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Por que é tão difícil adaptar jogos para filmes?

Do famigerado Uwe Boll aos filmes recentes de Resident Evil, qual é a dificuldade dos diretores e roteiristas em adaptar histórias de games?

10 fev 2022 - 17h00
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Imagem: Netflix
Imagem: Netflix
Foto: GameON

A categoria de filmes baseados em jogos tem uma aura sombria e energia pesada. É difícil encarar novos títulos relacionados a videogames depois de passar por mais de duas horas desnecessárias de Need for Speed. Infelizmente, todas as cenas que não envolvem corridas, mesmo com a presença de Aaron Paul, poderiam ser cortadas, sobrando 20 minutos de carro dando cavalo de pau. 

Entre as tentativas de Uwe Boll e o live-action de Super Mario Bros., os anos 90 e 2000 merecem menção honrosa com a pior safra de adaptações de games. Se você já viu os filmes de Wing Commander, Tekken e Street Fighter, sabe que não falta muito para completar o show de horrores. Há quem goste e tenha certo carinho pela obra que conta com Jean-Claude Van Damme e Kylie Minogue, mas ela não escapa da maldição dos jogos no cinema.

Mesmo com Fred e Salsicha, Wing Commander é ruim de doer. Imagem: Reprodução
Mesmo com Fred e Salsicha, Wing Commander é ruim de doer. Imagem: Reprodução
Foto: GameON

Os estúdios de Hollywood andam se esforçando mais com enredos que se aproximam das histórias originais, mas ainda conseguem entregar um reboot de Resident Evil que, mesmo carregado de referências, falha em se conectar com qualquer tipo de espectador, seja ele gamer ou não. 

Logo, resolvemos levantar as principais questões que levam a indústria cinematográfica a ter uma desconexão tão forte do mundo dos jogos. Seria por que faltam investimentos por parte de produtores e estúdios? Eles ainda desacreditam do potencial de tais histórias conquistarem o grande público? Ou sim, já existem esforços financeiros e criativos investidos o suficiente, porém, a escolha de diretores e roteiristas dos projetos é equivocada? Eles pesam a mão em referências dos jogos ou esquecem dos elementos essenciais que caracterizam as obras originais?

Dinâmica dos jogos pode afetar o ritmo do filme

Tudo bem, nas duas décadas anteriores é justo receber as decepcionantes adaptações de Mortal Kombat e Alone in The Dark por conta da falta de investimentos, tido que, na época, adaptações de jogos não seriam rentáveis.

Doom, de 2005, tem The Rock e Rosemund Pike no elenco
Doom, de 2005, tem The Rock e Rosemund Pike no elenco
Foto: GameON

Porém, o cenário muda a partir de 2019, com o mercado de videogames valendo mais do que os de cinema e esportes. Assim, diversos jornalistas especializados em games colocam a culpa dos fracassos na experiência imersiva de ambas as mídias. 

Em filmes, o consumidor é um mero espectador que se propõe a assistir o cineasta contar a história do jeito que a criou. Os videogames, por outro lado, são um meio ativo. E embora seja um trabalho de storytelling arquitetado por um time de roteiristas, muitas vezes é o consumidor que tem a responsabilidade de escolher como a história vai se desenvolver. 

Isso cria uma intensidade diferente de conexão com a história. Por exemplo, na adaptação de 2005 de Doom, há um grande esforço em replicar a jogabilidade em primeira pessoa numa sequência do filme. Do ponto de vista técnico e artístico, é muito interessante por se tratar de uma inovação no uso de câmeras no cinema.

Porém, não funciona como entretenimento passivo. Assistir por meio da visão do personagem é tedioso e não cria tensão, ao contrário dos jogos de tiro em que a diversão está exatamente neste lugar. Ou seja, um elemento característico do gênero e do título em si falham ao serem implementados no cinema. 

Pouco tempo para desenvolvimento 

Outro fator levantado como obstáculo na produção das adaptações de jogos para filmes é o tempo de desenvolvimento, tanto dos acontecimentos quanto dos personagens. The Last of Us, por exemplo, tem um gameplay que pode durar de 10 a 20 horas, e talvez até encontre um refúgio no maior tempo disponível no formato de série. Porém, imagine se fosse adaptado para o cinema, onde os blockbusters, à medida que atingem 2 horas e meia de duração, recebem críticas por serem “longos demais”. 

Quando o assunto são jogos, a reclamação relativa ao tempo pode vir, mas geralmente ao contrário: está curto demais. Então, surge o questionamento: é possível transformar as 43 horas de Mass Effect em um único filme? Ou dá pra surgir uma saga a partir de um dos fios narrativos dessa ficção científica e ainda manter a essência do jogo?

Henry Cavill já disse por aí que adoraria participar da série baseada em Mass Effect
Henry Cavill já disse por aí que adoraria participar da série baseada em Mass Effect
Foto: GameON

É uma pergunta difícil de responder quando existem diversos momentos icônicos em jogos que duram o mesmo tempo que uma película inteira. 90 minutos, tempo médio de um longa-metragem, é apenas a sequência do tutorial de Red Dead Redemption 2. Assim, é uma tarefa que os cineastas precisam levar mais a sério: escolher os trechos certos para condensar, mas sem cortar aquilo que faz o jogo ser o que ele é. 

Inspiração para futuras adaptações

Entre tantos desafios e títulos infelizes, o Pokémon: Detetive Pikachu, de 2019, traz as criaturas do universo Pokemón para a tela grande de uma maneira divertida. Baseado em um dos jogos da franquia de 2016, a proposta é não se levar a sério, já que coloca Ryan Reynolds como voz do nosso querido Pikachu, protagonizando uma história investigativa.

Apesar de não focar nas batalhas, ele ainda se concentra na natureza centrada na família e amigos. Sem mexer demais, consegue mostrar uma luz no fim do túnel para os games no cinema.

Quem diria que Ryan Reynolds de Pikachu seria um sucesso?
Quem diria que Ryan Reynolds de Pikachu seria um sucesso?
Foto: GameON

Uwe Boll: um diretor que acumula adaptações de jogos fracassadas

Se você ainda não viu nenhuma das adaptações de jogos para filmes de Uwe Boll, está prestes a descobrir um mundo novo. O diretor, que se aposentou em 2016, tem uma vasta galeria composta por mais de 10 títulos baseados em games.

A versão cinematográfica de Jack Carver é do mesmo ator que interpreta o sargento Hugo Stiglitz de Bastardos Inglórios
A versão cinematográfica de Jack Carver é do mesmo ator que interpreta o sargento Hugo Stiglitz de Bastardos Inglórios
Foto: GameON

O melhor é o fato de Boll ser considerado o “pior diretor do mundo”. Far Cry, por exemplo, merece destaque, pois de tão ruim, chega a ser bom. Os personagens são todos desprovidos de traços de personalidade e a atuação também não colabora. Mas cuidado ao dizer isso na frente dele: ele também é conhecido por desafiar críticos de seu trabalho para lutas de boxe.

In the Name of the King, que conta a história da série de jogos de fantasia nomeada Dungeon Siege, conta até com Jason Statham como protagonista. São filmes ruins? Sim, mas se você não levar nada a sério e for entusiasta do gênero trash, pode ser que se divirta. 

O que esperar para as próximas adaptações de games?

Olha, os próximos anos para as adaptações de jogos devem render bastante material. The Last of Us ganhará uma série produzida pela HBO ainda esse ano. Com o formato que permite maior desenvolvimento, é provável que Joel e Ellie sejam retratados com mais detalhes do que seriam no cinema.

Tomb Raider deve ter uma continuação protagonizada por Alicia Vinkander, a mais recente Lara Croft do mundo cinematográfico. A produção conta com uma nova roteirista, Amy Jump, para acertar mais depois do filme de origem que não foi lá dos melhores. Porém, o que deve chegar logo é Uncharted, com um Nathan vivido por Tom Holland. Algumas pessoas já tiveram a oportunidade de assistir e juram: pode ser o primeiro grande sucesso comercial de um filme baseado em um jogo. Aguardemos!

Será que vem aí um filme baseado em jogo bom pra cinéfilos e gamers?
Será que vem aí um filme baseado em jogo bom pra cinéfilos e gamers?
Foto: GameON

Podemos observar que o encontro do equilíbrio entre agradar os fãs e tornar algo acessível ao cinéfilo convencional é complicado. Além disso, é uma pena que exista a crença de que todo filme baseado em jogo vai ser ruim, entretanto, poucas provas do contrário estão à nossa disposição. 

Talvez alguém, algum dia, consiga a combinação certa de talento atrás da câmera e na frente dela. Adaptar jogos para filmes é uma missão difícil, só vai exigir uma abordagem sofisticada. Resta depositar algumas fichas no Nathan Drake de Tom Holland, com direção de Ruben Fleisher, responsável por Zumbilândia

E aí, qual a sua opinião? Ainda há esperança para a categoria de games no cinema? Aproveita e deixa aqui nos comentários a sua adaptação favorita de filme de videogame, mesmo que seja ruim, mas tenha criado raízes afetivas.

Fonte: Game On
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