um local para outro.
Aliás, falando nisso, os personagens são incrivelmente bem detalhados durante as lutas, ficando sujos, machucados e com as roupas rasgadas caso apanhem demais. Os muitos cenários à disposição também foram feitos com capricho, sendo totalmente destrutíveis, e tudo fica ainda melhor se você tiver como jogar com HDR, que foi muito bem implementado aqui.
No PC, plataforma na qual joguei Dragon Ball: Sparking! Zero, rodei sem maiores problemas em 4K nativo e 60 fps usando uma GeForce RTX 4070. Infelizmente o jogo não conta com ferramentas de upscaling, como DLSS e FSR, e possui poucas opções de customização nos gráficos.
Como o game foi feito na Unreal Engine 5, eu fui jogar imaginando que talvez teria problemas de engasgadas, torcendo para não ser esse caso. Mas o jogo apresenta sim, ao menos no computador, ocasiões onde a taxa de quadros dá umas “travadas” por causa do carregamento dos sombreadores, que ocorrem em tempo real em Sparking! Zero. Felizmente, ao longo das diversas batalhas que travei, não foi algo que prejudicou a experiência como um todo, ao menos no meu caso. Há também pop-ins de texturas em certas ocasiões.
Jogabilidade de Budokai Tenkaichi com algumas novidades
Dragon Ball: Sparking! Zero, assim como Budokai Tenkaichi, apresenta uma jogabilidade que não é difícil de aprender os primeiros passos, mas dominá-la já é outra história. Mesmo após concluir o modo de treinamento ao lado de Gohan e Piccolo, apenas depois de lutar muitas e muitas vezes por diversas horas é que você começará a pegar verdadeiramente o jeito no game. E ainda assim, me vi voltando ao modo de treino para relembrar algumas coisas até decorá-las.
Há dois tipos de layout para os botões no controle, sendo um padrão, que é o recomendado pelo Bandai Namco, e o clássico, que imita o esquema dos jogos originais de PlayStation 2 e Wii. Eu acabei conseguindo me adaptar ao controle padrão, embora estivesse mais familiarizado com o clássico.
Falando de como funciona o gameplay, ele está essencialmente igual ao de Budokai Tenkaichi, com você podendo se mover livremente pelos cenários, carregar seu Ki para usar seus ataques especiais, realizar transformações, trocar de personagem nas lutas em equipe, fazer interações únicas entre os lutadores, equipar cápsulas para aumentar seus poderes, e assim por diante. No entanto, há algumas adições muito bem-vindas.
Entre elas, há um contador de habilidades que aumenta à medida que você realiza ações na batalha, lhe dando acesso a mais golpes especiais, uma arrancada curta que fornece uma nova forma de se aproximar do oponente para atacá-lo ou começar um combo, e um novo tipo de contra-ataque que funciona de forma parecida com repelir o golpe do oponente, só que imitando aqueles momentos do anime em que dois personagens trocam socos um contra o outro.
Há também um novo movimento chamado Super Percepção, que permite sobrepujar diversos tipos de ataques do inimigo, sejam físicos ou até mesmo rajadas de Ki, enquanto é atingido por esse golpe do adversário, e o Ataque Evanescente, um novo tipo de ataque rápido que você pode usar para golpear o oponente quase que instantaneamente, sendo difícil de ser defendido se feito corretamente.
O modo Sparking, que dá nome ao game, também é ótimo de se usar. Ele dura alguns segundos e é ativado quando você carrega completamente seu Ki, tendo ao menos uma barra no contador de habilidades. Ele fornece acesso a golpes como Explosão Suprema, Hiperesmagamento e aumenta o número de ataques que você pode executar em um combo, podendo ser um trunfo para virar o rumo de uma luta.
Vale ressaltar que, com um elenco tão amplo de personagens diferentes, alguns deles são claramente mais fortes do que outros, então dependendo da sua escolha quando for jogar online, contra o computador, ou tirar um versus contra um amigo no sofá, a situação pode ficar mais fácil ou mais complicada dependendo de quais lutadores você selecionar. Goku e Vegeta, por exemplo, são ótimas escolhas para começar a jogar, enquanto que nomes como Videl ou Mestre Kame são voltados aos jogadores que desejam um desafio a mais, e Vegetto Super Saiyajin Blue ou Gogeta Super Saiyain 4 são para quem quer vida fácil.
Ainda falando do gameplay, existem configurações de acessibilidade que fazem com que certas ações na luta sejam feitas de forma automática, visando ajudar os jogadores menos experientes que também querem aproveitar Dragon Ball: Sparking! Zero.
No lado negativo, a câmera nas batalhas precisa ser ajustada, pois em diversas ocasiões me deparei com ela colidindo em objetos como rochas, montanhas, prédios e até mesmo no chão, atrapalhando minha visão do que estava acontecendo na luta.
A trilha sonora, embora seja boa, não apresenta o mesmo impacto daquela do anime nos confrontos. A melhor música, aliás, é o tema de uma das aberturas de Dragon Ball Super, que foi incluído no game, mas as trilhas de Dragon Ball Z e GT infelizmente encontram-se ausentes aqui. Eu sei que é difícil, devido aos direitos envolvidos nas músicas, mas espero que a Bandai Namco tente colocá-las no jogo futuramente.
Também senti falta, mais uma vez, da tão solicitada dublagem em português. Mais um jogo de Dragon Ball sendo lançado sem isso. Uma verdadeira lástima. Ao menos temos as vozes originais em japonês, que também são ótimas.
Campanha que permite mudar a história de Dragon Ball
Quem estiver interessado em Dragon Ball: Sparking! Zero pelo single player, ficará a maior parte do tempo no modo Batalha de Episódio, que permite reviver momentos importantes de Dragon Ball Z e Dragon Ball Super usando oito personagens diferentes, incluindo Goku, Vegeta, Freeza, entre outros.
O mais legal desse modo é que, além de você poder reviver a história original do anime na perspectiva de vários personagens, consegue também desbloquear arcos adicionais que fornecem lutas ou cenas inéditas, alterando a história, lhe permitindo ver o que aconteceria se, por exemplo, Goku não aceitasse a ajuda de Piccolo para enfrentar Raditz, ou se Freeza tivesse conseguido derrotar Goku em Namekusei.
São diversas possibilidades de mudança na narrativa do desenho da TV, o que fará com que os jogadores passem um bom tempo neste modo para descobrir tudo que aconteceria se a aventura de Goku e dos demais Guerreiros Z transcorresse de forma diferente. Liberar alguns desses novos arcos, inclusive, é bem desafiador, requerendo várias tentativas.
Uma ressalva envolve a qualidade das cutscenes pré-renderizadas que são mostradas neste modo enquanto você vai progredindo na história, sendo bem inferior em comparação com as cenas que ocorrem em tempo real, ao menos com o jogo rodando no PC em 4K nativo.
Outro modo que chama a atenção é o da Batalha Personalizada, que envolve um editor que permite criar suas próprias batalhas, com direito a títulos, história, legendas, cenas de introdução e conclusão, e mais. Após fazer uma e testá-la, você pode subir ela nos servidores da Bandai Namco para outros jogadores experimentarem. Há também algumas feitas pela própria desenvolvedora para você jogar.
Quem curte os famosos torneios de artes marciais de Dragon Ball também estará bem servido, sendo possível jogar o Torneio Mundial, de Cell, do Outro Mundo, dos Destruidores, do Poder e de…Yamcha?! Há também a possibilidade de criar seu próprio torneio customizado, com as regras que você preferir.
Dependendo das regras, tais torneios podem ser disputados online e offline em partidas individuais, em grupo ou então do tipo DP (Destruction Point), onde cada personagem vale uma pontuação específica e você tem apenas um determinado número de pontos para montar sua equipe. Há também lutas casuais e ranqueadas, seguindo os mesmos critérios.
Falando da customização, Dragon Ball: Sparking! Zero não possui microtransações, com tudo sendo desbloqueado por meio de desafios e missões que você completa, progredindo nos modos de jogo, ou então por meio da loja usando a moeda virtual Zeni, obtida jogando. Desbloqueio de personagens, novos trajes, cápsulas, títulos, músicas, e assim por diante, tudo é liberado dessa forma.
Caso você reúna as sete esferas do dragão, sejam de Shenlong, Porunga ou Super Shenlong, algo que é mais fácil de se falar do que de se fazer, pode pedir coisas como Zeni, aumento de nível, e mais, com base no seu desejo.
Há também uma enciclopédia onde você acessa informações sobre cada personagem, com comentários de Chi Chi, Bulma e Videl numa conversa descontraída e, em certos momentos, até engraçada.
Conclusão
O desejo dos fãs que não aguentavam mais esperar por outro Budokai Tenkaichi foi realizado com Dragon Ball: Sparking! Zero. Com batalhas divertidas e eletrizantes, ótimos gráficos, um gigantesco elenco de personagens, e uma campanha que permite alterar os acontecimentos do anime, trata-se de uma ótima pedida para quem se amarra em uma das obras mais famosas do mundo.
Dragon Ball: Sparking! Zero será lançado em 11 de outubro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Quem tiver a edição digital Deluxe ou Ultimate pode começar jogar antecipadamente ainda hoje (7), a partir das 19h (horário de Brasília).
Esta análise foi feita no PC com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Bandai Namco.
