Ghostrunner 2 traz ação frenética em cenário cyberpunk
Mesmo que peque um pouco por excessos, jogo evolui e consolida franquia de ação da One More Level
Lançado em 2020, o primeiro Ghostrunner surpreendeu com seu jogo rápido, extremamente fluido e que mergulha o jogador em cerca de sete horas de pura ação. Uma ação tão boa que deixava a história, mesmo que promissora, em segundo plano – e tudo bem.
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Ghostrunner 2 é a consolidação de uma franquia claramente inspirada em Mirror's Edge, mas que é ainda mais intensa e, o melhor, com katanas.
Ghostrunner 2 se passa um ano após os acontecimentos de seu antecessor. Jack, o protagonista, agora vive como um herói. Até descobrir que um grupo de seres mecânicos quer ocupar o poder, o espaço deixado pela Guardiã das Chaves, a tirana que dominava a Torre Dharma, o último refúgio da humanidade. É hora de desembainhar sua katana uma vez mais.
O primeiro capítulo do jogo serve como um tutorial – ou como uma recapitulação para aqueles que jogaram o primeiro jogo – e faz isso bem.
Perceber a essência de Ghostrunner 2 é um processo fácil e punitivo: é preciso ser rápido, e não há espaço para erros. Se por um lado os comandos são precisos e as possibilidades quase infinitas, por outro, receber um único golpe é fatal. Essas são características que foram vistas no primeiro jogo e que se tornaram a personalidade da franquia desenvolvida pela One More Level.
A essência é mantida, mas há novidades. Novas habilidades, um novo sistema de progressão e inimigos mais diversificados e inteligentes garantem frescor ao jogo. Os chefes continuam difíceis e protagonizam momentos que ficam na memória, seja pelo desafio ou pela raiva que causam, principalmente quando estão sendo quase derrotados.
Algumas novidades escancaram um certo exagero dos desenvolvedores, que ousaram um pouco demais. Alguns trechos em que é preciso pilotar uma rápida motocicleta são inicialmente divertidos, mas logo se mostram desnecessários. Exageros à parte, a ação de Ghostrunner 2, ainda assim, se mostra além de qualquer elogio – e não é o único elemento que os merece.
Os estágios, mais complexos do que no primeiro título, são um dos maiores trunfos do jogo. Cada fase parece um pequeno quebra-cabeça a ser resolvido. Corra, pule, execute um inimigo, desvie de tiros, execute um outro inimigo, use ambientes interativos ao seu favor: há diversas formas de superar um mesmo estágio, e tudo depende da criatividade e da visão do todo do jogador. Também existem muitos colecionáveis espalhados pelos estágios, como visuais para a katana e para as luvas e artefatos de um mundo que já não existe mais. E esses colecionáveis são um motivo a mais para revisitar cada etapa – prato cheio para colecionistas.
Outra novidade é a exploração da área externa à Torre Dharma. O deserto pós-apocalíptico que cerca o refúgio parece interessante à primeira vista e até abriga batalhas marcantes, mas não há muito o que se fazer nele em termos de exploração. Outro exagero. Ainda assim, é impossível negar sua beleza e não notar o contraste de cores e tons com os néons marcantes da torre, típicos de um cenário cyberpunk.
O que também poderia ter sido melhor pensado é a profundidade da história. Ghostrunner 2 tenta ser mais humano e há interação com diversos NPCs, mas nada que realmente enriqueça a experiência. Um paralelo possível é com a franquia John Wick, que apesar da qualidade incontestável quando o assunto é ação, errou mais do que acertou ao tentar aprofundar demais a mitologia em torno do lacônico protagonista.
Por fim, nada poderia combinar melhor com o jogo do que sua trilha sonora synthwave. Absolutamente perfeita.
Considerações
Ghostrunner 2 é um jogo de ação fenomenal, mas que às vezes tenta ir além do que deveria - e acaba se atrapalhando. É uma experiência que recomendo muito neste final de 2023, um ano que teve muitos jogos excelentes.
Ghostrunner 2 está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5 com uma cópia gentilmente cedida pela 505 Games.