The Mortuary Assistant traz atmosfera assustadora em necrotério
Jogue como uma assistente funerária enquanto mantém as forças demoníacas afastadas; confira a análise
Desenvolvido por Brian Clarke, um desenvolvedor independente, The Mortuary Assistant é um jogo de terror em primeira pessoa que foi lançado originalmente em 2022 para PC, chegando mais tarde para o Nintendo Switch e agora finalmente para consoles PlayStation e Xbox.
Ambientado no ano de 1998 em uma pequena cidade em Connecticut, nos Estados Unidos, os jogadores controlam uma assistente recém-contratada chamada Rebecca Owens, para trabalhar em um necrotério mal-assombrado. Se você algum dia já teve a curiosidade mórbida de saber como funciona um necrotério, este game também funciona como um simulador simples para a função.
Possessão de demônios
Em seu primeiro dia de trabalho, Rebecca vai aprender o básico sobre embalsamento de cadáveres em um mini tutorial, que é apresentado na forma de uma lista de tarefas dada por Raymond Delver, o nosso chefe. A jovem volta para casa e à noite recebe um telefonema inesperado de Raymond, pedindo que vá até ao necrotério para embalsamar três corpos que chegaram sem aviso.
Porém, ao chegar no local, Raymond não está lá e ela descobre que está trancada no necrotério. E as coisas apenas pioram, quando ele liga e diz o que está acontecendo: ela precisa fazer um ritual para descobrir o nome de um demônio que está possuindo um dos três falecidos. Se ela acertar e conseguir expulsá-lo para o inferno novamente, o demônio vai embora. Mas se não descobrir a tempo, ela será a próxima vítima.
E como se isso não fosse problema o suficiente, coisas estranhas começam a acontecer no necrotério: luzes começam a piscar, barulhos misteriosos podem ser ouvidos, sussurros e visões começam a perturbar a protagonista, que tem a sensação de que está sendo observada por algo ou alguém.
A única esperança de Rebecca, portanto, é manter a calma e procurar pistas sobre a identidade do espírito maligno, reconhecer o seu nome e o corpo de que se apoderou, a fim de bani-lo e salvar a sua própria vida.
Terror psicológico
Apesar de não possuir uma narrativa muito complexa, ela é bastante imersiva e envolvente, especialmente na primeira vez em que é jogado, oferecendo uma experiência de terror mais psicológico, onde o jogador deve apenas resolver quebra-cabeças e realizar os procedimentos de cuidar dos corpos - o gameplay não envolve armas ou qualquer tipo de ação ou enfrentamento aos eventos paranormais.
Porém, se você já é calejado em jogos de terror como Outlast, Amnesia e Fatal Frame, poderá não levar muitos sustos com este game. A experiência de jogá-lo me lembrou um pouco P.T., a simples demo criada por Hideo Kojima que assustou muita gente em 2014.
Infelizmente, a aventura dentro do necrotério é curta, com uma partida que dura cerca de duas horas. No entanto, você provavelmente vai querer jogá-lo novamente, já que existem seis finais diferentes para a trama, e a cada partida alguns quebra-cabeças e eventos paranormais se apresentam de formas aleatórias, o que significa sustos inesperados. Mas depois do primeiro final, não há como negar que o jogo no geral fica bastante repetitivo, tendo basicamente que seguir as etapas para embalsamar os cadáveres.
A cada nova partida, ou turno de trabalho como é descrito no jogo, a história é narrada gradualmente com flashbacks que vão revelar o triste passado que a protagonista esconde, e o que o nosso querido chefe está escondendo dentro de seu porão nada suspeito, cuidadosamente trancado.
Controles difíceis e bugs ocasionais
Durante as minhas jogatinas, presenciei alguns problemas técnicos e bugs, que certamente não foram causados pelos eventos sobrenaturais do jogo, como algumas falhas visuais, cenas travadas e controles imprecisos, que dificultam, e até irritam, a navegação em menus ou a interação com objetos nos cenários.
Embora a qualidade gráfica não seja tão importante em um jogo como este, não há dúvida que a nossa experiência com ele seria melhor aproveitada com uma qualidade visual superior. Os gráficos são simples, e as animações dos personagens e alguns designs estéticos escolhidos são bastante rígidas e pouco expressivas, mesmo diante de situações extremamente perigosas ou assustadoras.
O jogo possui legendas em português brasileiro, o que é muito bom, porém elas se apresentam na tela de forma errática, com tamanhos diferentes - e algumas vezes nem aparecem quando algum personagem está falando. Com sorte, uma boa atualização no lançamento do jogo pode corrigir alguns desses problemas.
Considerações
The Mortuary Assistant é um jogo com um conceito bastante original e com uma atmosfera que consegue envolver o jogador, especialmente na primeira vez em que é jogado. Ele provavelmente vai agradar aos fãs de terror psicológico com alguns sustos imprevisíveis que vale a pena mergulhar - é mais do que recomendado jogar a noite com um bom fone de ouvido estalando no último volume.
Porém, vale lembrar que é uma produção independente que apresenta alguns elementos repetitivos e várias limitações técnicas, que reduzem bastante sua capacidade de oferecer uma experiência mais satisfatória e assustadora. É um jogo com um tema promissor que merece ganhar novos conteúdos e, quem sabe, uma sequência mais refinada no futuro.
The Mortuary Assistant está disponível para PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela DreadXP.