Crisálida: narrativa imersiva e lembranças de uma pandemia
Jogo desenvolvido pela produtora e streamer FFinha e pela roteirista Laís Faccin é sensível e imersivo
Já são mais de dois anos em casa, vendo um vírus mortal circulando pelo mundo, muita gente morrendo e muitas outras não se importando. Pra quem se importou, e de fato pode ficar em casa, esses meses criaram muitas introspecções, muitos demônios e um tempo maior do que o normal de papo com nós mesmos.
E foi em um dos grandes escapes dessa pandemia, a Twitch, que surgiu o projeto Crisálida. Ainda era maio de 20 e nosso home office forçado tava engatinhando quando a dev e streamer FFinha decidiu fazer uma game jam com seu público, pensando em trazer amantes dos jogos para dentro do mundo do desenvolvimento e mostrar que não precisa ser nenhum monstro da programação ou das artes para fazer um jogo.
Conheça a história de Crisálida no podcast Controles Voadores:
Crisálida, pensado pela escritora, streamer, e agora roteirista de jogos, Laís Faccin, é um jogo narrativo com elementos de point and click que vai viajar por esse período complexo da pandemia. Com uma narrativa sensitiva e imersiva, o projeto vai te colocar na pele de Iris, uma jovem mãe revivendo memórias dolorosas em busca de uma nova solução.
“Iris, a protagonista, tá passando pela pandemia, o final da pandemia obrigatória, e ela vai começar a relembrar o que ela passou durante a quarentena e antes. Envole o relacionamento dela com o marido e outras pessoas e a relação dela com o covid, então vai ser essa viagem nas memórias dela pra tomar uma decisão final”, disse Lais no décimo episódio do nosso podcast.
Utilizando relatos e histórias reais da pandemia filtrados por Lais, Crisálida ainda precisava de uma cara. E foi por acaso que a roteirista encontrou a arte visceral de Milena Bragatti, a Menye, numa rolagem do feed do instagram. Também streamer e pintora de telas, Milena topou na hora em se aventurar na arte digital para o projeto e sua proposta de “mão na massa” casou com a ideia de FFinha e Lais.
“O Crisálida, além de ser meu xodózinho, meu primeiro game, está me impulsionando a procurar mais conhecimento, a melhorar, pra algum dia eu ficar mais segura do que estou fazendo”, acrescentou a roteirista. Essa crisálida também é casulo para a transformação da escritora em uma roteirista de jogos e da artista “convencional” para a artista digital.
A referência visual mais forte e próxima do que Crisálida vai ser é If Found, da Annapurna, e sua mecânica de traduzir o ato de relembrar memórias. Pro desenvolvimento, FFinha conta com a ajuda de Camila Marques, que integrou a equipe após o começo da campanha do Apoia.se do jogo.
Com um núcleo totalmente formado por mulheres devs, Crisálida “tem como missão principal, além de fazer jogos, inserir mulheres na área tecnológica de desenvolvimento de jogos, contribuindo para sua formação e ganho de experiência prática e de mercado”, como é dito na campanha do jogo no Apoia.se. E isso está sendo muito mais do que feito.
“Depois da jam foi mais essa gana de continuar com esse grupo de mulheres mesmo, porque tem esse déficit de desenvolvedoras. Você vai numa empresa como a minha e menos de dez por cento das pessoas que trabalham no desenvolvimento são mulheres. E eu sempre tive essa carga de mudar isso. O Crisálida é um projeto de jogo sim, um produto, mas pra mim é uma inserção de carreira. Uma coisa que a gente já gosta e não é algo de outro mundo”, completou FFinha também no décimo episódio.
Além das quatro integrantes do grupo mais central, o jogo também terá dublagem feita pela artista Mila Túlio, que “além de ter uma voz que casou com o projeto, toca um violão incrível” e dirigida por Alessandra Carneiro.
Crisálida tem uma página de apoio mensal no Apoia.se e seu lançamento está previsto ainda para 2022.