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Como Ayrton Senna ajudou no desenvolvimento do melhor jogo de corrida 16-bits

Super Mônaco GP II completou 30 anos; relembre o envolvimento do piloto brasileiro na produção do clássico do Mega Drive

1 mai 2024 - 05h00
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Ídolo brasileiro, Senna deixou sua marca no mundo dos videogames
Ídolo brasileiro, Senna deixou sua marca no mundo dos videogames
Foto: Reprodução

Há pouco mais de 30 anos, jogar Fórmula 1 nos videogames era uma experiência completamente diferente das simulações realistas de hoje em dia. Em 1992, o cenário era composto por games simples, limitados ou que jogavam o realismo fora em nome da diversão.

Essa realidade mudou graças a um jogo e um piloto lendário: Ayrton Senna 's Super Monaco GP II, para Mega Drive, cujo desenvolvimento contou com forte participação do ídolo brasileiro.

No aniversário de 30 anos da morte de Ayrton Senna, relembre o jogo de corrida considerado por muitos como o melhor do gênero nos consoles 16-bit e o envolvimento de Senna em seu desenvolvimento.

Do Brasil para o mundo

Ayrton Senna ergue troféu do Sonic
Ayrton Senna ergue troféu do Sonic
Foto: Sega / Reprodução

Ao contrário da realidade dos últimos anos, em 1991 o Brasil tinha uma participação e tanto na Fórmula 1, sobretudo graças ao protagonismo do ídolo Ayrton Senna, que vivia o auge de sua mítica carreira nas pistas. Entretanto, diferente do que acontece hoje, o país não tinha nenhuma participação na produção de videogames. Quem mudou esse cenário foi a Tectoy, representante oficial da Sega no Brasil na época, primeiro com um jogo licenciado da Turma da Mônica e posteriormente com uma ideia que soou absurda à princípio: propor um jogo de Fórmula 1 com Ayrton Senna. 

Propostas de jogos partiam ou do escritório da Sega of America, nos Estados Unidos, ou das equipes de desenvolvimento que trabalhavam na matriz japonesa. Ainda assim, os executivos da Tectoy tiveram a ousadia de apresentar o projeto diretamente à Sega do Japão, que surpreendentemente aceitou no ato.

Dois fatores foram decisivos: a grande idolatria dos japoneses pelo tricampeão brasileiro e uma feliz coincidência, o fato do vice-presidente executivo da Sega do Japão ter conhecido pessoalmente Ayrton Senna quando trabalhou na Honda, fornecedora dos motores da equipe McLaren, pela qual o brasileiro ganhou seus títulos. 

O acordo entre Tectoy e Sega para o desenvolvimento do jogo foi fechado em março de 1991, mas ainda faltava o endosso de Ayrton Senna, que veio em outubro, na véspera do Grande Prêmio do Japão, que ele venceu e sagrou-se tricampeão mundial. Foi aqui que a história do game mudou pra valer.  

O fator Senna

Diferente da maioria das estrelas esportivas que costumam apenas ceder sua imagem e nome para produtos licenciados, Ayrton Senna contribuiu ativamente para que Super Monaco GP II se tornasse um clássico dos videogames. A Sega aproveitou a base e destacou a mesma equipe que trabalhou no primeiro game Monaco GP, que fez bom trabalho ao contornar as limitações técnicas do Mega Drive.

Porém, muito além de melhorias gráficas típicas de continuações, Senna prestou uma verdadeira consultoria, orientando os desenvolvedores da Sega sobre os detalhes finos de uma corrida de Fórmula 1, como a troca de marchas, reações dos carros (como pegar o vácuo de um carro à frente, por exemplo), usar as zebras para virar curvas, etc. Mais que evolução em gráficos e sons, Senna ensinou os desenvolvedores da Senna sobre a importância da experiência de corrida.

O envolvimento de Senna com Super Monaco GP foi tal que o piloto se comprometeu a gravar depoimentos em áudio sobre as 16 pistas presentes no game. Porém uma delas, a da Espanha, era novidade na temporada de 1991, e por nunca ter corrido nela, Senna se recusou a gravar. Por conta do prazo de desenvolvimento, a equipe da Sega insistiu, sem sucesso, para que Senna gravasse um depoimento genérico.

O piloto resolveu o problema de outra maneira: Senna disputou o Grande Prêmio da Espanha e logo após o término da corrida – Senna terminou em 5 lugar, Nigel Mansell venceu a prova –, gravou suas impressões e enviou a fita para o escritório da Sega no Japão. Apesar de todo o esforço, a pouca memória do cartucho não permitiu que os áudios fossem implementados, restando apenas curtos clipes com a voz de Senna.

Ainda assim, a Sega incluiu um modo "Senna GP" com três pistas exclusivas, todas desenhadas por Ayrton Senna, incluindo uma baseada na pista de Kart que o piloto possuía em Tatuí, SP.

Mais de 30 anos de saudade

ON.GG: Bastidores da produção do game Senna Sempre:

Em julho de 1992, a Sega lançou Ayrton Senna 's Super Monaco GP II para Mega Drive. O jogo, que também contou com versões para Master System e Game Gear, foi um grande sucesso de público e crítica. Como não poderia deixar de ser, as revistas de videogame mais conhecidas da época – Ação Games, Super Game e VideoGame – todas deram grande destaque ao título, que também contou com uma grande campanha de marketing da Tectoy.

Durante a geração 16-bits, o rival Super Nintendo recebeu alguns títulos imitando o gameplay de Super Monaco GP II (o game de Nigel Mansell foi o mais famoso), mas nenhum conseguiu bater o brilhantismo do clássico da Sega.

Uma pena que a morte trágica e precoce de Ayrton Senna não tenha permitido que pudéssemos ter um "Ayrton Senna’s Super Monaco GP III", fosse para o Mega Drive ou mesmo para o Sega Saturn. Pelo menos, a memória e a saudade do tricampeão podem ser vividos graças a atualização "Senna Sempre" de Horizon Chase Turbo, disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, e no próximo jogo da Codemasters, F1 24, que pela primeira vez permitirá a escolha de pilotos lendários no Modo Carreira.

Fonte: Game On
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