Sword Art Online Fractured Daydream não brilha por exagerar na repetição
Mesmo com modo online viciante, jogo não escapa da mesmice
Sword Art Online foi um grande sucesso quando o anime estreou, ao misturar temas complexos com o universo de MMORPGs e dar foco no conceito de realidade virtual em um momento em que essa tecnologia começava a engatinhar.
A trama gira em torno de personagens presos em um jogo de realidade virtual e a morte neste mundo significa o fim também na vida real. Essa ideia, ajudou a fisgar os espectadores que viam essa narrativa como uma emocionante ficção.
Mesmo com todo o sucesso, sabemos que os jogos baseados no anime raramente conseguiram captar a essência original. As outras dezenas de jogos baseados em Sword Art Online ficaram, na maioria, aquém das expectativas e, infelizmente, Fractured Daydream não quebrou o ciclo.
História cansativa
A trama do jogo é bem simples e direta e mostra já nas primeiras missões. O mundo virtual aqui se chama Alfheim Online, e um mau funcionamento do sistema Galaxia desencadeia uma ruptura que causa uma mescla em diferentes mundos e linhas do tempo do universo Sword Art Online. Com essa ruptura, vários companheiros e antagonistas vistos anteriormente no anime retornam.
Para quem é fã da obra vai ser muito interessante rever esses personagens com interações novas. O humor e os diálogos durante o lobby são um ponto a se destacar. Em cada reencontro nas missões, há breves citações ao último momento em que os personagens se viram, o que é bem legal também.
Para aqueles que tiveram interesse no jogo apenas pelos trailers e não são tão familiarizados com o anime, é provável que se sintam perdidos em alguns diálogos e revelações na história, especialmente no aprofundamento da história no decorrer dos capítulos. Um exemplo está na reta final do jogo, que traz o retorno de um vilão importante, a surpresa é visível no comportamento e nas reações dos personagens. No entanto, sem o conhecimento prévio do universo, muitos jogadores podem não entender completamente o impacto dessa cena.
Uma solução simples seria incluir um compêndio no jogo, que fornecesse um resumo dos principais eventos e personagens do anime. Isso ajudaria a situar melhor os novos jogadores, permitindo que eles aproveitassem a história sem ficarem confusos com as referências que exigem familiaridade com a franquia. Embora os jogos se passem em um universo alternativo, muitos dos temas e personagens ainda carregam a mesma história que faz referência direta ao anime, e um guia no jogo ajudaria a preencher essa lacuna.
As missões durante boa parte da história são bem fraquinhas. Muitas delas levam o mesmo objetivo, ficar matando hordas de monstros. Algumas missões até dão uma mudada, como ficar protegendo alguma área, mas mesmo estas missões acabam tendo sessões parecidas até chegar no fim do objetivo. O jogo também possui missões secundárias e um modo história adicional, que servem mais para aprofundar a relação entre os personagens. Essas missões ficaram parecendo que só foram colocadas para dar um volume maior de jogatina, sem muito polimento ou narrativa marcante.
Mesmo com a liberdade de escolher quem será o líder das missões, a tentativa de diversificação não foi suficiente para vencer a repetição. O que consegue dar um gás legal na aventura são as lutas com os chefes, que mostram a parte mais charmosa do jogo. Lutar contra monstros que ocupam boa parte da tela e exigem a troca de personagens durante a batalha mostra que o jogo teve boas ideias que poderiam ter sido mais polidas e melhor executadas.
Combate simples, mas com qualidade
A gameplay do jogo não é muito complexa, todos os 21 personagens possuem golpes fortes e fracos, contendo quatro habilidades que são divididas em: três avançadas e uma suprema. Há ainda uma barra de despertar que serve para dar um “upgrade” no personagem durante a luta, como a Lisbeth que pode aprimorar de forma aleatória a arma que estiver usando, ou a Yuuki que reduz todo dano sofrido. O ponto negativo de usar o despertar é que a barra de vida começa a diminuir lentamente.
Os 21 personagens são divididos em classes, como: lutador, tanque, ladino, patrulheiro, mago e suporte. Algo a se destacar é que, mesmo os personagens sendo da mesma classe, cada um consegue ser diferente no campo de batalha, mas mantendo a lógica esperada para a classe. Uma que foi bastante divertida de se jogar foi a Yuna, uma espécie de idol no universo de Sword Art Online. Mesmo sendo uma personagem de suporte, os seus golpes eram bastante úteis para combates em curta e média distância. O detalhe mais legal é que seus golpes são notas musicais e ondas sonoras, o especial um show que revive os amigos, o que combina muito com a personagem.
O combate também possui outros sistemas que ajudam bastante durante as lutas. A barra de quebra, quando preenchida, leva o chefe para um estado de nocaute, que abre uma margem para poder continuar atacando constantemente. Contra-ataques no momento certo e as chamadas Sequências Sincronizadas também conversam com esse sistema e preenchem mais rapidamente a barra.
Modo online competente
Ao abrir o lobby e já me deparar logo de cara com o passe de batalha e a loja, fiquei com o pé atrás em relação ao modo online. Para a minha surpresa, é o ponto mais alto do jogo. O online é dividido em três modos: mundo aberto, quest cooperativa e raide de chefe. Todos os modos possuem crossplay, mas caso aconteça de não achar jogadores suficientes para formar um grupo, ainda é possível passar as missões com bots.
A quest cooperativa é composta por 20 jogadores divididos em 5 grupos com 4 jogadores, todos os grupos começam separados, mas quando a primeira parte da missão for feita, os jogadores são teletransportados para a segunda sessão da masmorra e assim as missões começam a ser compartilhados entre todos que tiverem na mesma área. Após isso, os 5 grupos vão ter o mesmo objetivo em comum, chegar no final da masmorra e derrotar o chefe dela.
O modo também serve para obter itens, armas, Col (moeda do jogo) e cristais de memória, que é usado para comprar as ‘’Visual Novel” de outros jogos do Sword Art Online. Quase tudo é compartilhado entre os jogadores, exceto os itens que os chefes deixam cair, que são obtidos para quem pegar primeiro.
Durante algumas sessões nesse modo tive alguns problemas de travamentos no final da masmorra, o que resultou em perda de itens, um problema que foi resolvido colocando o jogo no modo desempenho em vez de qualidade. Em outros momentos tive a conexão interrompida também. A falta de um servidor dedicado para a América do Sul fez bastante falta.
As raide de chefe funcionam de forma muito semelhante à quest cooperativa, com a diferença de que o foco é ver qual equipe pontua mais. As pontuações são obtidas ao causar dano no chefe ou completando missões que aparecem durante a luta. Aqueles que conseguirem pontuar mais, no final recebem o título de JMV (Jogador Mais Valioso).
O mundo aberto funciona como um grande hub, com outros 20 jogadores. O mapa tem uma boa variedade de biomas, sendo nove áreas, com desertos, cidades abandonadas e florestas. Cada uma dessas áreas é dividida por níveis. É um bom lugar para evoluir, fazer missões diárias e semanais para o passe de batalha, mas a repetição, falta de polimento e alguns problemas de conexão, pode ser frustrante nesse modo.
Por fim, achei a monetização bem tranquila. Ganhar níveis no passe de batalha é bem fácil e as recompensas bloqueadas por trás do dinheiro de verdade são apenas skins que não impactam a jogabilidade, ficando reservadas para os fãs mais fervorosos.
Considerações
Sword Art Online: Fractured Daydream traz diversão para os fãs com a volta dos seus personagens em uma nova trama e um modo online bem divertido. No entanto, o jogo acaba pecando pela repetição, principalmente nas missões. A história não ser lá muito inspirada também não ajuda, o que pode desanimar quem não conhece a franquia. As lutas contra chefes e o sistema de combate são legais, mas a falta de variedade acaba limitando o jogo com o tempo.
Sword Art Online: Fractured Daydream está disponível para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox Series X/S.
Esta análise foi feita no Xbox Series com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Bandai Namco.