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BGS 2024: Like a Dragon - Como a franquia conquistou o público brasileiro

Com narrativas densas, humor excêntrico e cultura japonesa, franquia se tornou um fenômeno entre os gamers do Brasil

9 out 2024 - 16h57
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Kazuma Kiryu e Kasuga Ichiban, os dois dragões protagonistas da franquia.
Kazuma Kiryu e Kasuga Ichiban, os dois dragões protagonistas da franquia.
Foto: Sega/Divulgação

A franquia Like a Dragon, antes conhecida como Yakuza, está presente em quatro gerações de consoles, possui oito jogos na linha principal e já conta com diversos derivados e remakes.

Definitivamente não é uma saga novata no mundo dos games, mas teve um árduo caminho até, enfim, ser vista com bons olhos pelos jogadores no Brasil e continua crescendo muito a cada novo lançamento. Entenda como a história de Kiryu, Ichiban e um bando de ex-integrantes da máfia japonesa caiu nas graças por aqui.

Superando barreiras culturais e linguísticas

No início, ainda como Yakuza, a franquia teve dificuldades para atrair o público de fora do Japão por conta de suas raízes culturais e temas pouco convencionais no ocidente, incluindo o nosso país. Apesar de ser intrigante para alguns saber como é ou era a vida de um membro da Yakuza e as tradições do submundo do crime japonês, a forma como o jogo aborda os temas - misturando drama digno de novelas mexicanas com esquetes de humor para lá de exageradas - e o seu marketing global não ajudaram, especialmente com lançamentos em datas diferentes entre regiões do mundo.

A falta de localização para o português impedia uma aproximação maior com a série por aqui também. Se as piadas e referências históricas e culturais já são difíceis ou impossíveis de entender no nosso idioma, em inglês ou japonês tornavam o desafio para o gamer médio brasileiro uma barreira intransponível.  O ambiente de Kamurocho, um distrito inspirado em Kabukicho onde os jogos vivem passando seus capítulos, é cheio desses detalhes nas fachadas de lojas, missões secundárias e diálogos em geral, que acabavam passando despercebidas por jogadores não acostumados com a cultura japonesa.

É possível encontrar referências ao nosso país em algumas cidades.
É possível encontrar referências ao nosso país em algumas cidades.
Foto: Reprodução / Matheus Santana

O primeiro passo para a Sega, então, foi localizar os jogos para outros idiomas, incluindo a adição de legendas em português para os últimos dois jogos da franquia principal. Essa decisão não apenas tornou mais fácil a compreensão da narrativa e dos diálogos, como também permitiu que os jogadores brasileiros se importassem com os personagens e suas histórias.

A primeira tradução foi bastante atenciosa aos detalhes culturais, garantindo que as piadas e referências não fossem perdidas, também contou com algumas adaptações pensando exatamente no linguajar e gírias que usamos no Brasil, o que ajudou ainda mais na parte do humor e a conquistar o público. 

Embora nem todos os jogos da franquia tenham sido lançados com legendas em português, a inclusão de legendas em jogos mais recentes fortaleceu a comunidade e popularizou as traduções feitas por fãs, que são adicionadas nos jogos via mods no PC, o que levou mais jogadores a experimentar os capítulos mais antigos, lá da era do PS3, quando, inclusive, eram exclusivos da plataforma.

Outro passo importante foi criar os remasters e remakes dos jogos antigos, como Yakuza Kiwami e Kiwami 2. A modernização dos gráficos ajudou a introduzir novos jogadores ao universo da franquia, facilitando o acesso a histórias anteriores, dando mais poder para as continuações modernas, que seguem a vida dos personagens por décadas e não têm medo de usar o que aconteceu nos capítulos anteriores.

O equilíbrio entre drama e humor na série

A narrativa densa é o ponto alto de cada jogo.
A narrativa densa é o ponto alto de cada jogo.
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Like a Dragon foi se destacando por suas narrativas profundas, que lembram, muitas vezes, novelas ou filmes com temática da máfia e crime, com personagens marcantes que são aprofundados ao longo dos jogos. O enredo explora temas profundos como lealdade, honra e questões morais, atraindo jogadores que apreciam uma boa história.

Personagens como Kazuma Kiryu, o protagonista de muitos jogos da série, conquista o jogador com sua personalidade, sendo um cara “durão” e emburrado, com um código moral firme e um grande senso de justiça, dando um contraste com o universo criminoso ao seu redor. Já o protagonista mais recente da série, Kasuga Ichiban, é o oposto de Kiryu. Ichiban é conhecido por seu otimismo e sempre faz de tudo pelos seus amigos. Mesmo diante de uma dificuldade que parece intransponível, ele mantém a confiança e segue de cabeça erguida.

Ono Michio vem aparecendo desde o Yakuza 6: The Song of Life.
Ono Michio vem aparecendo desde o Yakuza 6: The Song of Life.
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Enquanto a trama principal costuma ser dramática, o humor da série brilha nas missões secundárias e nos momentos mais leves do jogo. Os jogadores são frequentemente colocados em situações absurdas, como ajudar a produzir um vídeo clipe de um cantor chamado Miracle Jackson, entrar numa trama sobre um VHS assombrado e lutar com um chimpanzé que está numa retroescavadeira. Esse humor ajuda a dar um contraste com o tom sério da narrativa principal, criando uma sensação de tranquilidade e quebra de expectativa que agrada o jogador e o mantém envolvido.

Outro ponto que contribui para essa mistura são os inúmeros minigames que estão presentes no universo de Like a Dragon, como jogar boliche, administrar uma empresa, pescar, cuidar de uma ilha ou gerenciar um cabaré. Mas o mais famoso é definitivamente o karaokê, que foi de longe o que mais ajudou a popularizar a franquia. Com músicas originais e marcantes, como “Like a Butterfly”, “24-hour Cinderella”, “Judgement -Shinpan”, e a dona dos memes da comunidade de Yakuza, “Baka Mitai”, que virou o hino da franquia e retorna em quase todos os jogos, atrai jogadores nas redes sociais pelos vídeos divertidos que gera.

Maior acessibilidade

Localização soube adaptar bem os nomes únicos dos personagens.
Localização soube adaptar bem os nomes únicos dos personagens.
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Como você viu mais acima, a franquia, em determinado momento, foi exclusiva do PlayStation e teve lançamentos focados somente no Japão, com pouca escalada global. Com o interesse ocidental cada vez maior na franquia, a Sega quebrou essa barreira e começou a lançar os jogos da saga em tudo que é plataforma, incluindo aí Xbox, Nintendo Switch e PC.

Outra jogada de mestre foi distribuir os jogos mais antigos da franquia nos serviços de assinatura. A iniciativa começou com o Game Pass e deu tão certo que a Sega acabou traçando o mesmo caminho para a série Persona, outra que tem trajetória parecida com Yakuza no Brasil. Mais recentemente os jogos também pintaram na PS Plus e facilitaram a experimentação dos jogadores, aumentando bastante a comunidade de jogadores pelo mundo.

O resultado dessa estratégia já é visto nos jogos mais recentes. Like a Dragon: Infinite Wealth, jogo mais recente da franquia, vendeu mais de um milhão de cópias em apenas uma semana. O capítulo anterior a ele demorou meses para atingir a marca. A comunidade vem crescendo bastante, e o Brasil é um dos focos da Sega para continuar essa expansão.

Considerações 

A popularidade da franquia Like a Dragon no Brasil mostra como uma história enraizada na cultura japonesa pode alcançar jogadores de todo o mundo. A narrativa envolvente, personagens inspiradores, o humor peculiar e a jogabilidade diversificada, além da localização que se tornou comum, foram fatores que conquistaram o público brasileiro.

O sucesso é consequência da crescente curiosidade por elementos da cultura japonesa. Ao se reinventar com novos estilos de jogo, como o RPG por turnos de Yakuza 7: Like a Dragon e Like a Dragon: Infinite Wealth, a franquia mostra que pode continuar inovando e aumentando sua base de fãs, sem perder o seu charme e identidade únicos.

Fonte: Game On
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