Activision é processada por famílias das vítimas de tiroteio em escola nos EUA
Ações judiciais alegam que atirador comprou arma apenas após usá-la em Call of Duty: Modern Warfare
Famílias das vítimas de tiroteio ocorrido em Uvalde, Texas, EUA, estão processando Activision, a Meta e a fabricante de armas Daniel Defense.
As famílias das vítimas do tiroteio que ocorreu em 2022 na escola primária Robb, em Uvalde, Texas, nos Estados Unidos, informaram que estão processando a Activision.
Conforme revelado pelo jornal The New York Times, duas ações foram movidas, uma na Califórnia e outra no Texas, na última sexta-feira (24), data que marcou o segundo aniversário do ataque em que 19 crianças e dois professores foram mortos pelo atirador Salvador Ramos, de 18 anos.
A Meta, dona do Instagram, também foi incluída nos processos, juntamente com a fabricante de armas Daniel Defense, por terem um suposto papel em “preparar” Ramos para se tornar um atirador.
A Activision foi descrita como "a mais prolífica e eficaz comerciante de armas de assalto nos Estados Unidos", por causa das armas deste tipo presentes nos jogos da franquia Call of Duty. No processo, é alegado que uma semana após o atirador ter baixado Call of Duty: Modern Warfare em 2021, ele comprou uma arma que havia sido mostrada no jogo e usada em material promocional.
Josh Koskoff, o advogado que está representando as vítimas de Uvalde e suas famílias, disse que Call of Duty ajudou a treinar Ramos e que o jogo é essencialmente um meio de praticar com armas de fogo.
“Há uma linha direta entre a conduta dessas empresas e o tiroteio em Uvalde”, disse Koskoff (via The Associated Press). “Este monstro de três cabeças (Call of Duty, Meta e Daniel Defense), o expôs conscientemente à arma, condicionou-o a vê-la como uma ferramenta para resolver seus problemas e o treinou para usá-la”.
Activision se manifesta a respeito
Um porta-voz da Activision comentou sobre as ações judiciais (via CBS News), dizendo: "O tiroteio em Uvalde foi horrível e doloroso em todos os sentidos, e expressamos as nossas mais profundas condolências às famílias e comunidades que continuam afetadas por este ato de violência sem sentido. Milhões de pessoas em todo o mundo desfrutam de jogos sem recorrer a atos horríveis".
A Entertainment Software Association (ESA), que representa empresas de jogos nos Estados Unidos, também forneceu uma declaração, com a organização dizendo que as alegações dos processos são “infundadas”.
“Estamos tristes e indignados com atos de violência sem sentido”, disse a ESA num comunicado à imprensa (via Eurogamer). "Ao mesmo tempo, desencorajamos acusações infundadas que ligam essas tragédias aos jogos de videogame, o que prejudica os esforços para focar nas questões básicas em questão e salvaguardar contra tragédias futuras. Muitos outros países têm índices de jogos de videogame semelhantes aos dos Estados Unidos, mas ainda assim não vemos índices semelhantes de violência armada".