High on Life mistura humor com diversão caótica

Rick e Morty é um dos maiores fenômenos da cultura pop nos últimos anos. O desenho animado, que coloca um avô e seu neto em aventuras aleatórias pelo espaço, teve um sucesso tão grande graças a sua meta comédia e sátiras ácidas que era só questão de tempo para que uma adaptação para os videogames fosse criada. High on Life, apesar de não se passar no mesmo universo, traz os mesmos elementos de humor e metalinguagem que se tornaram marcas registradas do desenho animado.

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Com a direção e roteiro escrito pelo próprio Justin Roiland, High on Life coloca o jogador no centro de uma aventura épica espacial com armas falantes, alienígenas com formatos diferentes, robôs com problemas de autoestima e uma casa do subúrbio que se transforma em uma nave espacial. Toda essa aleatoriedade é algo familiar para os fãs de Rick e Morty, e é isso que faz o jogo se tornar tão especial.

Uma odisséia no espaço

O começo do jogo deve ser uma das coisas mais engraçadas que eu já vi em um videogame. Como em um filme clichê de adolescentes dos anos 90, os pais do protagonista foram viajar e deixaram a casa para você e sua irmã por alguns dias. Logo após alguns momentos hilários (que eu não vou contar para não estragar a sua experiência), uma nave alien pousa no quintal de sua casa, revelando vários aliens de aparência duvidosa que proclamaram controle total do planeta Terra. 

É aí que você conhece Kenny, uma arma que faz parte de uma espécie de alienígenas cuja única existência serve para servir de armas letais. Kenny é um ser vivo totalmente consciente, e por isso ele consegue falar, dar opinião e demonstrar sentimentos. Após fugir dos aliens que invadiram a Terra, Kenny explica que eles são um cartel chamado G-3, e que eles dominam planetas com o intuito de transformar toda a população em drogas sintéticas para comercializar na galáxia. 

Em nossas viagens pelos diversos locais da galáxia, encontramos muitos personagens excêntricos que espalham o humor característico de Roiland para o jogador. Os diálogos são fluídos, e muitas vezes não fazem sentido, mas é isso que faz o jogador se divertir. Se você já assistiu algum episódio de Rick e Morty (principalmente o episódio da TV), então você já sabe o que esperar de High on Life. Quase todo diálogo tem uma piada ou um meta comentário que faz você parar o que está fazendo para rir, mas eu consigo entender que isso pode não ser um atrativo para todos. 

Infelizmente, o jogo não contém legendas ou dublagem em português brasileiro, e isso pode ser um grande ponto negativo para quem tem dificuldades com a língua inglesa. Como o foco principal do jogo está no seu humor, fica um pouco difícil recomendá-lo para quem não fala inglês. Claro, o jogador ainda pode jogar para conhecer os mundos alienígenas de Justin Roiland e atirar nos inimigos, mas ele não estaria aproveitando 100% do que High on Life pode oferecer.

Tiroteio e plataformas

Eu vou falar algo que pode parecer loucura, mas a jogabilidade de High on Life é muito parecida com a de… Doom Eternal. Eu sei, é difícil entender de onde eu tirei essa comparação, mas quando você está jogando isso acaba ficando bem aparente. 

O jogador tem acesso a um grande arsenal de armas diferentes, vários inimigos te atacam de todos os lados, ficar parado pode significar a morte certa, e ainda é possível realizar finalizações com a sua faca (que também tem um rosto e fala com o jogador). Ao eliminar inimigos, é possível recarregar a armadura com as células que eles derrubam, e você ainda tem acesso a um gancho que permite verticalidade durante a exploração e o combate.

O jogo é muito caótico, mas de uma forma bem divertida. Conforme você vai avançando os estágios e vai adquirindo novas armas, é capaz de perceber o jogo ficando cada vez mais difícil, o que te obriga a experimentar com todos os equipamentos disponíveis no arsenal. Eu me diverti muito jogando High on Life, mas apenas gostaria que as lutas contra os chefes fossem um pouquinho melhores. 

Considerações

High on Life é um dos jogos mais diferenciados que você pode encontrar no mercado hoje em dia. A mistura de humor ácido e jogabilidade caótica te prende do início ao fim, e o simples ato de não se levar a sério demais coloca ele num pedestal acima da maioria dos jogos de tiro lançados recentemente.

Infelizmente, a falta de acessibilidade com legendas em português afeta a minha capacidade de recomendar para todos. Fora isso, eu afirmo que este é um dos melhores jogos no catálogo do Xbox Game Pass, e talvez um dos melhores do ano de 2022.