O que são os MODs em jogos e como criar o seu?
Se ainda tem dúvidas sobre as versões que existem de Skyrim e Fallout, você está no lugar certo. Saiba o que são mods e como criar um!
Quem tem o PC como principal plataforma para jogar, provavelmente já ouviu falar das modificações e conteúdo adicional que a própria comunidade gamer produz e compartilha para melhorar gráficos, jogabilidade e outros elementos dos jogos. A parcela de jogadores que não se identificou com isso, pelo menos, ouviu uma conversa dos amigos sobre aquele GTA do Homem Aranha ou o Bomba Patch, famoso democratizador do futebol, mesmo que tenha sido lançado há mais de 10 anos.
O que queremos dizer é que o MOD não é nenhuma novidade, mas muitas pessoas ainda não sabem o que isso significa. As dúvidas em definir esse tipo de prática estão em sua função, legalidade perante a lei e importância à experiência gamer. Por isso, vamos falar sobre o que são os MODs de fato e se qualquer jogador pode criar o seu em casa.
O que são os MODs de jogos?
Vamos começar com a definição da atividade em si: modding é a prática do MOD - modificação realizada por parte dos jogadores que enxergam diversas possibilidades de melhorias ou apenas querem se divertir com elementos inusitados nas narrativas de cada enredo.
As pessoas que colocam esforço e tempo em tais modificações são nomeadas de modders. Alguns fazem para corrigir erros ou melhorar a jogabilidade por meio dos gráficos, outros apenas inserem personagens e criam situações ridículas, como você matando teletubbies zumbis no mod Bloody-Thirsty Teletubbies para Left 4 Dead 2.
Importância do MOD na experiência
O Skyrim de 2011 mostra como as melhorias desenvolvidas pelos modders foram capazes de prolongar a vida da obra. Há mais de 10 anos disponível, ele se mantém atual, conforme a opinião da comunidade gamer, por conta das novidades e atualizações.
Simplificando, esse ato de modificar os arquivos a fim de alterar o conteúdo já existente ou criar coisas totalmente novas e exclusivas para o jogo é a melhor forma de expressão para uma comunidade e uma das forças de longo prazo mais importantes.
Em conversa com Allan Jefferson, o modder responsável pelo famoso Bomba Patch, conseguimos um vislumbre do que significa criar e compartilhar tais experiências. Ele conta que a modificação surgiu a partir da vontade de jogar o campeonato brasileiro no Winning Eleven 10. Não só ele, mas toda a comunidade que frequentava sua locadora de jogos se animava com a ideia de assumir times da série A e B do brasileirão, quando o título oferecia basicamente apenas equipes europeias.
A partir dessa ideia, pode-se dizer que ao criar um jogo, consequentemente uma comunidade surge. A mesma coisa com o mod, é como se outro jogo fosse criado e uma nova comunidade aparecesse para compartilhar conhecimento e buscando conexões.
E como essas conexões acontecem? Falando do Bomba Patch especificamente, tudo é disponibilizado no canal oficial do jogo no Youtube para ser baixado gratuitamente. “Com um trabalho contínuo de atualizações, já conseguimos criar mais de 30 narrativas diferentes. E por que isso é positivo? Se eu sou uma pessoa do Acre, por exemplo, eu quero jogar o campeonato acreano, mas não tem. Então o que eu faço? Eu baixo o Bomba Patch raiz, entro na comunidade e começo a pegar o conteúdo, monto o estádio. Assim eu consigo ter o jogo do meu gosto, consigo ter essa proximidade e identificação”, explica Allan sobre uma das características que tornam os mods atraentes.
Como fazer um mod
Tales of Zestiria, em seu padrão, roda a 30 fps. Um mod foi capaz de otimizar para 60 fps, demonstrando mais uma vez que tais intervenções podem melhorar significativamente os jogos para PC após o lançamento. Porém, o que realmente constitui esse tipo de “modding” pode ser um mistério para a maioria dos jogadores. Quão difícil é mexer no código do jogo? Eu consigo criar um mod sozinho? Que tipo de material eu pesquiso para conseguir fazer a mesma coisa?
Olha, a primeira recomendação é de que haja familiaridade com a terminologia da programação, além de ser uma pessoa curiosa, como Allan Jefferson cita ao falar sobre o começo de sua carreira como desenvolvedor.
Se a modificação não for oficialmente suportada, existem três maneiras de realizar mods: edição de arquivos de dados, interceptação no nível da API (Interface de Programação de Aplicações) e injeção direta de código binário. A opção mais direta é editar os arquivos de dados. Porém, vale mencionar que a dificuldade varia desde a simples modificação de imagens .jpg para ajustar texturas, até a engenharia reversa dos formatos de arquivo binário personalizado de um jogo.
Uma ferramenta que pode ajudar nessa hora é o MinHook, biblioteca de conexão de API do Windows. Ele oferece funções para substituir de forma relativamente prática as chamadas de API na memória.
Depois de identificar onde essa interceptação deve ser feita, o código do mod é colocado no processo do jogo, processo que pode seguir de várias maneiras, mas a mais comum envolve substituição da biblioteca usada pelo jogo por um wrapper.
Se essa primeira parte parece exigir esforço mecânico e familiaridade com detalhes de como as chamadas de função de biblioteca funcionam, saiba que é a mais simples tarefa da missão. Descobrir onde e o que modificar é relativamente fácil, difícil é fazer tudo isso sem gerar consequências e bugs indesejados.
Desta maneira, como modder, é necessário investigar e formar hipóteses sobre quais APIs provavelmente estão envolvidas na base do jogo e como elas podem ser afetadas pelas alterações.
O moderno ecossistema de mecanismos livres dos dias atuais também ajuda, já que qualquer um pode baixar Unity, Unreal ou outros motores de jogos. Assim, você consegue encontrar modelos e ativos gratuitos.
Enfim, como você pode observar, praticar o modding pode demandar horas de estudos e erros. Então, se você deseja conhecer mais sobre esse universo, pesquise o jogo que você aplicaria modificações, de preferência, um título que já tenha uma comunidade de mod para buscar material já existente. Esse é o cenário ideal para iniciantes, pois é ali que encontram-se tutoriais e fóruns cheios de informações e troca de ideias.
É permitido criar mods de qualquer jogo?
Conforme a indústria de games se desenvolve e, consequentemente, sua comunidade adquire mais habilidades, a visão sobre os MODs está em transformação. Por muito tempo, eram poucas as produtoras que lançavam ferramentas de modificação dedicadas para seus jogos ou liberavam acesso ao código-fonte. Claro, ainda existem jogos que são intencionalmente difíceis de modificar.
Porém, a cultura moderna vem entregando obras como God of War com recursos e suporte. A regra geral é que desde que o mod seja gratuito e o consumidor tenha comprado o jogo, não há nenhum tipo de dano ao trabalho dos desenvolvedores e publisher. É justo que outras produtoras prefiram não oferecer tais recursos de modding, contanto não haja perseguição dos modders, tirando fora do ar o que levou um imenso montante de tempo para ser construído.
Entre os casos de proibições, vale citar o Nexus Mods, conhecido como um dos principais serviços de compartilhamento de modificações do mundo. Com mais de 276 mil arquivos disponíveis para pouco mais de mil jogos, o site declarou proibição total de mods relacionados a questões sociopolíticas nos Estados Unidos, à medida que modders se posicionavam em relação a Donald Trump e Joe Biden, concorrentes à presidência na época.
Futuro dos MODs e modders
“Quanto mais liberdade o jogo der ao jogador para acrescentar conteúdo, mais atraente e vida ele terá”, essas palavras de Allan resumem por que o mod deve continuar crescendo no meio gamer. Ao discorrer sobre a importância dos MODs para a comunidade e como a indústria já não dificulta a vida de quem quer se divertir com novas opções, os próximos anos devem ser promissores.
Entre as gigantes comunidades de MODs como a do Minecraft, sites que agregam MODs para diversos jogos de diferentes produtoras como o Nexus Mods e queridas produtoras de jogos que apoiam como a Bethesda, ações que potencializam o desenvolvimento da atividade aparecem para incentivar o modding.
Ao abandonar o olhar de que a atividade seria uma forma de hacking, as empresas - principalmente as visionárias - enxergam os benefícios para os fãs e para o próprio negócio. Ou seja, abraçar os mods como uma tendência no mundo dos jogos faz bem para todos os lados, garantindo lucratividade à indústria e liberdade aos gamers, o que pavimenta ainda mais o caminho para o surgimento de grandes profissionais.
Às vezes, o modding é aquilo que irá permitir que diferentes pessoas, com diferentes habilidades e gostos, desfrutem do mesmo produto. Em outras palavras, mais do que alterações, os mods somam ao título, conseguindo até alavancar as vendas por ser um atrativo.
E aí, conhece algum mod incrível que todo mundo deveria experimentar? Compartilha com a gente nos comentários!