Quanto ganha um desenvolvedor de games?
Carreira não é fácil, mas produtores podem receber até R$ 18 mil
Muitos fãs de jogos eletrônicos já consideraram dar o próximo passo e se tornarem desenvolvedores. É uma indústria que movimenta bilhões de dólares e compete lado a lado com o cinema e a música. Mas a questão que fica é: quanto ganha um desenvolvedor de games?
De acordo com a previsão do site Exploding Topics, o número de jogadores no mundo todo deverá atingir os 3.32 bilhões até o final de 2024. Enquanto isso, projeções do relatório sobre entretenimento e mídia da PwC indicam que a receita do setor de jogos no Brasil pode duplicar até 2026. O aquecimento e alta demanda no setor despertam o interesse sobre como um game é desenvolvido, inclusive sobre a profissão ir muito além de uma diversão.
Para Rafael Lima, professor do curso de Unreal Engine do Zero ao Pro da EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas & Tecnologia) o mercado de jogos continua crescendo independente da economia, “cada vez mais a indústria de games dentro e fora do Brasil se misturam, tornando carreiras internacionais cada vez mais prováveis. A previsão é de que o mercado de games continue crescendo por pelo menos 20 anos antes de saturar", pontua.
A EBAC aposta no crescimento da área profissionalizante e carreiras relacionadas a jogos no país. A escola disponibiliza 13 cursos para formar profissionais no setor de jogos, desde Artista 3D para Games e Desenho de Personagens 3D a Game Designer e Desenvolvedor Unity ou Unreal. Para Lima, a previsão para o nosso país mostra-se ainda mais otimista que a do resto do mundo.
O relatório da PwC revela que a indústria doméstica de jogos eletrônicos poderá chegar até US$ 2,8 bilhões em 2026 e o Brasil deve se tornar responsável por 47,4% da receita total da América Latina no final do período.
Média salarial
De acordo com dados do site Glassdoor, o salário médio inicial pode variar entre R$ 5.000,00 e R$ 8.000,00, mas é possível chegar aos R$18 mil de acordo com a região, carga horária e nível de competência.
O setor possui uma ampla gama de atuação e, em cada uma delas, há diversas funções específicas, que são únicas e necessárias para cada etapa do processo de produção de um jogo. Veja algumas:
- Game Designer/Projetos em games: Uma posição que une técnica e arte. O designer de games desenvolve o conceito, personagens e história do game. Geralmente, passam uma parte significativa do tempo colaborando com outros membros técnicos do time.
- Artista 3D: São artistas técnicos. Eles criam imagens em três dimensões, como personagens do jogo ou cenários, trazendo o mundo do jogo à vida. Na maioria dos casos, usam software especializado.
- Desenvolvedor de software: Os designers de jogos são responsáveis pela visão geral de um projeto, mas são os desenvolvedores de software que muitas vezes dão vida a essa visão. Eles gastam seu tempo criando código, solucionando problemas e lidando com muitas das responsabilidades técnicas para garantir que o jogo funcione.
Daniel Rivers, professor na escola de games, destaca também a atuação no mercado indie no Brasil, ou seja, desenvolvedores amadores ou intermediários que se reúnem para produzir jogos independentes, sem patrocínio ou grandes incentivos.
“Esta é uma das formas que muitos brasileiros conseguem espaço no mercado e acabam se consolidando profissionalmente", aponta Rivers. "É uma área que está crescendo muito e gerando vagas, vejo diversos estúdios procurando por alunos que já estejam desenvolvendo suas habilidades para fazerem parte de um estúdio indie”.
Habilidades e competências para se destacar
É possível ingressar neste mundo por meio de diversas áreas, mas algumas têm ganhado mais destaque nos últimos anos. O mercado de 2024 possui uma demanda enorme por profissionais que tenham capacidades como a de programar, mas também há uma crescente por habilidades artísticas.
“Pela primeira vez no Brasil algumas profissões mais especialistas dentro da indústria de games estão surgindo. A busca por profissionais que trabalham com a Unreal Engine [plataforma de renderização 3D] já extrapolou o mercado de games há muito tempo e continua expandindo em áreas como cinema, produção virtual, arquitetura e engenharia” explica Lima.
Com um mercado em constante expansão, impulsionado tanto pelo crescimento do público gamer quanto pelo avanço das tecnologias, as oportunidades são abundantes e diversificadas. Rivers enfatiza que habilidades de computação e inglês são um grande diferencial para se destacar no setor. Para Lima, se comunicar bem e trabalhar em equipe é essencial, afinal, não há trabalho feito sozinho em Games.
“A convergência de paixão e inovação, aliada ao planejamento de carreira e suporte educacional cria um ambiente fértil para o desenvolvimento de habilidades e construção de uma carreira sólida. Portanto, apostar nesse setor não é apenas seguir uma tendência, é preciso planejar e se especializar num segmento para ter um alto potencial de retorno, tanto profissional quanto financeiro”, conclui Rivers.