Criador explica como Mortal Kombat superou estigma da violência
Perseguida nos anos 1990, franquia de luta se tornou fenômeno duradouro na cultura pop
Mortal Kombat 1 chega nesta semana para PC e consoles, celebrando 30 anos da série de luta criada pela dupla Ed Boon e John Tobias. Hoje a série publicada pela Warner Bros. é vista como uma das mais divertidas e influentes franquias de games, mas nem sempre foi assim.
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Em 1992, quando o primeiro Mortal Kombat chegou aos fliperamas e pouco depois, aos consoles Super Nintendo e Mega Drive, a criação da Midway (hoje, NetherRealm) causou polêmica pela violência excessiva. O sangue jorrava solto nas lutas, que terminavam com os infames Fatalities, golpes mortais em que cabeças e outros órgãos eram arrancados com requintes de crueldade.
Mortal Kombat causou alvoroço entre os pais e nas alas mais conservadoras da sociedade norte-americana e acabou mudando a indústria de games para sempre, levando à criação da ESRB, o selo de classificação indicativa dos jogos eletrônicos nos EUA. Porém, após o primeiro game, o estigma foi ficando de lado - mesmo que a violência nas lutas tenha alcançado patamares cada vez maiores de criatividade.
Em conversa com o Game On, o co-criador de Mortal Kombat, Ed Boon, apontou que a criação da ESRB foi crucial para essa mudança de perspectiva no consumidor.
"Em 1992, quando Mortal Kombat foi lançado, não existia um sistema de classificação, não tinha nada dizendo que esse é um jogo maduro ou que é apropriado para as crianças", lembrou o diretor. "Eu acho que essa era a maior objeção: as HQs, filmes e a música têm um sistema que diz o que é aquilo, os videogames não tinham isso".
No Brasil, a Classificação Indicativa é um órgão do Ministério da Cultura, e cobre todas as áreas do entretenimento. Nos EUA esse papel é da própria indústria e até a chegada de Mortal Kombat, as produtoras de games não se preocupavam com essa questão.
"Não tinha um selo na capa de Mortal Kombat", disse Boon. "Quando o sistema de classificação foi estabelecido, em Mortal Kombat II, foi quando todo mundo meio que parou de falar disso [da violência]. Eles veem o selo e pensam 'OK, eu sei que tipo de jogo é esse e se eu quero ou não'. A nossa intenção nunca foi ter crianças jogando o game".
Livre do estigma de 'jogo violento', Mortal Kombat ganhou cada vez mais espaço na cultura pop, tornando-se um daqueles fenômenos dos anos 1990 que continua a influenciar outras obras ao longo das décadas - e não só nas criações da própria NetherRealm ou em produtos derivados.
"Vira e mexe sou lembrado disso, ao ver um filme e ouvir alguém dizendo 'Finish Him!' e eles assumem que todo mundo sabe o que é isso, ou 'Get over here!' ou gritando 'MORTAL KOMBAT'", contou o diretor. "É incrível ver um filme sem sbaer que tem uma referência à Mortal Kombat".
"Eu acho que é um sinal de que se tornou mais do que um videogame, é parte da cultura pop. Mortal Kombat é como a DC, Superman, Batman, Marvel, Star Wars. É uma coisa que sempre vai estar por aí", concluiu Boon.
Jogo cheio de novidades
Para Boon, um dos motivos para o interesse continuado dos jogadores por Mortal Kombat está na forma que o jogo sempre tenta trazer novas ideias e mecânicas.
"Na minha cabeça, cada Mortal Kombat precisa trazer algo novo, os jogadores não podem sentir que 'já jogaram isso' e sim se perguntar 'O que é o Kameo System? O que são as Invasões? E esses novos personagens?', isso é essencial", disse o diretor de MK1. "É um dos motivos para ainda estarmos aqui depois de 30 anos, estamos sempre introduzindo algo novo".
Mortal Kombat 1 está disponível para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox Series X/S.