Entrevista: como 33 Immortals quer revolucionar os roguelikes coop
A Thunder Lotus traz uma experiência única de ação e sobrevivência em um mundo inspirado na obra-prima de Dante Alighieri
O mundo dos jogos multiplayer está sempre em busca de inovação, e 33 Immortals se destaca com uma abordagem única: batalhas cooperativas massivas para 33 jogadores em um universo inspirado na obra "A Divina Comédia". Desenvolvido pela Thunder Lotus Games, estúdio responsável por sucessos como Spiritfarer e Sundered, o jogo promete misturar ação frenética, mecânicas de roguelike e cooperação intensa.
Para entender melhor os bastidores do desenvolvimento e as decisões criativas por trás do jogo, conversamos com Estefania Tastan (Diretora de Arte) e Stephan Logier (Diretor Criativo e de Jogo), que compartilharam insights sobre a construção do mundo, o desafio de coordenar 33 jogadores simultaneamente e a escolha do estilo visual.
A Divina Comédia como inspiração: Como essa obra influenciou a narrativa e o design do mundo de 33 Immortals?
Tiramos uma grande inspiração de A Divina Comédia, que é uma obra repleta de locais extraordinários e personagens fascinantes. Nosso objetivo é mergulhar os jogadores na atmosfera da Itália medieval do século XIV, época em que Dante Alighieri escreveu essa obra-prima. Para alcançar esse nível de autenticidade, estudamos extensivamente arquitetura e paisagens medievais italianas.
Além disso, buscamos referências nos símbolos católicos encontrados na arte e literatura da época, como os Sete Pecados Capitais e as Virtudes Cardinais. Esses temas estão entrelaçados em todos os aspectos do jogo, desde as armas e os cenários até os benefícios que os jogadores podem desbloquear. Até mesmo as criaturas que enfrentamos no jogo foram reinterpretadas a partir dos monstros descritos por Dante.
Como foi o processo de criar um multiplayer cooperativo para 33 jogadores sem comprometer a individualidade de cada um?
O maior desafio em desenvolver essa experiência cooperativa foi criar uma curva de aprendizado gradual para os jogadores. Queríamos que a transição do jogo solo para um combate cooperativo de grande escala acontecesse de forma natural, sem sobrecarregar o jogador.
Para isso, estruturamos o jogo de forma que a necessidade de cooperação aumente progressivamente. Quando os jogadores chegam ao Inferno, eles podem explorar livremente, enfrentando inimigos e coletando recompensas. Conforme a partida avança, eles precisam completar as Câmaras, pequenas masmorras cheias de monstros. Após várias câmaras finalizadas, desbloqueiam-se as Batalhas de Ascensão, desafios que exigem coordenação entre 10 a 12 jogadores. E, por fim, o combate contra Lúcifer, o chefe supremo, só pode ser vencido com um grupo de 22 a 33 jogadores trabalhando juntos.
Esse modelo garante que os jogadores aprendam aos poucos como colaborar, entendendo que a união é essencial para vencer.
Com inimigos e desafios gerados proceduralmente, como garantir que cada sessão de jogo seja única e sempre engajante?
Nossa prioridade foi criar uma experiência de “pick-up and raid”, ou seja, uma jogabilidade onde os jogadores possam entrar rapidamente em ação e se divertir sem precisar de longas preparações. Para isso, incorporamos elementos clássicos de roguelike, como permadeath, surpresas no sistema de loot e relíquias que afetam sua build em tempo real.
Mas o fator que realmente torna cada partida única são os jogadores. Ter 33 pessoas interagindo no mesmo mundo gera situações imprevisíveis o tempo todo, criando experiências diferentes a cada sessão. Mesmo com um sistema procedural variado, a presença humana é o verdadeiro fator de surpresa – nenhum grupo de jogadores age da mesma forma, garantindo que não existam duas partidas iguais.
O jogo conta com diferentes arquétipos de personagens, como melee, suporte e tanque. Como foi o processo de balanceamento entre eles?
Queríamos que o combate fosse simples de aprender, mas com profundidade estratégica, e que todos os papéis fossem úteis sem restringir a jogabilidade. Durante uma partida, os jogadores formam grupos dinâmicos e qualquer combinação de funções deve ser viável.
Cada arquétipo tem uma função única:
Tanques interceptam projéteis e protegem aliados.
Especialistas desaceleram monstros e criam oportunidades.
Atiradores lidam com alvos distantes e ágeis.
Lutadores finalizam inimigos rapidamente.
Além disso, introduzimos um sistema chamado Co-Strike, que recompensa jogadores que atacam o mesmo inimigo, aumentando a chance de golpes críticos. Outro elemento chave são os Poderes Cooperativos, que criam efeitos poderosos, como campos de proteção ou paralisação de inimigos, quando ativados pelos companheiros de equipe.
Essa abordagem garante que a cooperação seja intuitiva, mas com profundidade suficiente para os jogadores desenvolverem estratégias ao longo do jogo.
O visual do jogo lembra clássicos do Flash e beat ‘em ups. Essa escolha foi feita para facilitar a leitura da ação ou para trazer um senso de nostalgia?
A escolha do estilo gráfico veio de uma evolução do que já havíamos feito nos nossos jogos anteriores. 33 Immortals mistura as cores vibrantes e linhas bem definidas de Spiritfarer com as tonalidades escuras e realistas de Sundered.
Mas, sem dúvida, a legibilidade foi nossa prioridade. Quando se tem 33 jogadores em uma tela cheia de inimigos e explosões, a clareza visual é essencial. Algumas decisões que tomamos para melhorar isso incluem:
Cores distintas para aliados e inimigos, garantindo que você saiba exatamente o que está acontecendo.
Ataques telegrafados com efeitos visuais consistentes, ajudando os jogadores a reagirem a tempo.
Animações rápidas e precisas, para que tudo seja dinâmico sem comprometer a jogabilidade.
Curiosamente, o fator nostalgia surgiu naturalmente. Quando percebi que o visual do jogo remetia a cartoons e jogos antigos, abraçamos essa estética, pois muitos jogadores compartilham essas mesmas referências. Se 33 Immortals desperta essa sensação nostálgica e ao mesmo tempo entrega uma experiência moderna, então sentimos que acertamos na escolha.
Estratégia e caos se unem em 33 Immortals
33 Immortals promete trazer algo novo ao gênero roguelike, combinando ação cooperativa massiva, uma atmosfera única inspirada na literatura clássica, e um estilo visual marcante. Com um gameplay intenso e uma curva de aprendizado acessível, o jogo tem tudo para conquistar tanto veteranos de jogos cooperativos quanto novos jogadores em busca de desafios emocionantes.
Agradecemos à equipe da Thunder Lotus Games por compartilhar esses detalhes sobre o desenvolvimento do jogo e mal podemos esperar para ver como essa experiência única se desenrolará na prática e quais atualizações o jogo promete entregar.