The First Berserker: Khazan entrega vingança e batalhas sangrentas
A saga do general Khazan é boa opção "soulslike", mas não se destaca de outros do gênero
Os fãs de jogos com batalhas super exigentes, cheias de esquivas milimétricas e defesas precisas já têm sua primeira opção de 2025: The First Berserker: Khazan.
A coreana Neople (Dungeon Online Fighter) trabalhou bastante nas minúcias do gameplay e opções de customização de personagem e combate, e o resultado foi um game competente e bastante desafiador, mas que assim como alguns de seus principais chefes, falha em se destacar.
A queda do general traído
Khazan é um poderoso general e herói de guerra, famoso em todo império "Pell Los" por ter vencido o temível Dragão Berserk. Mas ao invés de viver sua glória e fortuna, o general é falsamente acusado de traição e cai em desgraça. O game começa com o jogador vendo o general caído sendo levado para sua condenação, quando criaturas sobrenaturais intervêm para salvar Khazan. À beira da morte, o general não tem outra escolha senão aceitar um acordo com poderosos demônios, e assim sua saga de vingança se inicia.
Ao invés de perder tempo com longos tutoriais, o game logo dá o controle ao jogador, e faz bom trabalho com explicações iniciais resumidas e precisas. Como um típico "soulslike", desde o início o jogador tem que se habituar a ler os ataques dos inimigos e responder ou com esquivas precisas ou com defesas perfeitas (conhecido como parrying, em outros games), e a partir daí atacar na janela de tempo disponível. Caso contrário, mesmo inimigos comuns como soldados ou lagartos absorverão os ataques do jogador e rasgarão Khazan em poucos golpes.
Inicialmente, Khazan tem apenas combos de golpes rápidos e pesados para bater seus inimigos, porém a Neople implementou uma grande gama de ataques, contra-ataques e habilidades especiais que são adquiridos conforme o jogador vence inimigos, chefes e avança no jogo. Como Khazan, além de "souls like" também é um RPG de ação, o "grinding"(repetição de batalhas para acumular pontos de experiência, ou XP) leva em conta que o jogador morrerá várias e várias vezes diante de inimigos poderosos ou de algumas armadilhas presentes no jogo. Por falar em desafio, os chefes farão o inferno do jogador em batalhas extremamente exigentes (algumas com duas partes, inclusive), em que cada golpe conta e um ataque ou esquiva mal calculado pode por tudo a perder.
Bom, mas não espetacular
Tecnicamente, em linhas gerais, Khazan é um jogo competente. Primeiramente, os controles e respostas das ações e reações são precisos, tanto com controle quanto com teclado (esta resenha foi feita sobre a versão PC). O jogo também conta com boa otimização, e nesse sentido é inclusive bastante flexível na parte de ajustes, incluindo por exemplo, compatibilidade com DirectX 11, o que ajuda o game a se adaptar à máquinas com configurações mais antigas e humildes. Ainda nesse sentido, também há suporte tanto para DLSS da NVIDIA, como para o FSR 2 da AMD, contribuindo para a flexibilidade mencionada acima.
Do ponto de vista gráfico, The First Berserker: Khazan também apresenta bons visuais estilo anime cel-shaded para os personagens e cenários mais realistas e detalhados. A direção de arte do game foi competente e uniu bem as duas pontas, e o resultado é um game com um visual e animações "pesadas" e dramáticas. Isso fica claro logo no início do game, que se situa em uma cordilheira onde o branco da neve e o cinza das formações rochosas predomina. Porém, Assim que que Khazan entra em suas batalhas, partículas brilhantes do contato das armas contra armaduras e escudos, assim como o vermelho do (muito) sangue decorrente dos golpes que explodem sobre a tela.
O problema é que, como já mencionado, se The First Berserker: Khazan é tecnicamente competente, também está longe de se destacar de outros similares, além de estar muito longe de ser uma experiência espetacular. A começar pelo próprio Khazan, um herói que passa o game inteiro com a mesma (pouca) expressão de raiva e que parece uma tentativa de versão metal/anime de Kratos, de God of War. O bestiário presente no game também é bem pobre, composto por ursos e lobos e soldados comuns, além de alguns lagartos e répteis bastante genéricos. Mesmo alguns dos chefes, como Phantom e Viper, parecem apenas versões maiores dos mesmos inimigos que o jogador enfrentou até chegar a eles. Ainda cabe mencionar que a trilha sonora é absolutamente esquecível. A história que serve de pano de fundo também é irrelevante. A tal vingança mencionada por Khazan sempre é contada de forma meio vaga e até metade do jogo o jogador sequer tem idéia de quem afinal o general quer se vingar. Não fosse a ação intensa e bem implementada, o jogador não teria motivo algum para progredir no game e saber mais sobre as motivações de Khazan.
O game ainda esbarra em uma IA muito pobre. Durante o tempo com o game foi comum ver inimigos que caem em buracos tentando se afastar de Khazan, ou ainda soldados e criaturas que não veem o jogador à média distância. Para piorar, após alguns capítulos, Khazan ganha acesso a um projétil, uma espécie de dardo de energia. De forma constrangedora para um game de 2025, a maioria dos inimigos não reagem quando um outro é atingido bem ao seu lado. Mesmo os chefes não demonstram qualquer variação, se resumindo a repetir as mesmas sequências de ataques do início ao fim dos confrontos.
Considerações
The First Berserker: Khazan é uma opção de qualidade dentro do subgênero "soulslike", contendo características típicas desses jogos, como o desafio bastante exigente, muitas opções de customização de personagem (o que inclui uma vasta árvore de competências) e diversas batalhas intensas. Sua campanha é divertida e tem bom desenvolvimento, mas assim como seu protagonista, será esquecido tão logo chegue ao fim.
O lançamento de The First Berserker: Khazan ocorrerá em 27 de março para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
*Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela NEXON.
