Exoprimal é um hero shooter repetitivo, mas com potencial
A nova aposta da Capcom combina PvP com cooperação em um mundo devastado por dinossauros
Lançado recentemente para as plataformas atuais e incluído no catálogo do Xbox Game Pass, Exoprimal é a tentativa da Capcom de criar uma abordagem diferente do estilo "hero shooter" que conhecemos. Isso é feito através de elementos cooperativos e de um mundo completamente devastado por dinossauros.
Mas afinal, a nova aposta da desenvolvedora japonesa consegue ser uma experiência sólida?
Dinossauros e Inteligência Artificial
Preciso admitir que eu não esperava muito de Exoprimal. Desde o anúncio, o jogo me passava uma sensação estranha, como se diferentes gêneros estivessem misturados em um único produto. Além disso, o marketing adotado pela Capcom nunca foi o suficiente para ganhar meu interesse. Porém, depois de finalmente ter a oportunidade de jogar, devo confessar que a ideia não é totalmente ruim — mas poderia ser melhor.
Exoprimal é um jogo cooperativo que tem uma história de pano de fundo que serve para dar fundamento a um cenário improvável, onde dinossauros atacam como se fossem zumbis. Em um futuro próximo, uma Inteligência Artificial — curiosamente dublada por uma IA de verdade — ligada à empresa Aibius ganhou consciência e, através da tecnologia e da ciência, conseguiu isolar uma ilha no Pacífico para realizar diferentes testes com um simples objetivo: aperfeiçoar os "trajes mecânicos" da Aibius e criar combatentes mais poderosos.
Devido a um acidente, toda a população da ilha acabou dizimada, e a ameaça dos dinossauros se estendeu por todo o planeta. Logo em seguida, a Aibius criou diferentes times de pesquisadores e soldados e recrutou pessoas ao redor do globo para tentar conter a ameaça. Em Exoprimal, o jogador assume o papel de um protagonista sem nome e sem voz, que por ironia do destino acabou sendo classificado em um esquadrão de desajustados.
Este esquadrão é enviado para vigiar e invadir a ilha, mas logo acaba capturado por um vórtex temporal. Esse vórtex leva o jogador para uma arena controlada pela IA Leviatã, que cria “jogos de guerra” para testar as habilidades dos soldados. É através destes jogos de guerra que a história progride, mas não de uma forma tradicional.
Jogabilidade existe em um ciclo repetitivo
Infelizmente, a história do jogo é totalmente dependente das partidas online. Ou seja, Exoprimal não tem uma campanha tradicional para os jogadores que não se interessam por multiplayer. Para progredir, é necessário jogar uma quantidade específica de partidas, que acabam recompensando o jogador com alguma cutscene ou com algum diário de bordo explicando novos detalhes do mundo do jogo.
Apesar de ser considerado normal que um jogo competitivo tenha um ciclo de repetição em suas partidas, Exoprimal acaba tendo problemas para executá-lo de uma forma que se mantenha interessante por muito tempo. Todas as partidas giram em torno de andar até um certo ponto no mapa, eliminar uma horda de dinossauros, completar objetivos secundários e prosseguir para o próximo ponto. Eu sei que se eu for exemplificar qualquer jogo multiplayer desta forma, ele também vai parecer uma bagunça repetitiva, mas a falta de conteúdo em Exoprimal faz com que estes problemas sejam ainda mais notáveis do que o normal.
A partida é dividida entre dois times que competem para ver quem consegue eliminar mais dinossauros em uma espécie de corrida contra o tempo. Ao finalizar o quinto round, as duas equipes são transportadas para um novo cenário, onde é permitido que ambos os times se enfrentem diretamente no combate com os heróis disponíveis.
O combate do jogo é muito divertido, principalmente por conta da variedade de heróis disponíveis para escolha. O meu favorito foi Zéfiro, um espadachim ágil que consegue cortar no meio as hordas e eliminar vários inimigos de uma só vez. Mesmo com ele, não demorou para que eu me cansasse das partidas.
O jogo até tenta criar alguns momentos diferenciados, como a possibilidade de invadir a base inimiga controlando um dinossauro como T-Rex ou um Triceratops, mas a fundação de toda partida é basicamente a mesma, e eu acredito que faltou uma variedade de modos de jogo para evitar que o jogador se cansasse tão rápido.
Considerações
Exoprimal não é o pior jogo que joguei neste ano, muito pelo contrário. Eu gostei muito das partidas e do combate, porém a falta de conteúdo disponível no lançamento me fez questionar se era realmente necessário lançar o jogo desta forma. Cada partida recicla uma lista de submodos pré-selecionados pela IA, mas com apenas algumas horas você já vai ter experimentado tudo que o jogo oferece.
Acredito que Exoprimal tem potencial para ser um grande título algum dia - ele foi uma grande surpresa, afina. Porém, no momento ele ficará apenas na fila de jogos que estão longe de ser prioridade no meu dia a dia - embora, com certeza, irei revisitá-lo ocasionalmente, conforme novas temporadas forem lançadas.
Exoprimal já está disponível para PC, PlayStaton 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S. Vale lembrar que o jogo está disponível para assinantes do Xbox Game Pass.