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Como a Nintendo World quebrou as regras das revistas de jogos

Há 25 anos, meio sem querer, a publicação ajudou a criar um novo jornalismo de games no Brasil

4 out 2023 - 17h41
(atualizado em 9/10/2023 às 19h11)
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Nintendo World marcou uma geração de leitores e jogadores no Brasil
Nintendo World marcou uma geração de leitores e jogadores no Brasil
Foto: Nintendo Blast / Reprodução

Para mim, foi como se fosse ontem. Mas foi há um quarto de século, que soa bem mais assustador do que "vinte e cinco anos atrás". 

No final de setembro de 1998 chegou às bancas a edição brasileira da revista oficial da Nintendo. O nome Nintendo World (muito anterior ao parque temático, diga-se) parecia ideal para descrever o conteúdo da publicação, voltada para os fãs da fabricante de videogames mais amada do mundo (pelo menos naquela época, e acho que continua sendo hoje em dia): reportagens, previews, estratégias, dicas e truques, entrevistas, seções com participação do leitor, notícias e até críticas, se é que uma revista oficial podia criticar seus próprios produtos (podia, até certo ponto).

"Toda revista de games já era assim", diriam os leitores veteranos, lembrando de publicações pioneiras como Videogame, Ação Games, Supergame, Super GamePower, Gamers, entre tantas outras. Mas a Nintendo World causou uma certa revolução no nicho multiplataforma que povoava as bancas de jornal. Ao invés de falar sobre todos os assuntos, para a NW, só o mundo Nintendo importava. Se por um lado isso alienava parte do público adepto de outros consoles, por outro, oferecia aos "nintendistas" um espaço seguro para chamar de seu – isso muito antes de as redes sociais surgirem.

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Por sua natureza ímpar, a Nintendo World podia ser fã assumida sem se preocupar com sua própria integridade. Mas, ao invés de se colocar como um mero panfleto publicitário da marca, a revista se esforçava para funcionar como um veículo jornalístico-observador da mesma. A ideia era sempre valorizar os pontos fortes e criar hype quando havia a oportunidade, mas também ser chato e reclamar quando se fazia necessário. Exatamente o que um nintendista faria.

Digo isso hoje como um observador distante daquele 1998, mas também como testemunha ocular. Fiz parte da primeira equipe da revista e ajudei a desenvolver sua voz editorial ao longo dos anos. Devo ter exercido todas as funções na cadeia de produção, mas chamei mais a atenção pelas matérias de estratégias que fiz nos dois primeiros anos, de marcas óbvias e adoradas como Zelda e Pokémon. Acabei me tornando uma espécie de "setorista" dessas franquias, algo de que me aproveito até hoje.

Na época, e isso eu sempre digo por aí, ninguém imaginava que a revista marcaria uma geração de pequenos novos leitores, encantados não só pela magia dos games, como também por um certo novo jornalismo de games que ali passava a se desenvolver. A base era a sinceridade emocional do discurso, alinhada a uma linguagem mais próxima do vocabulário do fã, que apesar de jovem, saboreava cada pedacinho de texto como se fossem valiosos pedaços de informação. Em uma época sem a onipresença da internet, isso era algo possível.

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O melhor de tudo é que foi um mérito alcançado sem grandes planejamentos. Fazíamos os conteúdos que achávamos que iríamos curtir se fôssemos o público-alvo. Escrevíamos para nós mesmos. Muitos dos acertos foram espontâneos. Dos vários erros quase não me lembro, e não sou só eu: sempre que encontro leitores daquela época, só escuto palavras de alegria nostálgica sobre a importância da NW naquele momento formador de suas vidas. 

Como em tudo na vida, há altos e baixos. Na medida em que a Nintendo falhava em alavancar o N64 (e errava mais ainda com o GameCube), o interesse pela Nintendo World também foi diminuindo, mas boa parte do público adquirido na fase inicial se manteve fiel. Tanto que a revista aguentou firme por quase 20 anos e só parou de circular regularmente em 2017. Poucas publicações sobre videogame duraram tanto tempo no país.

Tenho muitas saudades e orgulho desse período em que aprendi boa parte do que sei hoje, no que foi meu primeiro emprego como jornalista. Então, de certa forma, também estou celebrando meus 25 anos de profissão junto à Nintendo World. E continua sendo uma louca viagem.

Parabéns para nós! As celebrações estão só começando...

*O texto acima faz parte da edição mais recente da newsletter semanal Extra Level. Para assinar gratuitamente e não perder os assuntos mais importantes do mundo dos games e da cultura pop, clique aqui e cadastre o seu email.

Fonte: Game On
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