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Gotham Knights é bom jogo de ação, mas peca pela repetição

Batman já era no novo universo da Warner Montreal e agora Batgirl, Robin, Asa Noturna e Capuz Vermelho precisam defender Gotham

20 out 2022 - 08h00
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Gotham precisa dos seus novos heróis
Gotham precisa dos seus novos heróis
Foto: Gotham Knights / Reprodução

A primeira vista Gotham Knights pode parecer ousado ao tentar mudar boa parte da fundação criada pelos jogos Batman Arkham na última década, todos de muito sucesso por sinal. No entanto, como estamos falando de ir para um modelo de multiplayer cooperativo, o que ficou foi uma preocupação de ter ocorrido exatamente o contrário: a WB Montreal ter cedido à tendência atual de jogos como serviço. 

Sistema de níveis, busca por roupinhas, números pipocando na tela ao causar dano, tudo isso está aqui, mas, felizmente ou infelizmente, dependendo da sua preferência, o foco está em uma campanha repleta de mistério, ação e um tantinho exagerado de repetição que pode ser apreciada com amigos e, sem nenhum problema, sozinho também.

Pupilos do Cavaleiro das Trevas

Vale lembrar que este universo é inédito na franquia recente do Batman nos games e não faz parte da história contada nos jogos Arkham. A abertura já vai chocar os desavisados, inclusive, uma vez que a primeira cutscene é nada menos que a morte do Batman. Sem o morcegão para patrulhar as ruas de Gotham, o crime escalou exponencialmente em questão de semanas. A polícia, que também perdeu o icônico comissário Gordon antes mesmo do Bruce Wayne, já conta com mais corruptos do que honestos nas suas fileiras. A esperança da cidade, então, fica nos pupilos ainda meio verdes do cavaleiro das trevas.

Batman passa a tocha para os seus pupilos em Gotham Knights
Batman passa a tocha para os seus pupilos em Gotham Knights
Foto: Gotham Knights / Reprodução

Aqui temos a primeira grande diferença dos jogos Arkham. Em vez de controlar apenas um personagem, é possível escolher entre quatro diferentes, cada um com um estilo de combate e movimentação próprios. Batgirl é um mix de suporte com foco em dano crítico. Asa Noturna aposta em acrobacias e dardos repletos de efeitos. Robin é o especialista em furtividade e causa efeitos adversos nos inimigos. Capuz Vermelho, talvez o menos popular e conhecido dentre os quatro vigilantes, combate o crime com pistolas e causa dano massivo em diversas distâncias. Embora a dinâmica de gameplay seja bem diferente de um para o outro, a escolha não impacta no andamento da história, tirando algumas mudanças leves nas cutscenes. É possível, inclusive, trocar de personagem a qualquer momento, o que é até indicado uma vez que o ganho de experiência vale para todos e cada um deles é mais eficiente em tipos diferentes de missões.

Como você já deve imaginar, o foco dividido acaba tendo um impacto negativo no desenvolvimento dos personagens. O único momento em que eles são aprofundados individualmente é quando interagem com pontos de Gotham ou da própria base em determinados pontos da aventura. Eu joguei com a Batgirl o tempo todo e pude ver uma cutscene mais emotiva dela ao interagir com a estátua feita para o comissário Gordon, por exemplo. De resto, o foco fica no macro da trama, com a Corte das Corujas e seu culto de elite agindo de forma mais agressiva com a morte do Batman, enquanto a Liga dos Assassinos e Talia al Ghul tramam algo nas sombras da cidade.

Quem é o misterioso homem por trás da máscara?
Quem é o misterioso homem por trás da máscara?
Foto: Gotham Knights / Reprodução

A jornada tem seus altos e baixos, mas quando acerta é em cheio. Embora as cutscenes nem sempre sejam tão bem trabalhadas quanto deveriam, especialmente no que diz respeito a animação facial, os vilões são convincentes e há algumas reviravoltas bem legais à medida em que a investigação avança. O final é um dos pontos mais altos e deixa aberta a possibilidade de mais conteúdo no futuro, que será bem vindo.

Gameplay diverte, até que cansa

Progressão por níveis e com muitos trajes para escolher
Progressão por níveis e com muitos trajes para escolher
Foto: Gotham Knights / Reprodução

Gotham é o grande foco do jogo. A cidade é aberta e conta com uma construção tão impressionante quanto a vista em Arkham Knight. Se por um lado a direção de arte parece ter deixado as cores mais vibrantes e menos sombrias, o que pode desagradar parte dos fãs, por outro os gráficos são bem convincentes. Todo cantinho parece modelado com muito detalhamento e as texturas são sempre em alta resolução. A iluminação fecha o pacote e entrega uma experiência visual bem legal para os consoles de nova geração.

No entanto, beleza não é nada sem conteúdo. A estrutura aqui é bem o que se espera de um mundo aberto atual, com pontinhos de montão com atividades para completar marcados no mapa. Os quatro heróis saem da sua base toda noite para patrulhar a cidade e aprofundar suas investigações. No início o jogo começa com poucas opções, é possível apenas patrulhar a cidade e resolver alguns crimes em andamento, que no geral têm objetivos bem simples como libertar reféns ou derrotar todos os inimigos antes que eles explodam algo.

Com o tempo, a equipe de jovens vai acumulando contatos pela cidade e outras opções surgem, como corridas com a moto e desafios que rendem itens. O leque não é lá muito inspirado e logo essas atividades ficam cansativas. O triste é que várias delas são exigência para acessar o conteúdo secundário. Há três casos com vilões clássicos para solucionar, com batalhas de chefes incríveis no final, mas chegar lá depende de pistas conseguidas ao completar desafios que consistem em combater esses crimes repetitivos noite após noite.

O combate é um pouco diferente do que vimos na série Arkham. Agora não há aquela opção de defesa no tempo certo e acúmulo de hits para usar habilidades. Aqui o timing fica por conta da esquiva e pressionar o botão de soco assim que o golpe entrar. Já as habilidades podem ser utilizadas à medida em que vai se acumulando energia em uma barrinha. Cada habilidade tem seu custo e há também uma espécie de “ultimate” que tem um tempo pré estabelecido de recarga. Como a quantidade de habilidades é bem variada e dá para trocar os personagens, o combate se torna a mais divertida do jogo. A variedade legal de inimigos também ajuda. Uma pena que o conteúdo foque tanto nele que após a metade da campanha ele já começa a cansar até ficar difícil de suportar no final. 

Após finalizar a noite e retornar para a base, é possível gastar todos os espólios conseguidos para criar roupas e armas novas. Cada herói conta com 15 trajes diferentes e uma porção de variações para cada um deles. Outro ponto alto do jogo que vai fisgar os fãs, principalmente pelas referências aos quadrinhos.

Performance abaixo da média

A Corte das Corujas está pronta para dominar Gotham
A Corte das Corujas está pronta para dominar Gotham
Foto: Gotham Knights / Reprodução

A performance é outro tópico que dominou o marketing do jogo. Após cancelar as versões para a geração passada de consoles, foi confirmado que o jogo contaria apenas com o modo 4k/30 FPS, algo raro até o momento na nova geração - quase sempre há um modo performance com 60 quadros e resolução dinâmica.

Para quem está jogando outros games a 60 quadros de animação por segundo no PS5 ou Xbox Series, a diferença é bem visível. A responsividade dos controles não é a mesma, girar a câmera revela a lentidão e o combate não fica tão fluido com deveria. No entanto, se serve de consolo, a taxa de quadros ao menos é bem constante na campanha, até jogar com alguém no modo cooperativo.

A opção de deixar os jogadores se distanciarem o quanto quiserem cobra seu preço e há quedas bruscas enquanto se explora a cidade, principalmente pilotando a moto ou combatendo vários inimigos ao mesmo tempo. Não acho que esses problemas sejam um impeditivo para o jogo e já vi muita coisa pior nas gerações passadas, mas vai ser um ponto negativo para quem ficou acostumado a jogar com taxas maiores de quadros.

Considerações

Gotham Knights tem foco no modo cooperativo, mas pode ser aproveitado muito bem sozinho. A campanha é bem desenvolvida e há muito aqui tanto para fãs da série Arkham quanto para novatos que querem se divertir em um bom jogo de ação com os amigos. Combate, customização e partes da campanha são pontos altos, enquanto a performance e repetição das atividades ficam como pontos baixos.

Gotham Knights - Nota 8
Gotham Knights - Nota 8
Foto: Game On / Divulgação

Dublado em português, Gotham Knights está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.

*Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela WB Games.

Fonte: Game On
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