Como voltei a me divertir com o futebol
Sem a FIFA, EA Sports FC se esforça para tornar o esporte empolgante novamente
Esta quinta, 29 de setembro, marca a chegada de EA Sports FC 24. Dessa vez, não é um novo FIFA, o que o nome deixa claro. A EA não chegou a um acordo com a entidade máxima do futebol, então as mudanças são esperadas, e até bem-vindas.
"Na prática é a mesma coisa", diriam aqueles que só querem jogar uma partidinha para relaxar (o que também é o meu caso) Só que a diferença está nos detalhes, um filósofo já disse, e este novo FIF - ops, EA Sports FC 24 é um tanto mais diferente do que a nova nomenclatura dá a entender. Mas talvez isso só seja percebido por quem leva o futebol virtual muito a sério.
O Terra Game On fez uma análise mais técnica do simulador de futebol que traz o norueguês Erling Haaland como seu garoto propaganda. Sem pretensões de fazer um review nessas linhas, já que estou longe de ser um especialista (estas pessoas aqui são), vou comentar sobre minhas primeiras observações puramente estéticas.
Por incrível que pareça, senti falta da Seleção Brasileira e também de outros clubes nacionais que não disputaram a mais recente Libertadores. Esses nem trazem os jogadores originais, já que o acordo com a CONMEBOL só inclui os nomes dos times, e não seus elencos. Mais estranho do que ter de escolher o Palmeiras foi jogar com jogadores genéricos de nomes inventados (correção: horas depois, encontrei o São Paulo e vários outros times escondidos dentro da simulação da Copa Sul-Americana).
Mas o foco de EA Sports FC 24 são as licenças das seleções e clubes da Europa, então os aficionados pela Champions League vão se sentir em casa. Aliás, é nesse torneio que o realismo se encontra mais notável. A atmosfera é incrível como a de uma partida de verdade. Os jogadores se comportam de modo autêntico não apenas em suas aparências digitais, mas também de acordo com as características da partida. Se um time está ganhando, provavelmente a catimba vai rolar solta entre tiros de meta e laterais. Se um jogador está pendurado com o cartão amarelo, certamente o adversário vai fazer mais investidas em cima dele para forçar a expulsão.
Pelo menos foi isso o que percebi na minha tentativa frustrada de vencer o PSG com o Real Madrid dos brasileiros Vini Jr. e Rodrygo. Fui goleado sem pena, mas fiquei encantado pelas performances realistas dos 22 homenzinhos em campo. A sensação era de que o desenrolar daquela partida até poderia ser verdade.
Acabei mais interessado no modo Volta, que é o tradicional "rachão" na quadra de cimento envolvida por paredes, em que as regras do futebol de campo não se aplicam. É possível disputas entre 3x3, 4x4, 5x5, sem ou com goleiro, frenéticas, com placares elásticos e jogadas de efeito. As acrobacias das comemorações são impagáveis, assim como os cenários de jogo, que incluem também quadras em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ouvir os gritos de "vambora, vambora" da torcida me fez rir de canto de boca.
Não menos interessante é o modo Futsal, que além de divertido também é nostálgico para quem se aventurou a jogar nas aulas de Educação Física da escola. Após algumas horas, me peguei percebendo que me diverti mais brincando nesse modo do que nos tradicionais. Pelo menos consegui ganhar todas partidas que disputei.
E eu nem vou entrar nos muitos méritos do Ultimate Team, talvez o principal motivo pelo qual muita gente joga FIFA. O modo de criação de um time dos sonhos com jogadores obtidos em cartinhas ganha a adição dos times mistos, uma jogada esperta para divulgar ainda mais o futebol feminino (que por sua vez está bastante representado em torneios e elencos atualizados). Ou ainda o modo Carreira, que simula a trajetória de um técnico ou de um craque em ascensão (com a possibilidade de ganhar a Bola de Ouro da revista France Football). Tudo está lá, e dizem, está melhor do que era antes.
Em minha primeira impressão, o novo game conseguiu reinventar uma graça de jogar futebol virtual que talvez havia se perdido na complexidade dos títulos anteriores. O novo "não-FIFA" é simplesmente divertido de jogar, ainda que mantenha suas características de simulador realista. Mas quem busca exatamente essa complexidade certamente vai saber encontrá-la.
É difícil saber o que acontecerá com EA Sports FC nos próximos anos (por exemplo, como a versão 2026 irá tratar a Copa do Mundo sem o apoio da FIFA?). Pretendo discutir isso, além dos pontos fortes e fracos de EA Sports FC 24, no meu programa Game On Pop desta quinta-feira (29), às 15h (assista ao vivo na home do Game On). Ao meu lado terei especialistas que vão esclarecer as dúvidas mais pertinentes. Não dá para perder.
E agora me dê licença que preciso jogar mais umas partidinhas de Futsal…
*O texto acima faz parte da edição mais recente da newsletter semanal Extra Level. Para assinar gratuitamente e não perder os assuntos mais importantes do mundo dos games e da cultura pop, clique aqui e cadastre o seu email.