COD: Vanguard traz 2ª Guerra Mundial de forma brilhante
Com excelente roteiro, campanha de Vanguard eleva nível de histórias sobre o período nazista no entretenimento
Depois de 18 anos de existência, a série Call of Duty continua surpreendendo. Mesmo que nem todos os títulos apresentem o mesmo padrão de qualidade, desta vez o "sarrafo" ficou muito mais alto. Lançado no dia 5 de novembro, COD: Vanguard, desenvolvido pela Sledgehammer Games e publicado pela Activision, é a prova que a franquia sabe se reinventar.
A história que faltava sobre a Segunda Guerra
Senti os pelos do braço arrepiando quando me vi no papel de Polina Petrova em Estalingrado, na Rússia. Em questão de segundos, os caças de bombardeio mergulhavam no céu azul e pintavam a cidade de vermelho e amarelo. A sensação de desespero me captou por vários segundos, até que voltei a me concentrar no básico: eliminar nazistas.
Este foi um dos momentos em que me deparei com os horrores da Segunda Guerra Mundial em Call of Duty: Vanguard. Mas a emoção faz parte de toda a narrativa, que mostra batalhas nas Frentes Oriental e Ocidental da Europa, no Pacífico e no Norte da África. Obs.: É importante ressaltar que os eventos são apenas baseados em fatos reais.
Apesar do período da Alemanha nazista ser uma fonte inesgotável para a indústria do entretenimento, o roteiro da campanha foi o melhor que já sobre o assunto em games. E este é um aspecto surpreendente. Afinal, a Sledgehammer já havia desenvolvido Call of Duty: WWII, em 2017, que não chega nem perto do patamar alcançado em Vanguard.
As perspectivas do enredo são fascinantes, desde a forma como os capítulos são divididos, cheios de cortes e flashbacks, até como os personagens são humanizados. Por exemplo, retornando à história da Tenente Petrova, depois de concluir o capítulo dela, e entender sua relação com a família e sua devoção à pátria, foi possível sentir as motivações para que ela se juntas à força-tarefa em busca de vingança.
Outro acerto é como a história conta o nascimento das Forças Especiais. O grupo de especialistas de diversas nacionalidades, recrutados pelo Capitão Butcher, que é liderado por Arthur Kingsley e tem Novak, Richard Webb, Polina Petrova, Wade Jackson e Lucas Riggs, apresenta diversas tramas durante o jogo.
A abordagem dada ao vilão é crucial para o desenrolar da narrativa. O oficial alemão, Hermann Freisinger, é sanguinário, frio e cheio de segredos. Suas falas e seu comportamento são impecáveis (para o mal, é claro). Daqueles vilões que entram na lista de mais odiados.
Através da arte e da tecnologia de fotorrealismo, Vanguard cria um retrato da 2ª Guerra Mundial muito convincente.
Acrescento aqui uma observação que é muito comum vermos na série e, principalmente nos jogos da Activision, que é a dublagem. Os diálogos dublados em português do Brasil entram para os destaques, com excelentes interpretações e um leque de frases muito bem localizadas.
Fotorrealismo é novo patamar
O nível de perfeição alcançado pelos gráficos realistas de COD: Vanguard é um novo patamar para indústria, sem sombra de dúvidas. A qualidade é tão alta que parecia que eu estava vendo um filme, mesmo fora das cutscenes.
O trabalho minucioso da equipe de design é visto tanto nos cenários quanto no detalhamento impecável das armas, tanques, aviões e, principalmente, nos visual dos personagens.
Os incríveis gráficos e visuais de Vanguard são recentes avanços tecnológicos. Isso inclui uso de fotogrametria, onde locais, cenas e objetos são recriados dentro do jogo com qualidade fotorrealista.
Inclusive, a Activision realizou até um experimento com fotojornalistas de guerra dentro do jogo. Repórteres fotográficos usaram a engine do jogo para uma sessão de fotos nos estúdios de captura. Confira o vídeo abaixo.
Um ponto que também chamou minha atenção foi a questão da qualidade do áudio, e como isso influenciou no nível de experiência que eu tive. Como a Sledgehammer mostrou a nós jornalistas, em coletiva de imprensa antes do lançamento, o som de aviões foi capturado através aeromodelos reais da época da Segunda Guerra. Um trabalho que enriqueceu ainda mais o produto final.
Multiplayer
O multiplayer pega carona na história de de Call of Duty: Vanguard e continua a narrativa nas temporadas. Um elenco global de personagens estarão nas novas forças de operações especiais do Capitão Butcher.
Neste cenário, podemos aproveitar os modos Batalha de Campeões e Patrulha, e uma integração especial com o battle royale da franquia, o Warzone.
A Batalha de Campeões é um torneio de sobrevivência multi-arena, onde táticas e estratégias se combinam com a ação rápida. É uma jogabilidade muito diferente do que já foi apresentado em COD, e me fez refletir sobre a possibilidade da "entrada de cabeça" da franquia nos esports.
A Patrulha é uma nova pegada na Zona de Conflito, com um objetivo móvel viajando pelo mapa. Esta adaptação trabalha ainda mais a categoria do multiplayer de Call of Duty, muito mais focado em estratégia e em uma jogabilidade mais acelerada, sem perder o tradicional caos de sempre.
Apresentando novos mecanismo de interação com armas, ambientes reativos, maior personalização das armas, tiroteio "cego", balística personalizada e outros recursos. As armas possuem mecanismos bem mais pesados, pela reprodução de uma artilharia menos moderna, porém nada que atrapalhe muito o andamento das partidas. O único problema é acertar o timing de tiros e estender o aprendizado para o campo de combate.
Por fim, este novo título apresenta o modo Zumbis cooperativo, com o retorno da Treyarch à frente do projeto. Mais um acerto, com toda certeza.
Por fim, fui captada pelo jogo, muito mais do que eu esperava. Apesar do clichê da Segunda Guerra Mundial e de todas as possibilidades de irritar o público com um assunto tão batido, Vanguard acerta em cheio, direto no coração dos fãs (risos). Vou aproveitar por bastante tempo.
Esta é uma prova de que Call of Duty sabe envelhecer e segue mais jovem do que nunca.