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Tales of Kenzera: ZAU traz história de luto em belo metroidvania

Jogo nunca decepciona nos visuais, mas jogabilidade tem potencial inalcançado

22 abr 2024 - 11h14
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Tales of Kenzera: ZAU tem visuais belos
Tales of Kenzera: ZAU tem visuais belos
Foto: Igor Oliveira / Game On

Superar a perda de alguém próximo é um processo complexo que envolve uma variedade de sentimentos e Tales of Kenzera: ZAU surge como uma luz no fim do túnel para este processo. Abubakar Salim, mente por trás do jogo, entrega uma carta de amor a seu falecido pai, que pode falhar em alguns elementos de gameplay, mas nunca na mensagem que quer passar.

Desenvolvido pela Surgent Studios, Tales of Kenzera é o próximo lançamento do selo EA Originals. Em 2023, essa mesma divisão trouxe Immortals of Aveum, que apesar de não ser ruim em nenhum aspecto, é um jogo genérico. O que posso adiantar é que Tales of Kenzera tem diversos elementos que poderiam ser muito genéricos, mas são entregues com personalidade.

Narrativa inspirada em contos africanos

Tales of Kenzera: ZAU começa com um garoto que acabou de perder seu pai, mas descobre que o mesmo estava escrevendo um livro para prepará-lo para o momento de sua morte. E é neste livro que o jogo se passa, imerso na cultura Bantu, um povo do continente africano, que possui diversas histórias sobre espiritualidade, luto e mais.

Neste contexto, conhecemos Zau, um jovem xamã que acabou de perder seu pai. Sem aceitar a situação, ele procura pelo Deus da morte Bantu, que diz que irá trazer o pai do garoto de volta se ele conseguir capturar três grandes espíritos.

Zau aceita a missão imediatamente e sai em uma jornada que irá passar por todas as fases do luto. É importante dizer que, apesar da alcunha de Deus da morte, esta divindade demonstra muito conhecimento e tem uma personalidade até mesmo acolhedora, o que será muito importante para a caminhada do protagonista.

História colorida sobre morte e luto

Tales of Kenzera: Zau é um jogo de ação e plataforma com jogabilidade no estilo metroidvania
Tales of Kenzera: Zau é um jogo de ação e plataforma com jogabilidade no estilo metroidvania
Foto: Reprodução / Electronic Arts

Apesar de abordar um tema que a cultura pop explora bastante, que é o luto, Tales of Kenzera tem um ar de refresco. Isso porque os contos do povo Bantu não são presentes na cultura popular, como, por exemplo, o dia de los muertos do México, que também ajuda a entender a morte de forma mais leve.

Aliás, o feriado mexicano ajuda a traçar outro paralelo com o jogo do Surgent Studios. Tales of Kenzera é sim uma jornada sobre morte e luto, mas em nenhum momento deixa de explorar vida e cor, quando o esperado era uma ambientação soturna e cinza. O game irá nos levar pelos diferentes estágios do luto através dos biomas, que são bem diferentes, mas sempre coloridos.

O mapa de Tales of Kenzera é relativamente extenso, com diferentes locais. Entretanto, são quatro biomas que se fazem presentes, cada um representando a etapa que Zau está em seu processo de superação.

Quando ele está vivendo um momento de ansiedade, o ambiente é alaranjado, seco. Na etapa de raiva e aceitação, o bioma explora o fogo e vulcões como objetos. Ao passar por uma etapa de medo pela perda, Zau irá explorar ambientes noturnos. Por fim, quando entra em sua jornada de paz e espiritualidade, a cor roxa se faz muito mais presente.

Além de demonstrar visualmente, Tales of Kenzera tem sua história traçada em torno da superação de Zau. O personagem demonstrará instabilidade emocional e poderá até mesmo ser irritante com os outros ao seu redor. A relação do protagonista com o Deus da morte é a mais presente e é curioso que muitas vezes iremos sentir pena da criatura responsável pela morte das pessoas naquele mundo.

Contudo, ainda que Zau passe por fases em que é ora irritante, ora compreensivo, ora silencioso, o jogador nunca sentirá que o comportamento do protagonista é desmotivado.

Gameplay divertida, mas com potencial maior

As destrezas de Zau são coletadas nestas estátuas
As destrezas de Zau são coletadas nestas estátuas
Foto: Igor Oliveira / Game On

Tales of Kenzera é um jogo do gênero metroidvania. Ou seja, passamos por uma evolução de habilidades do protagonista, que permite que, aos poucos, possamos acessar diferentes regiões do mapa. Além disso, é sempre comum termos colecionáveis que aumentam barra de vida, de magia e afins.

O game da Surgent preenche todos os principais requisitos de um metroidvania. Entretanto, tenho a impressão que a curva de evolução que as habilidades que vamos aprendendo é menor do que a vista em outros games do gênero.

O combate de Tales of Kenzera se dá através das Máscaras do Sol e da Lua. A primeira é responsável pelo combate corpo a corpo, enquanto a segunda concede habilidades para combate à distância. As lutas são praticamente um hack’n slash 2D. Neste sentido, o jogo prospera, já que não é tão longo e as habilidades envolvendo as duas máscaras propõe uma boa versatilidade.

Entretanto, no quesito plataforma, o jogo consegue ser, ao mesmo tempo, desafiador, mas repetitivo. Por exemplo, ao longo da jornada, recolhemos seis “destrezas” diferentes, mas nem todas são exploradas no combate e sim na travessia, mas nem sempre de forma orgânica.

Os desafios plataforma de Tales of Kenzera são complicados
Os desafios plataforma de Tales of Kenzera são complicados
Foto: Igor Oliveira / Game On

Existem desafios plataforma espalhados pelo jogo que fazem com que você utilize todas elas. Em alguns casos, você vai sofrer bastante para completá-los. Porém, na travessia geral, existe um desbalanceamento grande entre as habilidades e o sentimento de mais do mesmo se faz presente, mesmo em um game não tão longo.

E consigo identificar uma possível razão para isso. No preview que fizemos do jogo, pontuei que era estranho para um metroidvania que o personagem já começasse com habilidades de pulo duplo e “dash” no ar. Mas, que nas primeiras horas do jogo, a evolução ainda se fazia presente.

Entretanto, com o jogo terminado, consigo dizer que já começarmos tão poderosos afeta, sim, a curva de evolução na jogabilidade de Tales of Kenzera. A sensação que fica é que o potencial do jogo era para algo melhor, já que todas as habilidades possuem um bom contexto cultural por trás delas.

Tales of Kenzera: ZAU - Nota 8
Tales of Kenzera: ZAU - Nota 8
Foto: Game On / Divulgação

Em resumo, Tales of Kenzera: ZAU conseguiu trazer uma história de superação e luto com refresco, mesmo em um tema tão batido. Já a gameplay é boa, mas poderia ser melhor ainda. Entretanto, o saldo pessoal que tive com essa experiência foi muito mais do que positivo.

Tales of Kenzera: ZAU chega em 23 de abril para PC, PS5, Switch e Xbox Series X/S. O jogo estará incluso no catálogo da PlayStation Plus Extra no lançamento.

Essa análise foi feita em um PlayStation 5 com uma cópia gentilmente cedida pela EA.

Fonte: Game On
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