Starfield levará o jogador em viagem inesquecível pelo espaço
Primeira franquia original da Bethesda em 25 anos é RPG de ficção científica com potencial para marcar uma geração
Um dos jogos mais aguardados dos últimos anos, Starfield finalmente chegou. O novo RPG da Bethesda Game Studios leva a fórmula bem suscedida de Fallout e de The Elder Scrolls para a fronteira final, o espaço sideral.
Já adianto aqui minha opinião. A Bethesda conseguiu novamente: Starfield apresenta um novo universo fantástico, em que os jogadores podem explorar e viver aventuras inesquecíveis.
O que você precisa saber
Ambientado em um futuro distante em que a Terra se tornou inabitável e a humanidade desenvolveu a capacidade de viajar longas distâncias em naves espaciais, o game traz como tema a exploração interplanetária ao mesmo tempo em que convida o jogador para uma jornada quase espiritual em sua envolvente campanha principal.
Aqui, fica um aviso: Starfield não é um simulador de exploração espacial como No Man's Sky, nem um jogo sobre pilotar naves como Elite Dangerous, da mesma forma que Fallout 4 não é um jogo de sobrevivência pós-apocalise nuclear. O que a Bethesda faz é assimilar elementos destes gêneros em um RPG de ação com muitas histórias e aventuras, mas de forma acessível para um público mais amplo. Não que faltem elementos para entreter os fãs desse tipo de atividade, mas são tarefas mais secundárias e nem de longe obrigatórias.
A trama de Starfield coloca o jogador no papel de um minerador que, ao encontrar um artefato misterioso, embarca em uma grande aventura ao lado de um grupo de exploradores espaciais, a Constelação. Versão futurista de um clube de aventureiros da Era Vitoriana, essa turma é formada por pessoas de diversas origens e estilos de vida, unidas pelo desejo de saber o que há lá fora - em uma época em que o resto da humanidade está mais preocupada em se estabelecer em colônias distantes e tocar a vida.
O personagem do jogador é uma grande página em branco, que pode ser personalizado tanto em aparência e habilidades quanto em suas origens e crenças - o que rende interações diferentes em muitas ocasiões. O sistema de criação e evolução é bem mais simples do que nos jogos anteriores, mas ainda bastante robusto. Se você quer se tornar um contrabandista e viver a vida perigosamente, é bom se especializar no manuseio de armas, tanto quanto em engenharia para modificar sua nave e esconder mercadorias ilegais das forças da lei, sempre atentas para apreender a nave na entrada dos planetas.
Há um ótimo sistema de construção de entrepostos, bases que o jogador pode gerenciar em mundos distantes para coletar recursos, usados para fabricar itens e aprimoramentos. É uma versão muito melhor do sistema visto em Fallout 4, diga-se de passagem. O melhor de tudo? É uma atividade opcional, assim como o aprimoramento e aquisição de novas naves espaciais - você pode passar o tempo que quiser envolvido nessas atividades
O combate em tempo real é digno de um bom jogo de tiro, mas não espere o ritmo frenético de um Borderlands ou Halo. Está mais para um Mass Effect, para ficar no campo dos jogos de ficção científica. Há muitas armas diferentes para usar e oportunidades para isso, com gangues de mercenários e piratas espaciais sempre prontos para arrumar confusão.
Ficçao científica para todos os gostos
Em termos de ambientação, o jogo aproveita a vastidão da galáxia para oferecer cenários de ficção científica para todos os gostos: Nova Atlântida e a União das Colônias formam o cantinho civilizado do cosmos, uma área urbana bem organizada e cheia de facilidades. A Confederação Freestar remete ao Velho Oeste - os jogadores de Borderlands vão se sentir em casa em seus mundos agrestes, onde, muitas vezes, manda quem for mais rápido no gatilho. A colorida Neon é uma metrópole cyberpunk, onde o tráfico e o contrabando acontecem sob a vista grossa da sociedade.
Há muitos mundos menores para pousar e explorar, além de estações espaciais e naves que oferecem interações rápidas (além de uma boa troca de tiros). Muitas vezes, a exploração consiste em visitar alguns pontos específicos, saquear, lutar contra piratas (ou se juntar ao bando; é sempre uma possibilidade) e investigar a fauna, flora e coletar minérios locais. Mas em outras ocasiões, você vai encontrar missões secundárias ou personagens curiosos e inusitados.
É na interação com os personagens que reside um dos pontos altos do jogo. Sempre há alguma conversa, que muitas vezes leva o jogador em uma missão inesperada. O simples ato de roubar uma faca de combate, deixada descuidadamente em uma mesa em uma cantina, me levou para a prisão e de lá, meu personagem se tornou um agente da lei disfarçado dentro da Frota Escarlate, uma das facções mais perigosas de Starfield.
A arte de inserir histórias dentro de histórias, envolvendo o jogador em um mundo (ou universo) que parece muito maior conforme você se aprofunda nele, é uma técnica que a Bethesda usa com maestria em seus maiores sucessos - e Starfield certamente é um deles. Assim como nas masmorras, florestas e montanhas de Tamriel ou nas ruínas da Wasteland norte-americana, o que mais vai marcar os jogadores nas viagens espaciais de Starfield são os companheiros, aliados e inimigos que encontrarão pelo caminho.
Considerações
Foram muitos anos para a Bethesda conceber, desenvolver e, finalmente, lançar Starfield. Desde que o jogo foi revelado publicamente, os fãs aguardam pelo momento de embarcar em suas naves e partir para visitar os confins deste novo universo. Após passar mais de 50 horas nele - e com vontade de voltar logo para lá e continuar - posso dizer: valeu cada dia de espera.
Starfield está disponível para PC e Xbox Series X/S. O jogo estará incluso no Game Pass no lançamento.
*Esta análise foi feita no Xbox Series X, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Bethesda.