Senua's Saga: Hellblade II acerta na imersão do jogador
Sequência do jogo de 2017 dá show em design de som e gráficos de ponta
Após sete anos de espera, Senua's Saga: Hellblade II finalmente chegou como exclusivo de Xbox Series X|S e PC. O jogo da Ninja Theory é uma verdadeira experiência cinematográfica e dá um show de imersão, ainda que a narrativa possa parecer não ter grandes motivações.
A desenvolvedora classifica essa saga de jogos como AAA independente. De forma geral, o título tem uma aparência semelhante à de títulos de altíssimo investimento da indústria. Ainda assim, ele foi desenvolvido por uma equipe menor, sem nunca perder o esmero técnico.
História com altos e baixos
A narrativa de Hellblade II dá sequência aos acontecimentos do primeiro game, com a protagonista buscando vingança contra os vikings que invadiram sua terra. Com cerca de oito horas, o game da Ninja Theory tem em Senua um grande trunfo: a protagonista lida com transtornos psicóticos, que afetam a forma como ela enxerga o mundo.
A construção da personagem é algo muito mais explorado nesta sequência. Senua já lidava com muitos conflitos causados pela sua própria mente no primeiro jogo, mas agora sofre ainda mais com as vozes que ouve, já que se culpa por todas as mortes que presenciou. Um detalhe ainda mais agonizante para ela é que, diversas vezes, escuta todas as vozes de quem viu morrer.
Não possuo local de fala ou conhecimento suficiente para opinar se Hellblade II representa bem a mente de uma pessoa psicótica. No entanto, posso dizer que o que foi mostrado no primeiro jogo se tornou muito maior. Ou seja, enquanto Senua, escutaremos diversas vozes, que podem ou não querer o nosso bem. Além disso, os delírios visuais da personagem são inseridos de forma orgânica no enredo.
Ainda assim, não consigo dizer que a história do jogo é realmente cativante. Senua conquista o jogador, mas a Ninja Theory falha em fazer o jogador sentir as motivações da personagem para seguir por sua jornada.
Imersão sonora é show à parte
Se a história falha em alguns determinados pontos, a imersão que o jogo propõe é um show à parte. É obrigatório jogar Hellblade 2 com fones de ouvido. As vozes que Senua escuta são desorientadoras e passam uma sensação de insanidade: é impossível diferenciar o que é real do que não é.
O cartão de visitas é dado logo no início do jogo, quando a personagem está em uma praia buscando por sobreviventes, mas não consegue diferenciar os gritos de quem já morreu daqueles que continuam vivos.
Na parte visual, a diferenciação entre realidade e imaginação é muito mais evidente, o que não é um defeito. Neste quesito, o jogo acerta mais uma vez: os delírios visuais de Senua resultam em alguns quebra-cabeças interessantes, bem como batalhas que são um deleite para os olhos.
Nos trailers de prévia, não era possível diferenciar o que eram imagens renderizadas de imagens de jogabilidade. Na prática, com um computador que tem os requisitos recomendados, essa impressão se mantém: é uma experiência similar à de God of War Ragnarök, por exemplo, mas com mais foco em algo cinematográfico.
Senua's Saga não decepciona
Apesar da duração curta, Senua's Saga: Hellblade II não falha em entregar o que promete. De forma geral, a Ninja Theory deixou claro, durante longos anos de desenvolvimento do jogo, que o foco ainda seria uma experiência imersiva em uma mente perturbada.
Logo, a missão foi cumprida. Senua se mostrou uma personagem cativante, ainda que a narrativa não alcance este feito em 100% do tempo. Porém, os aspectos técnicos de Hellblade 2 conseguem tornar a experiência ao marcante para a indústria.
*Esta análise foi feita no PC com uma cópia do jogo gentilmente cedida pelo Xbox Studios.