Eternal Strands é promissor, mas tropeça no básico
Uma aventura ambiciosa que não sustenta seu próprio potencial
Eternal Strands é um daqueles jogos de grande expectativa por quem acompanha com mais afinco o mundo dos games, principalmente por conta das mentes por trás do projeto. O título foi desenvolvido pela Yellow Brick Games, estúdio fundado por veteranos da indústria, incluindo um dos criadores de nada menos que Dragon Age.
Com isso, surge a inevitável pergunta: será que desenvolvedores desse calibre conseguem recriar a mesma magia e sucesso que conquistaram no passado? Ou vão ter dificuldade perante os desafios de estabelecer uma nova identidade em vista do peso das suas franquias do passado.
Os segredos do Enclave
Em Eternal Strands, a história acompanha Brynn, uma recém-integrante de um grupo de Tecelões, equivalentes aos magos em histórias de fantasia clássicas. Junto de seu grupo, ela parte em busca dos segredos obscuros do Enclave, uma antiga cidade fundada por grandes Tecelões.
O local era conhecido por formar os melhores guerreiros treinados em magia e por suas extraordinárias criações. No entanto, em determinado momento, seus moradores ergueram uma barreira mágica conhecida como Véu, isolando-se completamente do mundo exterior. Com o tempo, toda a civilização desapareceu, deixando para trás apenas ruínas cercadas por essa energia letal para qualquer um que se aproxime.
Brynn e seu grupo conseguem adentrar o Enclave, mas a líder, Ória Harpinae, acaba ferida pelo Véu. Com isso, a protagonista assume a responsabilidade de investigar o que aconteceu com a civilização que habitava o local e buscar uma maneira de desativar o Véu, que ainda envolve a cidade em seu misterioso isolamento.
A narrativa de fundo é bastante interessante e combina com o que é visto durante os momentos de exploração. Embora o jogo siga uma estrutura de missões tradicional, permitindo que o jogador escolha qual seguir, ele oferece liberdade para explorar e desvendar os segredos de cada local visitado. Entre esses segredos, há chefes ocultos e pergaminhos que revelam detalhes não apenas sobre o Enclave, mas também sobre toda a mitologia criada para o jogo.
Algo que merece destaque, além da história, é a interação entre os companheiros. Tanto no acampamento quanto durante as missões, as conversas entre os personagens são um dos pontos altos de Eternal Strands. Mesmo com poucas informações iniciais sobre a formação do grupo, a conexão entre eles é genuína, transmitindo a sensação de que realmente se importam uns com os outros. Conforme o jogo avança e novas missões secundárias são desbloqueadas, é possível aprofundar essas relações, fazendo perguntas sobre os acontecimentos da trama e descobrindo mais sobre o passado de cada integrante.
Uma exploração cansativa
No início, a exploração se destaca como um dos aspectos mais interessantes do jogo, já que quase todo o cenário é destrutível. Em diversas ocasiões, é possível encontrar brilhos em sacos e caixas que, ao serem destruídos, fornecem recursos valiosos para recuperar vida, criar novos equipamentos ou aprimorar itens existentes.
Esses mesmos recursos podem ser reciclados e utilizados para melhorar setores do acampamento, adicionando uma camada estratégica à gestão de suprimentos, já que é preciso abrir mão desses itens que poderiam ser usados para aprimorar seus equipamentos. Além disso, ao explorar as regiões, também é possível encontrar projetos que permitem a criação de novas armas e armaduras, incentivando a busca por segredos e recompensas espalhadas pelo mapa.
Com o tempo e avançando para novas áreas, fica evidente que, em poucas horas de jogo, já se tem uma noção de praticamente tudo que ele tem a oferecer ao longo de sua extensa campanha. Isso é uma pena, pois, no início, a exploração é realmente interessante e transmite uma sensação genuína de liberdade. No entanto, conforme o progresso avança, fica claro que, no fim, tudo se resume a um grande "grind" para melhorar os setores do acampamento e obter os equipamentos que realmente são úteis contra chefes e inimigos.
Batalhas contra grandes chefes
Um dos principais atrativos do jogo desde seu anúncio são as batalhas contra grandes inimigos, como dragões e os imponentes Arcs, que são colossos gigantes que empunham diferentes armas dependendo da região. O primeiro confronto com um Arc é incrível, despertando aquele clássico pensamento de “Como vou derrotar isso?”.
Principalmente no começo, quando nossa personagem ainda é fraca, seus golpes de espada e arco parecem apenas arranhar esses gigantes. Além disso, a barra de vigor se esvazia rapidamente, o que dificulta a escalada nos Arcontes para atingir seus pontos fracos e vencer a luta. No entanto, o jogo peca ao transformar essas batalhas, que deveriam ser épicas e únicas, em algo recorrente. Os Arcontes acabam se tornando inimigos comuns de cada região e, com o tempo, basta um olhar para identificar qual tipo de Arc está à sua frente, permitindo traçar uma estratégia para derrotá-lo da forma mais rápida possível.
Por mais que essas batalhas se tornem uma espécie de lista de afazeres, ainda é necessário enfrentá-los para obter os “Fios”, essências mágicas contidas em cada manto que Brynn pode utilizar. Os mantos são divididos em três categorias: gelo, fogo e cinético, e a única maneira de evoluí-los e desbloquear novas variações de suas habilidades é derrotando esses colossais inimigos.
Considerações
Eternal Strands tem um conceito interessante e um mundo que instiga a exploração, combinando um combate simples com uma boa narrativa. No entanto, conforme avançamos na jornada, algumas de suas mecânicas começam a perder o impacto inicial. A exploração, que inicialmente oferece uma sensação de liberdade e descoberta, eventualmente se torna repetitiva, enquanto as batalhas contra os grandes inimigos, que deveriam ser momentos épicos, acabam se tornando uma tarefa rotineira.
Eternal Strands está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no Xbox Series, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela ID@Xbox.